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segunda-feira, 5 de abril de 2021

Os riscos da covid-19 aos pacientes da doença de Parkinson

Dia Mundial de Conscientização, em 11 de abril, chama a atenção para condição neurodegenerativa que pode apresentar maior risco para as vítimas

 

Ainda serão necessárias diversas análises para entender quais sequelas a covid-19 trará à população, mas já temos alguns alertas sobre elas. Neste Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson, celebrado em 11 de abril, um grupo específico de pacientes tem motivos para estar em alerta.

Isso porque a Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, divulgou recentemente um estudo que aponta riscos 30% maiores de pessoas com Parkinson serem vítimas fatais do coronavírus.

A conclusão que se chegou é de que a relação se dá, em parte, porque os indivíduos com essa condição neurodegenerativa apresentam mais problemas para se alimentar, especialmente pelo comprometimento da deglutição, o que facilita a broncoaspiração e quadros de pneumonia - uma das principais causas de morte de quem contrai o novo vírus.

“Não é uma notícia que deve gerar mais temor a este grupo de pacientes, mas colocá-los em atenção tanto em relação aos cuidados de prevenção contra a covid-19, como de manterem seus tratamentos da doença de Parkinson em dia, principalmente no que tange às atividades de reabilitação funcional”, explica o neurocirurgião funcional e doutor pela UNIFESP, Dr. Claudio Corrêa.

 

Os variados sintomas da doença de Parkinson

Apesar de serem mais famosos, não apenas os tremores das mãos representam as manifestações mais comuns da doença de Parkinson.

“Além da dificuldade na deglutição, temos alteração da potência e tônus da voz, instabilidade postural, diminuição da capacidade de marcha ao caminhar, contratura muscular, dor, depressão, entre outros”, explica o especialista.

Para identificá-la, inicialmente é feita uma investigação do histórico do paciente e uma avaliação neurológica que observa pelo menos três de quatro sinais: lentidão e redução dos movimentos, tremores, rigidez nos membros e problemas de postura.

Por ter sinais semelhantes aos de outras disfunções, o diagnóstico da doença de Parkinson nem sempre é simples. Exames de imagem, à exemplo da ressonância magnética e da tomografia computadorizada, raramente descobrem alterações e não somam muito às suspeitas do médico.

 

Causas e tratamento

A doença ocorre em razão de uma degeneração dos neurônios produtores de dopamina em uma região do cérebro conhecida como substância negra, responsável pelo funcionamento de diversas funções de nosso organismo. No entanto, não se sabe o motivo desta alteração acontecer.

O tratamento é pensado para atender as demandas apresentadas, variando de acordo com o quadro. Entretanto, em comum está a necessidade de um atendimento multidisciplinar, composto por diferentes áreas de atuação. Entre elas estão a fisioterapia, fonoaudiologia e psicologia, que somam na reabilitação física e mental.

 

Para o tremor das mãos, pode ser indicado um procedimento cirúrgico que é realizado com o paciente acordado. Conhecida como Estimulação Cerebral Profunda, do inglês Deep Brain Stimulation, a técnica consiste no implante de eletrodos em regiões específicas do cérebro que são responsáveis pelo controle dos movimentos.

“É um método minimamente invasivo e com excelente resposta, que já pode ser observada no ato enquanto o cirurgião testa o alvo relacionado aos movimentos”, finaliza Dr. Corrêa.

 


Dr. Claudio Corrêa - possui mestrado e doutorado em neurocirurgia pela Escola Paulista de Medicina/UNIFESP. Especializou-se no tratamento da dor aliado a neurocirurgia funcional – do qual se tornou referência no Brasil e no exterior. É também o idealizador e coordenador do Centro de Dor e Neurocirurgia Funcional do Hospital 9 de Julho, serviço que reúne especialistas de diversas especialidades para o tratamento multidisciplinar e integrado aos seus pacientes.

Currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4734707Z5


Artrite, artrose e osteoporose: você sabe quais são as diferenças?

Doenças são distintas e precisam da atenção correta


Com o passar dos anos, algumas queixas em relação ao corpo começam a se tornar mais frequentes. Não é raro haver reclamações de dores, incômodos, maiores dificuldades em exercer alguma atividade ou o aparecimento de condições crônicas. Entre estes males, artrite, artrose e osteoporose acabam estando entre as mais comuns. E, muitas vezes, são confundidos e até misturados como uma coisa só. Então, você sabe quais são as diferenças entre eles? Os ortopedistas Dr. Pedro Baches Jorge, da Clínica SO.U, e Dr. Bruno Lee, explicam.

"Artrose é o desgaste de alguma articulação. Então, uma pessoa não possui artrose, simplesmente. Ela tem artrose de, por exemplo, joelho, do ombro, do quadril (ou de várias articulações). Já a artrite é uma das causas da artrose. Geralmente trata-se de doenças reumatológicas ou autoimunes, nas quais existe um desbalanço dos sistemas de defesa do organismo, havendo um " auto - ataque". Ou seja, há uma destruição dos elementos das articulações (sinóvias, principalmente), causando um estrago na própria articulação e, posteriormente o desgaste, ou seja, a artrose", diz Dr. Lee.

