A
figura paterna mudou de hábitos, ganhou tarefas antes só realizadas por mulher
e, hoje, o Dia dos Pais é visto como oportunidade para o comércio
No Brasil, costumamos
homenagear os pais no segundo domingo de agosto. No entanto, quais referências
existem sobre a criação dessa data? Onde surgiu pela primeira vez e por qual
motivo? A professora de história e sociologia da Universidade presbiteriana
Mackenzie, Rosana Schwartz, fala sobre o assunto.
Segundo a especialista, o
primeiro registro de homenagem aos pais que se tem conhecimento, é uma pedra
esculpida por um filho desejoso em agradecer a dedicação de seu pai, na antiga
Babilônia (aproximadamente mais de quatro mil anos atrás). Não obstante, nos
tempos modernos o documento que se tem conhecimento nos leva a um episódio
particular em meio à Guerra Civil Norte-Americana quando um ex-combatente de
nome William Jackson Smart, perdeu sua esposa.
“Pai de seis filhos em idade tenra não teve
outra opção a não ser criá-los sozinho. Sonora Smart, uma de suas filhas,
ciente e grata pelos esforços do pai em assumir o que era considerado a época
como tarefa feminina, resolveu homenageá-lo, no ano de 1909. Para um homem
naqueles tempos cuidar das tarefas formadoras dos futuros corpos da Nação
causava estranhamento por parte da sociedade e até demérito. Sofreu
discriminações, mas não se deixou abater. Criou seus filhos com força,
determinação e carinho. Em razão do reconhecimento dos seus filhos, em especial
de Sonora, seus filhos resolveram homenageá-lo na data de nascimento de seu
neto Willian, dezenove de junho”, conta.
No decorrer dos anos, a data
passou por inúmeras alterações e foi difundida em outras famílias no Estado de
Washington. Sem se darem conta a família Smart criou a ideia de homenagear os
esforços e dedicações de todos os pais. Em poucos anos, já acontecia em todo o
país, o que levou o presidente Richard Nixon a torná-la oficial no período de
seu mandato.
A historiadora afirma que como
as datas mudaram, seu estabelecimento é flexível, sendo aplicado no terceiro
domingo de junho, primeiro domingo de setembro; vinte e três de fevereiro;
cinco de dezembro; 19 de março, entre outras datas. No Brasil, passou a ser
comemorada, a partir do ano de 1953, todo segundo domingo do mês de agosto.
“A paternidade e o sustento da família foram
durante anos a função principal dos homens. Não era permitido ao masculino
fracassar. A responsabilidade com seus filhos e o dever de sustentá-los de
forma digna, era fator de inclusão social. Dar-lhes atenção, amor,
carinho e proteção era a meta.
A especialista ressalta ainda
que nos dias atuais, as transformações e conquistas femininas, desde a década
de sessenta, também trouxeram flexibilização da sociedade com relação ao
universo masculino. A Constituição Federal Brasileira, de 1988, assegura ao pai
alguns direitos importantíssimos, como cinco dias de licença após o nascimento
de seus filhos, com o objetivo de promover participação junto a mãe do
recém-nascido, fazer o registro em cartório, entre outras atividades. Necessita
ampliação e debate por parte da sociedade civil. Não se deve deixar de fora
nesta pequena explanação que esses motivos não são mais os determinantes do
sucesso da comemoração.
“O que acontece nessa data é o consumo de
produtos e serviços. Vivemos o mundo do consumismo. O comércio incentiva com
todas as estratégias de Marketing os filhos a oferecem presentes aos seus
progenitores. O valor e a história da criação da homenagem dos tempos passados
não são conhecidos no tempo presente. Alguns pais só recebem atenção e carinho
nesse dia. Vamos fazer com que se torne diferente, um dia de lembranças, de
memórias de famílias, de amor e confraternização de fato...... de respeito, ou
seja, um dia muito especial para todos”, conclui Rosana.