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terça-feira, 5 de junho de 2018

Fim da era pós-colonial (percepção e busca de saídas)


1- A era colonial no Brasil morreu depois de trezentos anos (início de 1500 a início de 1800). Daí emergiu nossa independência (1822). Foram três séculos de estagnação política, parasitismo e conservadorismo obstinado, ou seja, três séculos de regresso social, de ignorância do povo, de exploração escravagista cruel, de Inquisição e de religiosidade fanática. Inovar era proibido. Pensar não era permitido. Romper o monopólio comercial da metrópole era vedado. A corrupção fazia parte da estrutura político-econômica.

2 - A degeneração ibérica (de Espanha e Portugal) tornou-se, consequentemente, uma realidade. Morreu a moralidade e a inteligência (presente nas descobertas ultramarinas) resultou atrofiada. A Europa culta abandonou a ciência e foi se degradando dia a dia. A alma desses tempos foi se aniquilado em razão da ignorância, da opressão, da miséria e da roubalheira geral instituída. As instituições econômicas, políticas, jurídicas e sociais se desenvolveram para a espoliação e exclusão da população. A colônia se acabou. Espanha e Portugal se exauriram em suas nulidades. Eram donas do mundo nos séculos XV-XVI. Demoraram para admitir a evolução tecnológica da 1ª Revolução Industrial (1777). Se tornaram nanicas, desimportantes, dependentes e marginalizadas.

3 - Depois de quase 200 anos de Brasil pós-colonial (1822-2018), a sensação difusa é de (novo) aniquilamento das suas estruturas. Se tornou um país obsoleto, analfabeto funcional e bastante alheio às inovações tecnológicas (ressalvadas algumas ilhas de progresso). A percepção dessa degeneração já se generalizou (desde 2013, seguramente). O velho modelo de sociedade gritantemente injusta morreu, mas o novo ainda não nasceu. Já estamos vivendo um novo período de transição.

4 - A Constituição de 1988, dentro dessa era, trouxe o derradeiro alento pró-mudanças, trocando (no papel) mais um dos nossos passados ditatoriais por um projeto de emancipação política e democrática. O Brasil melhorou, mas não deixou de ser subdesenvolvido. A violência não acabou, as crises política e econômica não cessaram e a desigualdade e a miséria só cresceram nos últimos quatro anos. Os grupos privilegiados lutam pela preservação “de tudo que está aí”. As engrenagens autoritárias e discriminatórias não desapareceram.

5 – Todo tipo de governo já testamos: o Brasil já foi colônia, império, regência, monarquia, parlamentarismo, ditadura e, atualmente, nossa Constituição diz que somos uma República Democrática. Assim o Estado é brasileiro é apresentado oficialmente. No mundo real, de forma oculta (tanto quanto possível), perpassa por todas as redes de poder condensadas no Estado uma monstruosidade chamada cleptocracia (cleptos = ladrão; cracia = poder, governo). Esse grupo de ladrões e saqueadores, que fez do Brasil uma República Democrática Cleptocrata, é a causa central do nosso atraso.

6 – A questão crucial é a seguinte: a roubalheira impune, a apropriação indevida do dinheiro público sem maiores consequências, faz parte do jeito de governar o Brasil (e praticamente toda América Latina). Somos governados sobretudo por ladrões e/ou saqueadores. Esse é o nó do problema.

7 - Há muita gente séria no comando do País (gente que pensa no bem comum), mas o Brasil somente é o que é (um país condenado ao subdesenvolvimento, que se transformou no último patamar possível da sua evolução) porque o poder preponderante (dentre todos os que perambulam pelas estruturas do Estado) é o daqueles que acessam o Estado para roubar, parasitar, rapinar, espoliar, saquear, extorquir, corromper, escravizar, queimar, devastar, aniquilar, esquartejar, apropriar e pilhar.  

8 – Qual é a saída? A tarefa inadiável de todos os brasileiros que querem um país melhor é eliminar da nossa vida socioeconômica e política o clube dos donos corruptos do poder (clube de ladrões e/ou saqueadores parasitas, que vivem da bandidagem fora da lei ou, às vezes, conforme a lei fabricada por políticos comprados por eles), que canalizam para seu patrimônio (de forma aberrantemente ilegal ou injusta) a quase totalidade das riquezas da nação. Todas as instituições econômicas, políticas, jurídicas e sociais são programadas para isso.