"Ou, ainda, a grosso modo, pode-se dizer que a artrite é a inflamação de uma articulação, podendo ter diversas causas, como reumatismo ou infecção; enquanto a artrose é o desgaste da articulação, iniciada com o desgaste e perda de cartilagem, passando a comprometer todos os tecidos presentes na articulação, como meniscos, ligamentos e cápsula sinovial", complementa Dr. Pedro.

Já a osteoporose é mais distinta entre elas, uma vez que não é uma condição da articulação, mas dos ossos. "É a perda excessiva de massa óssea. Após atingirmos a idade adulta, é iniciado um processo natural de enfraquecimento ósseo. Quando ocorre de forma mais intensa, chamamos de osteoporose, doença na qual os ossos se encontram mais enfraquecidos e, portanto, fraturas são mais comuns. Trata-se de uma doença silenciosa, que não tem sintoma nenhum, portanto exames de rotina são importantes para detecção e tratamento antes que ocorra uma fratura", explica Dr. Pedro.

E como é possível identificar cada uma? Como foi explicado, a osteoporose não tem sintomas, e, normalmente, só é detectada após uma fratura. Para evitar que isso ocorra, é necessário acompanhamento médico constante e exames de densitometria óssea. As outras duas, por sua vez, são mais perceptíveis. "O primeiro sintoma da artrose é a dor localizada na articulação em questão. Geralmente a evolução é ao longo de anos, com períodos de relativa redução da dor intercalados a semanas ou meses de crises dolorosas graves. Geralmente as alterações são detectadas em exames de imagem. As artrites costumam ocorrer também em crises, porém com uma exuberância maior, havendo intenso flogismo (vermelhidão, edema e dor). Seu diagnóstico é realizado através de questionários específicos e testes laboratoriais", conta Dr. Lee.

Como doenças das articulações, a artrite e a artrose, podem aparecer em qualquer uma dessas estruturas do corpo humano, ou seja, em qualquer região na qual exista a conexão de dois ou mais ossos, como joelhos, punhos, tornozelos e ombros. E, por ser um mal dos ossos, a osteoporose passa pelo corpo todo, podendo ser mais frequente na coluna e quadril.

Abordadas as diferenças, é possível citar uma importante semelhança entre elas: são doenças degenerativas e, por isso, mais relacionadas ao envelhecimento. Ainda que, em casos raros, possam acometer pessoas mais jovens. "Portanto, é importante envelhecer com saúde, fazendo atividade física, mantendo o peso e se alimentando bem. Assim, as articulações e ossos estarão protegidos", diz Dr. Pedro.

Além desses, os médicos ainda citam outras formas de prevenção. "A saúde articular sempre se beneficia de atividades físicas de impacto adequado para cada indivíduo, com trabalho cardiovascular. Além de fortalecimento muscular ao redor da articulação. Atualmente também existem tratamentos medicamentosos que auxiliam no controle e prevenção", conta Dr. Pedro.

"Para artroses idiopáticas (sem sintomas) e osteoporose, a atividade física contra resistida (musculação, por exemplo) associada a alongamentos geram maior estabilização das articulações, reduzindo a sobrecarga. Enquanto que, na osteoporose, geram um aumento do efeito piezoelétrico, que aumenta a mineralização óssea. Em doenças autoimunes (artrites), o controle da evolução da doença é através de tratamento contínuo com reumatologista, através de medicações imunomoduladoras, principalmente", finaliza Dr. Lee.


Home Office: Do preventivo ao Perpétuo


A pandemia, algo que jamais havíamos esperado, vem em nossa direção e modifica todo o nosso dia a dia e estrutura. Transformamos a nossa casa em escola, trabalho, academia e tudo mais que frequentávamos no nosso dia a dia.

Não estávamos preparados para tamanho mudança de maneira inesperada nem nós e nem a nossa casa. Algo que a gente acreditava que fosse durar no máximo três meses, já está caminhando para quase um ano, e pelo que estamos percebendo, pode ser que dure ainda por um bom tempo.

Ciente dessa realidade, muitas empresas estão adotando de maneira permanente o home office, e nessa situação, temos que nos perguntar se estamos preparados para isso.  

Como profissional fisioterapeuta, percebo a grande quantidade de pessoas que têm sido vítimas do home office. Isso aconteceu porque boa parte passou a trabalhar mais horas e em um ambiente impróprio. E acabam tendo muitas dores na região lombar, cervical ou cefaleias tensionais que são rebeldes aos tratamentos medicamentosos, além da famosa coluna “travada”.

Percebi que estava em uma batalha injusta, as pessoas passam uma hora por semana comigo, e o resto do tempo em seu posto de trabalho, que muitas vezes é em uma mesa de jantar com uma cadeira de altura inapropriada, e com o computador fora do alcance de seus olhos.

Percebi então que a intervenção terapêutica também deveria ocorrer no “ambiente”. Após isso, comecei a ver que meu trabalho tinha melhores resultados. Antes disso, era como se eu estivesse limpando o peixe jogando-o de volta no aquário sujo.

Cada corpo, posto de trabalho, cada tipo de computador, são únicos e precisam estar de acordo com cada usuário, ou podem causar desarmonias.

