Um incêndio em uma subestação de energia no Amapá causou um
blecaute em 13 cidades por mais de 48 horas. Dois prédios pegaram fogo no
Hospital Federal de Bonsucesso, no Rio de Janeiro, causando 15 mortes e
interrompendo tratamentos essenciais para milhares de pessoas. Em São Paulo,
galpões e fábricas de empresas também passaram por incêndios recentemente.
Essas situações trágicas, podem ter seus reflexos reduzidos com uma medida
simples e obrigatória para empresa: o seguro contra incêndio.
Embora
prevista por lei no Brasil, esse tipo de cobertura ainda é não é adotada por
grande parte dos empresários, órgãos governamentais e donos de
estabelecimentos. Segundo o SINCORP-SP, apenas 25% das empresas tinham um
contrato de seguro contra incêndio em 2019. No ano passado, o Brasil
teve 866 ocorrências por fogo, a maioria em estabelecimentos comerciais (lojas,
shopping centers e supermercados), de acordo com levantamento de notícias do
Instituto Sprinklers Brasil, uma ONG dedicada à divulgação de informações
relativas ao combate a incêndios.
No
atual cenário de pandemia, no entanto, a preocupação com o seguro contra
incêndio está aumentando. Segundo o
Superintendente de Property & Casualty da corretora Galcorr, Bruno de
Sousa, o regime de trabalho em home office somado à insegurança econômica dos
negócios são os principais fatores que levaram ao crescimento na busca pela
cobertura.
“As
empresas passaram a dar uma enorme importância para o seguro contra incêndios,
e pudemos verificar um crescimento de 30% na procura desta modalidade de seguro
neste ano em relação ao ano passado. Com a pandemia, muitas empresas tiveram
seu faturamento reduzido. Além disso, nem todos conseguiram boas negociações
com fornecedores ou investimentos que garantissem o conforto necessário neste
período. Para alguns administradores passou a ser ainda mais importante
investir em proteção, reduzindo risco, mesmo em um cenário econômico
desfavorável. Temos verificado a procura para a contratação do seguro, bem
como, a consultoria para análise e eventuais melhorias nas apólices já
contratadas.”, afirma o Superintendente da Galcorr.
Para
Sousa, algumas famílias também repensaram a necessidade de uma apólice. “A
preocupação com o seguro Residencial, juntamente ao de incêndio, cresceu porque
a casa se tornou o novo ambiente de trabalho, um espaço de geração de renda
para a família”.
O
especialista acredita que a baixa adesão histórica ao seguro está relacionada à
ausência do hábito de prevenção por parte dos brasileiros. O Superintendente
acredita que alguns motivos que inibem o contrato são o desconhecimento sobre a
importância de uma análise de riscos, a falsa ideia de burocracias no contrato
e o receio de uma cobrança indevida.
“Algumas
pessoas só fazem um seguro após uma experiência traumática. Aqueles que já
passaram por alguma situação desagradável ou se preocupam com os riscos, veem o
seguro como um investimento. Já os que nunca tiveram qualquer sinistro ou nunca
utilizaram o seguro ao longo da vida, entendem que a apólice é um gasto. Por
isso, é mais comum um seguro de automóvel, por exemplo, porque a violência é
uma realidade na sociedade brasileira. No entanto, o impacto de um incêndio é
muito maior. Isso deve ser lembrado”, alerta Sousa.
Bruno
Sousa lista alguns cuidados que as empresas precisam ter ao fazer
uma apólice de seguros, para que a cobertura seja bem dimensionada. Ele lembra ainda que a ausência destes itens
pode resultar em um eventual sinistro com penalização ou perda de indenização.
“Os
valores dos ativos devem considerar, além de prédios, máquinas, móveis e
utensílios, as mercadorias e as matérias-primas. É importante também informar
se há materiais ou bens ao ar livre, especificando a composição.
Deve-se também acompanhar se as medidas de proteção implantadas estão em
conformidade com a NR 23 de combate a incêndio e com as regras do Corpo de
Bombeiros. As manutenções, treinamentos e testes devem ser realizadas com
frequência e de maneira rigorosa”, reforça.
O
Superintendente de Property & Casualty da corretora Galcorr lembra também
que, para a renovação da apólice, é preciso enviar, além do citado anteriormente,
tanto a sinistralidade dos últimos anos, como os protecionais de segurança
patrimonial (Vigilância, CFTV, Botão de pânico, Alarme infravermelho etc.) e o
laudo de inspeção realizado pela própria empresa ou por uma seguradora, se
houver.