9 - A Lava Jato, com as correções necessárias, não pode parar. Ela é um dos sinais do Brasil civilizado que queremos. Sozinha, no entanto, não terá energia para promover mudanças culturais. Estas dependem de um ensino de qualidade para todos, federalizado, em período integral. Império da lei, excelente escolarização, ética e cidadania é tudo que se espera do Brasil na nova era que se avizinha.

10 - As eleições de 2018 são decisivas. É a oportunidade dos espoliados revoltados (com a política e com os políticos) aniquilarem a forma perversa de dominação do país. O clube dos donos corruptos do poder (a cleptocracia), que vive à sombra do poder oficial, tem que ser eliminado de dentro do Estado brasileiro. Como? “Derrubar pelo voto a maioria dos picaretas, eleger gente nova e empurrá-la para uma aliança com alguns sobreviventes, para que a inexperiência não venha a pesar tanto nas suas decisões” (Gabeira). A eliminação de um ou vários corruptos do poder é um grande serviço que todo brasileiro pode fazer pelo seu país.





LUIZ FLÁVIO GOMES - jurista. Criador do movimento Quero Um BrasilÉtico. Estou no f/luizflaviogomesoficial


Um respiro (saudável) em meio à paralisação


A greve dos caminhoneiros, finalizada na última quarta-feira (30/05), causou diversos transtornos em todo Brasil, mas teve também pontos positivos. Entre eles, o benefício ao meio ambiente e a saúde das pessoas, graças à redução da emissão de poluentes na atmosfera.


Mesmo que não existam dados oficiais divulgados após os dez dias de paralisação nas estradas brasileiras, a diminuição no volume de gases de efeito estufa liberados na atmosfera é notória. No País, caminhões e ônibus são alvos constantes do controle de emissões, pois são responsáveis por aproximadamente 90% da liberação de poluentes - mesmo representando menos de 5% da frota rodoviária brasileira -, os quais pioram a qualidade do ar e impactam na saúde das pessoas.

Atualmente, o Brasil possui uma frota de cerca de 2 milhões de caminhões de carga, e estimativas de algumas entidades do setor calculam que mais de 1 milhão aderiram à última greve. Se levarmos em conta os 102 milhões de toneladas de CO2e emitidas em 2016, somente por veículos de transporte de carga - de acordo com o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG) do Observatório do Clima -, é possível fazer uma rápida conta e verificar o quanto o meio ambiente "ganhou" nesses dias: cerca de 2,83 milhões de toneladas de CO2e deixaram de ser emitidos nos dez dias de paralisação.

Isso sem contar a diminuição da frota circulante de automóveis, em virtude da falta de combustíveis nos postos. É claro que as emissões oriundas da utilização de óleo diesel não são as únicas que preocupam. Mas, por conta dos últimos  acontecimentos, é inevitável pensarmos em novas fontes de energia para melhorar a qualidade do ar e diminuir os efeitos do aquecimento global.

Um estudo realizado por cientistas da The Nature Conservancy (TNC) e de outras 15 instituições, divulgado em novembro de 2017, apontou que a restauração de florestas, a recuperação de solos e a proteção de mangues - que reduzem emissões de gases do efeito estufa por meio da conservação ambiental - podem ser tão impactantes para a diminuição dos efeitos das mudanças climáticas, quanto a eliminação completa da queima de combustíveis fósseis. O estudo reforça também a importância de governos, empresas e comunidades incluírem as soluções naturais como parte do esforço para conter o aquecimento do planeta, além da mudança para energias renováveis e o incentivo aos carros elétricos.

As ações de mitigação e adaptação à mudança do clima, chamadas Soluções Baseadas na Natureza (Adaptação baseadas em Ecossistemas à mudança do clima - AbE), são um dos principais chamarizes para inserirmos a conservação da natureza nas agendas políticas, nas estratégias empresariais e nas demandas da sociedade. No Brasil, o número de projetos com AbE ainda é pequeno, mas conta com um potencial enorme, ainda mais se somados a ações efetivas do Governo.

Com a greve tivemos, mais uma vez, um exemplo do quanto somos reféns do transporte rodoviário no Brasil e, consequentemente, do diesel - visto que a luta dos caminhoneiros iniciou justamente pela redução no valor desse combustível. E isso nos faz pensar que estamos cada vez mais longe de contribuir para o objetivo maior do Acordo de Paris, que é o de manter o aumento da temperatura média da Terra, até o final do século, bem abaixo dos 2°C, e continuar os esforços para limitá-lo a 1,5°C. Já passou da hora de inserirmos na nossa rotina e na nossa cultura ações de conservação bem como de redução de emissões de gases de efeito estufa. Precisamos entender que nossas atitudes hoje serão resultado do futuro das próximas gerações.