Precisamos entender o que precisa ser mudado. As pedras demoram a se adaptar, mas a areia se adapta fácil. Então precisamos descobrir as pedras e pedregulhos e deixar que a areia se adapte.

Foi então que hoje eu trabalho entrando de maneira virtual ou presencial na casa dos meus pacientes e os ajudo a deixar o seu ambiente de home office mais apropriado e menos nocivo para seu corpo. Foi assim que percebi que as dores nas costas e as colunas travadas não tinham mais recaídas.

Se você sente dores nas costas, pescoço ou tem tido dores de cabeça no final do dia, pode ter certeza que seu ambiente está inapropriado para tantas horas em que você fica sentado na sua casa trabalhando.

Hoje estamos propondo ajustes no posto de trabalho e em alguns casos tratamento com alongamentos e exercícios guiados de maneira virtual, para que esse tempo de trabalho seja cada vez mais natural e menos nocivo.

 



Fábio Akiyama - Atua na área da saúde desde 2009. É fisioterapeuta e trabalha com a microfisioterapia, terapia que estimula a auto cura através do toque, ou seja, faz com que o corpo reconheça seu agressor e inicie o processo de reprogramação celular. É pós-graduando em técnicas osteopáticas e terapia manual, além da formação em osteopatia visceral, posturologia clínica e equilíbrio neuro muscular. Possui curso na área de tratamento da articulação temporomandibular (ATM) e introdução ao Método Rosen. Em 2014, realizou um curso de especialização em prevenção e tratamento de lesões de membros inferiores e análise biomecânica de corrida, pela The Running Clinic no Canada. Atua desde 2012 também como instrutor de Pilates e treinamento funcional. Em 2015, foi monitor no Instituto Salgado de Saúde Integral no módulo avançado do curso de formação em microfisioterapia. Para saber mais, acesse www.mindtouch.com.br


Além de medicamentos, tratamento e tecnologia, empatia entra na rotina da UTI para pacientes com Covid-19

Pacientes recebem atendimento humanizado em Goiânia
Hospital do Rim investe em atendimento humanizado em sua UTI. História de vida de cada paciente é levantada e compartilhada com equipe multiprofissional para criar empatia


Com a curva ascendente da pandemia do Coronavírus registrada desde o início do ano, o Hospital do Rim, em Goiânia, reestruturou seu atendimento na Unidade de Terapia Intensiva. Todos os leitos são dotados de equipamentos de última geração e que atendem às normas técnicas hospitalares. Os pacientes em tratamento intensivo são atendidos por uma equipe multiprofissional exclusiva: médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, nutricionistas, além de fonoaudiólogos e psicólogos.

Porém, além de todo aparato técnico e de pessoal, o hospital também está investindo em medidas de atendimento humanizado, lançando mão de todos os recursos para se obter uma resposta positiva do paciente em tratamento. “Nós adotamos como premissa que todo paciente é o amor de alguém. Ele tem uma história, tem gostos, afinidades e sentimentos. Vai ficar isolado, sozinho e, nesse momento, seremos a família dele. Então, preparamos nossa equipe para, acima de tudo, estar ciente de seu papel nesse momento, tão importante para que ele se sinta acolhido e em segurança”, diz a supervisora da enfermagem da UTI do Hospital do Rim, Stephany Araújo Nogueira. 

A equipe de profissionais busca dar “cara” ao paciente, logo que ele chega à unidade intensiva, muitas vezes já inconsciente. Com a ajuda dos familiares, a história da pessoa é levantada pela equipe: profissão, se tem filhos, netos, hobbies, preferências de comida, músicas, e assim por diante. Com base nas informações, um relato é redigido e fixado na porta do quarto do paciente [os leitos de UTI para pacientes com Covid-19 são quartos individualizados. Quando o profissional, seja médico, enfermeiro ou mesmo o pessoal da limpeza, têm contato com o paciente, fica sabendo detalhes sobre a vida dela, que acabam possibilitando elos de empatia.

“Mesmo sedado e inconsciente, o paciente é tratado como se estivesse acordado. Nós o cumprimentamos pelo nome e a equipe fica atenta a particularidades como dar o banho rotineiro nos horários que ele gosta, usar sabonetes e cremes de sua preferência, tudo para que ele também sinta-se mais acolhido”, diz. 

Também o contato com as famílias é mantido através de áudios e vídeos (de uso privativo da instituição, respeitando o preconizado pela Lei Geral de Proteção de Dados - LGPD) que são apresentados para os pacientes em celulares e tablets, quando o paciente está acordado. A equipe usa ainda recursos como música ambiente de sua preferência no momento da extubação e volta à consciência, tudo para que a pessoa se sinta ambientada e acolhida. Outras iniciativas, como serenatas para os pacientes, feitas pelos próprios profissionais voluntários cantam e tocam instrumentos, também fazem parte das ações de humanização.

Um  dos exemplos dos resultados positivos deste tratamento humanizado, adotado pelo Hospital, é relatado pela paciente M. A. P., 65 anos, da cidade de Goianira. Ela  afirma que durante os 8 dias em que ficou na  UTI, tratando da Covid-19,  teve a sensação de estar sendo cuidada por bons amigos: "Foi um período muito difícil, mas com a ajuda e dedicação  de enfermeiras,  fisioterapeutas, psicólogas e médicos atenciosos, me senti segura  e protegida para vencer  todos os medos da Covid e da UTI. O carinho de toda equipe de profissionais, me fez sentir entre os melhores amigos e muito amada ”, afirma a paciente.

De acordo com a coordenadora do serviço de psicologia hospitalar do Hospital do RIM, a psicóloga Amanda Rodrigues Mendes de Oliveira, é possível perceber de maneira visível, os resultados positivos do  atendimento humanizado praticado pela equipe multiprofissional. “Já há estudos que apontam que o trabalho humanizado colabora com a diminuição do tempo de internação e também contribui para minimizar o nível de ansiedade dos familiares que acompanham a evolução do tratamento. Eles se sentem seguros em saber que, mesmo na impossibilidade de comunicação, tem profissionais sensíveis às suas necessidades e singularidades”, diz.

A psicóloga lembra ainda que este trabalho humanizado também  colabora com o equilíbrio emocional da equipe multiprofissional. “A atenção, paciência e tratamento individualizado a cada paciente é transmitida naturalmente e sentida em toda equipe, e inicia-se uma cultura de se estar sensível para perceber o estado emocional uns dos outros”, observa.


Medicamento para hipertensão pulmonar pode se tornar uma opção contra o câncer

Em experimentos com camundongos e em testes com linhagens de células tumorais, fármaco apresentou potencial para combater metástase. Pesquisadores da USP planejam teste clínico com pacientes em quimioterapia (célula de câncer de mama em divisão; imagem: NCI/NHI)

 

Um medicamento usado no tratamento da hipertensão pulmonar reduziu significativamente a capacidade de células tumorais migrarem e invadirem outros tecidos em testes feitos com linhagens de tumores de pâncreas, ovário, mama e leucemia. Além disso, em camundongos com uma forma agressiva de câncer de mama, o fármaco diminuiu em 47% a incidência de metástase no fígado e nos pulmões, bem como aumentou a sobrevida em relação aos animais não tratados.

O estudo foi publicado na revista Scientific Reports.

“O medicamento ambrisentan é um inibidor do receptor da endotelina A, que tem um papel na constrição dos vasos sanguíneos. Por isso, é usado para tratar a hipertensão pulmonar [normalmente causada por doenças autoimunes como lúpus e esclerose sistêmica]. No laboratório, vimos que o fármaco tem efeito em células de tumores, evitando a migração dessas células para outros tecidos, além de outros efeitos que ainda estamos investigando”, explica Otávio Cabral Marques, pesquisador do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) e coordenador do estudo, financiado pela FAPESP.

Marques conduziu o trabalho durante o seu pós-doutorado na Universidade de Freiburg, na Alemanha, em colaboração com pesquisadores daquele país e dos Emirados Árabes Unidos. Atualmente, coordena um projeto apoiado pela FAPESP na modalidade Jovem Pesquisador.

O receptor de endotelina tipo A é conhecido por ser expresso no endotélio, a camada que reveste a parede interna dos vasos sanguíneos, e em células do sistema imune. Outros estudos já mostraram também que ele está envolvido no crescimento e na metástase de vários tumores.

“Parece que o efeito da droga não é apenas na migração das células tumorais, mas também na neoangiogênese, ou seja, na formação de novos vasos sanguíneos necessários para alimentar o tumor. Estamos realizando experimentos para comprovar isso. Se for confirmado, a droga teria um efeito sistêmico, não apenas inibindo a migração do tumor para outros tecidos, como também bloqueando a geração de novos vasos que o fazem crescer”, conta o pesquisador.

O benefício do medicamento para o tratamento do câncer ainda não foi comprovado. O uso sem orientação médica pode trazer risco à saúde, especialmente para gestantes.


Experimentos

Usando uma técnica para medir a migração celular, os pesquisadores observaram que o medicamento reduziu significativamente esse fenômeno tanto nas células tumorais que receberam um estímulo como na migração espontânea. Foram testadas linhagens de tumor de ovário, leucemia, pâncreas e mama.

Em seguida, camundongos no estágio inicial de uma linhagem agressiva de câncer de mama (4T1) foram tratados por duas semanas antes de terem o tumor implantado e duas semanas depois. Nesse experimento, a redução da metástase foi de 43%, aumentando a sobrevida dos animais.

“Como a metástase das células 4T1 ocorre muito rapidamente nos camundongos, iniciamos o tratamento antes, para podermos nos aproximar mais do que aconteceria com humanos”, explica.

Agora, com outros pesquisadores do ICB-USP, Marques se prepara para a realização de testes clínicos. A ideia é testar o medicamento em um grupo de pacientes que já realiza quimioterapia e observar se eles se recuperam melhor do que um outro grupo (controle) que passa apenas pelo tratamento padrão.

Embora o fármaco tenha a vantagem de poder ser administrado por via oral, o pesquisador acredita na possibilidade de fazer uma aplicação direta no tumor, de forma a aumentar seu efeito. Ainda não foi definido em que tipo de câncer serão feitos os testes clínicos.

O artigo Ambrisentan, an endothelin receptor type A-selective antagonist, inhibits cancer cell migration, invasion, and metastasis pode ser lido em: www.nature.com/articles/s41598-020-72960-1.