André Ferretti - gerente na Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza e coordenador geral do Observatório do Clima.

NPV realiza campanha permanente de conscientização sobre a importância da adubação para a segurança alimentar


Com o objetivo de informar sobre os benefícios e a importância do uso de fertilizantes para garantir a produção de alimentos mais saudáveis e suprir a demanda, um grupo de cientistas, representantes de associações, sindicatos e da indústria de fertilizantes perceberam a necessidade de fazer um trabalho educativo e esclarecedor ao público leigo brasileiro. Assim surgiu a iniciativa Nutrientes para a Vida (NPV).

Dados oficiais apontam que o Brasil é o 3º maior produtor agrícola e 9º maior detentor de florestas plantadas do mundo. Com 72,2 milhões de hectares plantados com culturas anuais e perenes e 172 milhões de hectares com pastagem, é também o 4º maior mercado de fertilizantes do mundo; somente em 2017 foram consumidos cerca de 34,4 milhões de toneladas.

Entretanto, apesar dos benefícios e resultados na produção agropecuária, os consumidores e o público em geral desconhecem a importância dos fertilizantes para o Brasil. Nos últimos 40 anos, a produção de grãos aumentou 408%, com um aumento de área de apenas 63%. Como consequência, houve um crescimento na produtividade de 211%. Neste mesmo período, o aumento no consumo de fertilizantes foi de 385%.

Isso permite relacionar o melhor rendimento das culturas de grãos ao uso de adubos. Sem sua utilização, haveria necessidade de derrubar 129 milhões de hectares para obter a mesma quantidade de grãos. Assim, pode-se deduzir que o uso de fertilizantes é o caminho para o aumento da produtividade das culturas e a preservação de nossas florestas.   

Para entender a importância e a necessidade de o solo ser bem cuidado, faremos uma comparação com a pele.

Quando falamos em pele, pensamos imediatamente em seres humanos. Maior órgão do nosso corpo, a pele necessita de cuidados rotineiros para torná-la mais saudável, bonita e, assim, protegê-la da ação do tempo e evitar doenças. É ela, também, que colabora com outros órgãos para controlar a temperatura corporal, papel fundamental para a nossa sobrevivência.

Mas, e se pensarmos na camada arável do solo como uma pele que recobre a Terra, com o diâmetro de 12.742 km, ou seja, 12.742.000 metros ou 1.274.200.000 cm? Dentro desse escopo, considerando os 30 cm superficiais como “a fina pele do planeta”, que requer cuidados para se manter saudável e produtiva, quais seriam os tratamentos necessários para que o solo se mantenha ativo e fértil? Fazendo um paralelo, quais seriam os cremes, hidratantes e protetor solar do solo para repor as perdas de nutrientes necessários para a produção de alimentos?

A camada arável, que tem entre 20 e 30 cm de profundidade, é a pele da Terra, parte do solo onde o sistema radicular das plantas se desenvolve e absorve água e os nutrientes quando disponíveis. É nesta camada em que são aplicados os fertilizantes, que irão repor os nutrientes perdidos pela erosão e pela chuva, que percola no solo, ou aqueles que são exportados com os alimentos colhidos.  

Quando pensamos na profundidade de um solo, logo verificamos que sua parte arável é uma fina camada sobre a Terra, que pode parecer insignificante para nutrir uma planta, mas não é. Esta pequena parcela do solo é onde está concentrada a maioria dos nutrientes que fazem um vegetal se desenvolver e produzir alimentos.
A perda desta camada significa redução da fertilidade do solo e, consequentemente, da produtividade, causando a falta de alimentos e o caos da fome. Assim como a pele em relação ao corpo, maior órgão que temos, apesar de ainda ser pequeno em comparação ao todo, mas fundamental para a nossa sobrevivência, a camada arável do solo, apesar de muito fina, é quem nutre toda a vida terrestre.  

Por isso, quem entende de cultivo, agricultura, plantas e alimentos define essa camada superficial como “a fina pele do planeta”.

Como a nossa pele, essa camada necessita de muitos cuidados, sendo o principal a correta adubação, com nutrientes na dose, época e local certos e sempre aplicando a fonte correta. A adubação balanceada permite a produção de alimentos saborosos e nutritivos, garantindo a segurança alimentar e nutricional da população.

Por isso, é necessário que todos saibam a importância de manter o solo saudável, produtivo e pronto para o cultivo.

O solo é a pátria, cultivá-lo e conservá-lo é engrandecê-la e garantir a sustentabilidade e a vida.


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