 


André Julião

Agência FAPESP 

https://agencia.fapesp.br/medicamento-para-hipertensao-pulmonar-pode-se-tornar-uma-opcao-contra-o-cancer/35547/


De ponta a ponta: Infectologistas mudaram a forma como a saúde é vista e cuidada na pandemia da Covid-19

Construção de novos fluxos de atendimento, treinamento de equipes e novos hábitos da população foram norteados pela infectologia


Há pouco mais de um ano, o mundo precisou rever hábitos para cuidar da saúde. Ao longo desses 12 meses, cuidados e procedimentos foram adaptados conforme se descobria um pouco mais sobre a Covid-19. Máscaras, higiene das mãos e distanciamento social para a população; fluxos separados, barreiras físicas, treinamentos e novas tecnologias para as instituições e profissionais no centro do combate. Cada um desses processos teve à frente pelo menos um médico infectologista. Foram esses profissionais que mudaram a forma como a saúde é vista e cuidada nesse período. 

“Nós buscamos experiência de outros países, criamos um Comitê de Crise e unimos esforços para organizar o hospital e evitar o cruzamento de fluxos dos pacientes. Em paralelo, realizamos uma ação com a Anvisa sobre a importância de uma norma para orientar todas as instituições de saúde”, explica Viviane Hessel Dias, infectologista e coordenadora do Núcleo de Epidemiologia e Infecção Hospitalar do Hospital Marcelino Champagnat, em Curitiba (PR). 

Os infectologistas têm papel fundamental na linha de frente do enfrentamento a Covid-19, com uma rotina intensa, voltada principalmente aos treinamentos das equipes, que vão da paramentação até a necessidade do atendimento cauteloso do paciente. Eles estudam o vírus, analisam a complexa relação da doença, seu modo de mutação e transmissão para saber lidar com todas as etapas de cuidado. Isso inclui protocolos clínicos de diagnóstico, de tratamento, de estrutura física para cuidados e isolamento, atuando assim em todas as frentes. 

Papel que ganhou mais força agora no novo momento da pandemia. Com a escalada de casos, a descoberta das novas cepas, protocolos de prevenção reforçados e aprovação das vacinas, coube aos infectologistas identificar e alertar para os caminhos a serem seguidos. “Vemos que a conscientização da população é um trabalho contínuo e essencial. Vivemos um momento de incertezas, mas ao mesmo tempo de aprendizados conquistados em tempo recorde”, destaca Viviane. 


Trabalho conjunto nas adequações

A médica enfatiza que, para que a instituição de saúde conseguisse se adequar rapidamente à nova realidade imposta pela pandemia, foi essencial que todos os setores - direção, recursos humanos, equipe assistencial e infraestrutura - se unissem. Ambientes de pressão negativa, centro cirúrgico específico e fluxos separados de pacientes com ou sem sintomas respiratórios criaram uma nova estrutura dentro da que já existia. “Foi um trabalho assertivo e realizado com muitas mãos. Tivemos uma questão privilegiada, em que tudo o que a infectologia solicitou foi atendida, sempre pensando na segurança assistencial das equipes e dos pacientes”, frisa. 

Mesmo os hospitais que não são referência para o atendimento de pacientes Covid-19, precisaram rever todo fluxo de atendimento, como é o caso do Hospital Universitário Cajuru. Sendo referência no atendimento de traumas e casos clínicos pelo SUS em Curitiba, a instituição também precisou se adequar para garantir a segurança dos profissionais e pacientes quanto ao contágio do novo coronavírus. “Logo no início da pandemia o Hospital Cajuru passou por uma série de mudanças e protocolos para evitar o contágio tanto dos profissionais quanto dos pacientes. Em um trabalho conjunto entre equipe assistencial, infectologistas e direção do hospital, foram determinadas medidas para garantir a segurança de todos”, explica a gerente assistencial do hospital, Letícia Pessoa Salamunes.

Restrição de visitas e acompanhantes, boletim médico virtual e criação de uma unidade de contingência para casos de pacientes com sintomas gripais foram algumas das iniciativas implantadas com a orientação dos infectologistas da equipe. Para Letícia, essas e outras ações têm sido essenciais para garantir a segurança dos profissionais e pacientes, mesmo que o hospital não seja referência no tratamento de Covid-19. “É fundamental que sejam adotadas as medidas de restrição ainda que o hospital não receba pacientes com o novo coronavírus. Isso porque todos estão expostos e vulneráveis a essa doença, tanto os colaboradores quanto os pacientes e não somente no ambiente hospitalar, mas em qualquer lugar. Com essas medidas, reduzimos os riscos de contágio e proporcionamos aos colaboradores e pacientes um local mais seguro”, finaliza.


Estudos comprovam: vírus afeta também as células cerebrais

Para o neurocirurgião e neurocientista Dr. Fernando Gomes do Hospital das Clínicas de SP, sintomas como dificuldade para se concentrar ou para realizar tarefas que executava habitualmente ou até esquecimentos, ansiedade ou tristeza podem ser sinais de sequelas deixadas no cérebro pela Covid-19.

Estudos científicos já evidenciam a presença de alterações neurológicas e cognitivas após a infecção pela COVID-19. Isso pode ocorrer porque os problemas respiratórios e a presença coágulos em pequenos vasos, levam a diminuição da oxigenação do cérebro e alterações do fluxo normal do sangue que é direcionado ao cérebro. "Qualquer uma dessas situações independem da gravidade dos sintomas que possam ter sido apresentados durante a infecção pela COVID-19, mesmo em pessoas que não apresentaram problemas respiratórios ou circulatórios, o vírus pode ter deixado marcas no cérebro que precisam ser tratadas", alerta o neurocirurgião.

Dr. Fernando ressalta que além dos aspectos neurológicos, a presença sintomas afetivo-emocionais, como ansiedade e depressão, muito comuns em pessoas que passaram pela COVID-19, também podem impactar no funcionamento cognitivo. "Por isso é essencial investigar através de um Check-up do Cérebro Pós COVID-19, no qual é feito um mapeamento personalizado, com exames específicos e uma análise interdisciplinar, que vai identificar a presença de alterações neurológicas e/ou cognitivas e/ou emocionais, para direcionar o tratamento individual necessário para devolver as capacidades e habilidades que cada paciente tinha antes da doença", afirma.

A identificação precoce de déficits cognitivos é essencial para o processo de reabilitação, só assim é possível aumentar as chances de melhora das funções que se tornaram deficitárias pós a infecção. "Tudo isso é possível em função da neuroplasticidade, com uma estimulação personalizada os neurônios poderão ser recrutados a formar novas conexões para corresponder a demanda de cada um", finaliza o médico.



Dr Fernando Gomes - Corresponde médico da TV CNN Brasil diariamente no Jornal Novo Dia. Professor Livre Docente de Neurocirurgia, com residência médica em Neurologia e Neurocirurgia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, é neurocirurgião em hospitais renomados e também coordena um ambulatório relacionado a doenças do envelhecimento no Hospital das Clínicas. http://www.fernandoneuro.com.br / @drfernandoneuro


Abril Marrom: uma campanha para todo mundo ver




 


Esclerose múltipla: especialista esclarece mitos e verdades sobre imunização

Créditos: freepik - Disponível em br.freepik.com
Doença afeta cerca de 35 mil brasileiros[1]

 

Não é incomum pacientes com doenças autoimunes ter dúvidas sobre vacinação. Devo me vacinar? Qualquer tipo de vacina é compatível? Quais são as recomendações? Para sanar essas e outras dúvidas, conversamos com o neurologista Dr. Herval Ribeiro Soares Neto, que explicou a importância da vacinação em quem lida com uma doença crônica, como a esclerose múltipla (EM), doença autoimune, na qual o sistema imunológico ataca o sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal).

"Existem diversos mitos e argumentos contrários à vacinação. E quando se trata de imunização em doenças autoimunes, a desinformação normalmente é maior. Por isso, antes de mais nada, precisamos reforçar que o ganho com a imunização, de maneira geral, é muito grande, ultrapassa a prevenção individual", esclarece o especialista.


Quem tem esclerose múltipla está mais suscetível a contrair infecções.

Verdade. Pessoas com a doença têm um risco maior de contrair infecção quando comparamos com quem não tem uma condição autoimune[2]. Isso pode acontecer porque quando a doença não está controlada, o corpo fica mais suscetível ao ataque de vírus e bactérias. E devemos lembrar que as infecções podem elevar o risco de surtos e aumentar a incapacidade[3], daí a relevância de se vacinar.


A vacinação não é recomendada em pessoas que têm EM.

Mito. A vacinação é um pilar da saúde pública e uma das formas mais seguras e eficazes de prevenir doenças infecciosas[4][5]. Órgãos internacionais, como a National Multiple Sclerosis Society e a Academia Americana de Neurologia (AAN), recomendam que pessoas com EM recebam vacinas de acordo com as diretrizes-padrão. As entidades propõem que a estratégia de imunização seja individualizada por paciente[6], uma vez que o aspecto clínico da esclerose múltipla varia de indivíduo para indivíduo.


Não é qualquer tipo de vacina que é recomendada para quem tem esclerose múltipla.

Verdade. As vacinas podem ser divididas em dois grupos: as atenuadas e as inativadas. Quem tem EM, deve evitar as vacinas atenuadas. Esse tipo de imunizante pode acentuar os sintomas da doença ou causar outros[1]. Por isso, é recomendado evitá-las. Entre as vacinas atenuadas, por exemplo, temos as de tuberculose, sarampo, caxumba, rubéola e da febre amarela, que são, geralmente, contraindicadas para pessoas com sistema imunológico enfraquecido[1]. Normalmente, as vacinas toleráveis em quem tem esclerose múltipla são as de vírus inativado[7], quando o agente infeccioso foi morto e é incapaz de causar a doença; de subunidade[1], quando é utilizada uma parte da proteína ou de um antígeno, e a toxoide[1][8], que contêm uma toxina bacteriana quimicamente modificada, que estimula uma resposta imunológica, ajudando a formação de anticorpos.


Quem usa medicamentos modificadores da doença não precisa reavaliar o status de vacinação para confirmar a imunoproteção.

Mito. Após a imunização é fundamental que o paciente faça uma reavaliação com o profissional de saúde para checar a imunoproteção[4]. A resposta autoimune pode variar em cada caso, por isso, a necessidade dessa checagem com o profissional de saúde que o acompanha.


Quem está em surto deve atrasar a vacinação.

Verdade. De acordo com as diretrizes internacionais, os pacientes em surto devem atrasar a vacinação. Contudo, não temos como estabelecer um período, pode variar de pessoa para pessoa. Esse prazo precisa ser discutido com o médico.


As recomendações a respeito da vacinação para quem tem EM, servem para todos os pacientes.

Mito. As recomendações podem variar. Os profissionais de saúde devem avaliar cada situação de maneira individual.

Para finalizar, Dr. Herval reforça que o paciente sempre deve buscar informações com um especialista. "O paciente deve seguir as recomendações de quem o acompanha. Esses profissionais são as pessoas mais aptas para dar as diretrizes mais adequadas, uma vez que conhecem o histórico e sabem qual é o perfil da doença do paciente", conclui.


Saiba mais sobre a esclerose múltipla[9][10][11]: a EM é caracterizada por um processo de inflamação crônica que pode causar desde problemas momentâneos de visão, falta de equilíbrio até sintomas mais graves, como perda de visão e paralisia completa dos membros. A esclerose múltipla está relacionada à destruição da mielina - membrana que envolve as fibras nervosas responsáveis pela condução dos impulsos elétricos do cérebro, medula espinhal e nervos ópticos. A perda da mielina pode dificultar e até mesmo interromper a transmissão de impulsos nervosos. A inflamação pode atingir diferentes partes do sistema nervoso, provocando sintomas distintos, que podem ser leves ou severos, sem hora certa para aparecer. A doença geralmente surge sob a forma de surtos recorrentes, sintomas neurológicos que duram ao menos um dia. A maioria dos pacientes diagnosticados são jovens, entre 20 e 40 anos, o que resulta em um impacto pessoal, social e econômico considerável por ser uma fase extremamente ativa do ser humano. É uma doença inflamatória e degenerativa, que progride quando não tratada. É senso comum entre a classe médica que para controlar os sintomas e reduzir a progressão da doença, o diagnóstico e o tratamento precoce são essenciais.



Referências

[1] Guia de Discussão sobre Esclerose Múltipla no Brasil - Juntos para um Novo Futuro. Acesse em:
www.guiadaem.com.br
[2] Luna G et al. JAMA Neurol. 2019;77(2).
[3] Loebermann M et al. Nature Rev Neurol. 2012;8:143-151.
[4] Chevalier-Cottin E. Infect Dis Ther. 2020 Jun 24 [Epub ahead of print].
[5] Poljak M et al. Clin Microbiol Infect. 2014;20 Suppl 5:1.
[6] Farez M et al. Neurology. 2019;93:584-594.
[7] Ciotti J. Mult Scler Relat Disord. 2020 Aug 1;45:102439 [Epub ahead of print].
[8] Vetter V et al. Ann Med. 2018. 50:110-120.
[9] Neeta Garg1 & Thomas W. Smith2. An update on immunopathogenesis, diagnosis, and treatment of multiple sclerosis. Barin and Behavior. Brain and Behavior, 2015; 5(9)
[10] Noseworthy JH, Lucchinetti C, Rodriguez M, Weinshenker BG. Multiple sclerosis. N Engl J Med. 2000;343(13):938-
52.
[11] Cristiano E, Rojas J, Romano M, Frider N, Machnicki G, Giunta D, et al. The epidemiology of multiple sclerosis in Latin America and the Caribbean: a systematic review. Mult Scler. 2013;19(7):844-54.

 

Pandemia pode aumentar risco de candidíase em mulheres com diabetes

Descontrole glicêmico associado a diminuição da Imunidade

potencializam o surgimento de quadros infecciosos por fungos e bactérias


 

A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) alerta que a grande variação glicêmica observada em pessoas com diabetes durante a pandemia, pode elevar o risco para o desenvolvimento da candidíase. Se considerarmos que 59,4% das pessoas com DM apresentaram descontrole nos níveis de glicemia, conforme verificado em recente pesquisa brasileira1. A candidíase é uma infecção na pele ou membranas mucosas. Os locais mais comuns onde a doença se manifesta são a região genital e a boca. 

 

A Candida integra a flora microbiana normal do corpo. Contudo, alterações imunológicas ou em seu microambiente levam o fungo a se proliferar e iniciar processos infecciosos. A candidíase de repetição é, frequentemente, o primeiro sintoma de diabetes tipo 2 – doença que pode levar de 4 a 10 anos até ser diagnosticada, devido a falta de sintomas, na fase inicial do diabetes. 

 

"Quando o diabetes está descompensado, existe uma diminuição dos mecanismos de defesa do organismo, por falta da mobilização de leucócitos, aumentando a chance dos pacientes desenvolver a infecção", afirma o endocrinologista Dr. Airton Golbert, coordenador do Departamento de Diabetes na Gestação da SBD. Outro motivo, além da baixa imunidade, que contribui para o desenvolvimento da Candidíase é a alta excreção de glicose pela urina, que predispõe a instalação da infecção por candida.

 

Segundo pesquisa indiana divulgada na US National Library of Medicine, a prevalência de Candida foi observada em 90% dos pacientes com diabetes descontrolada, em 63,3% das pessoas com diabetes controlada e em 20% das pessoas sem diabetes. 


Fatores como excesso de umidade, estresse, falta de higiene adequada, e outros também contribuem para proliferação do fungo e formação de quadros infecciosos. O contato sexual desprotegido pode ainda transmitir o fungo e potencializar o surgimento de infecções. A candidíase provoca ardência, coceira e vermelhidão, entre outros sintomas. Quanto atinge a região genital, também pode provocar corrimento esbranquiçado.

 

 


 

1. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0168822720305568

  

Falha de FIV: entenda por que pode ocorrer e o que fazer

 

O médico ginecologista da Clínica Origen de Medicina Reprodutiva, dr. Marcos Sampaio, aborda as possíveis causas de falhas na Fertilização In Vitro e indica prováveis soluções

 

 

A infertilidade é um problema que atinge tanto homens quanto mulheres em idade reprodutiva, e pode ser considerada após 12 meses de tentativas sem sucesso de engravidar. Doenças e alterações anatômicas são alguns dos grandes responsáveis pela dificuldade em alcançar a gravidez.

Mas, ainda que encontrem dificuldades, essas pessoas podem, sim, ter uma gestação, uma vez que existem técnicas avançadas na medicina reprodutiva capazes de auxiliar nesse processo. O ginecologista da Clínica Origen de Medicina Reprodutiva, dr. Marcos Sampaio, relembra que diversos casos podem ser tratados e resolvidos por meio da reprodução assistida, que conta com três técnicas principais: a relação sexual programada (RSP), a inseminação intrauterina (IIU) e a fertilização in vitro (FIV). “Cada uma possui uma complexidade diferente e métodos distintos, realizados para auxiliar casais com problemas de infertilidade”, explica.

Todavia, mesmo com chances altas de sucesso, a reprodução assistida não garante a gravidez. “Fatores como a idade da mulher e problemas no endométrio podem interferir no resultado do procedimento. Porém, felizmente, existem algumas técnicas complementares, principalmente na FIV, que são capazes de aumentar as chances de sucesso no tratamento e evitar essas falhas”, complementa.

A seguir, Sampaio esclarece algumas prováveis causas de falhas na FIV, quando elas acontecem e como podem ser evitadas no tratamento.


Como a FIV é realizada?

A FIV é uma das técnicas de reprodução assistida realizada tanto para fatores de infertilidade masculina quanto feminina. De acordo com o médico ginecologista, é o método de maior complexidade, com altos índices de sucesso, sendo todas as suas etapas desenvolvidas em laboratório. “É feita em cinco etapas principais: a estimulação ovariana, punção ovariana e coleta dos espermatozoides, fecundação, cultivos dos embriões e transferência embrionária. É a técnica mais indicada atualmente, principalmente em casos mais graves de infertilidade, como distúrbios de ovulação, endometriose, ausência de espermatozoides, infertilidade sem causa aparente (ISCA), entre outros”, destaca.


Quais as possíveis causas para a falha na FIV?

Ainda que seja a técnica com maiores números de resultados positivos no tratamento, Sampaio aponta que a FIV também está sujeita a falhas no procedimento e elas podem ocorrer por diversos fatores.

A idade da mulher é um dos principais fatores de influência nas falhas do tratamento. Quanto mais avançada a idade, menor é a chance de gravidez, pois a qualidade dos óvulos é essencial no processo e ela acaba sendo comprometida com o passar do tempo. Mulheres com problemas no endométrio também correm o risco de falhas na FIV, uma vez que ele é essencial para o processo. É nessa camada de tecido do útero que o embrião realiza a implantação e se fixa para iniciar o desenvolvimento do feto”.


Fatores masculinos

Sobre os fatores masculinos, o médico destaca os danos ao DNA espermático. “Esses fatores, quando identificados por exames complementares, podem ser tratados de forma adequada para que o procedimento possa ser feito novamente”.

Segundo o ginecologista, a qualidade embrionária também é um fator fundamental para o sucesso no tratamento, pois pode causar a falha de implantação em alguns casos, um dos maiores causadores da falha na FIV. “Existem formas de avaliar essa questão antes de realizar a transferência embrionária, como o cultivo dos embriões por um tempo maior no meio de cultura ou mesmo a troca dos gametas”, complementa. Para ele, além da qualidade embrionária, é importante que exista uma boa interação entre embrião e endométrio para que a implantação aconteça.

Doação de gametas é considerada quando a sua qualidade é comprometida e pode atrapalhar o tratamento, por isso a opção pelo banco de doações pode ser viável nesses casos, já o útero de substituição é indicado quando a mulher passa por problemas que impeçam a implantação.

Marcos destaca, ainda, que exames também são capazes de identificar possíveis doenças ou alterações que atrapalhem o processo de reprodução assistida, como a ultrassonografia transvaginal, histerossalpingografia, histeroscopia e a ressonância magnética. “É preciso um acompanhamento preciso e completo para identificar as causas da infertilidade, seja ela da mulher ou do homem, e propor o tratamento adequado. Felizmente, os avanços da medicina reprodutiva tornam cada vez mais raras as falhas no procedimento”, finaliza.

 

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