O projeto Justiceiras fez um balanço desses sete meses que vem atuando no acolhimento e orientação de meninas e mulheres vítimas de violência doméstica. Nesse período, atendeu 2435 casos. São Paulo é o estado com mais ocorrências, 1298 — 53% do total.
O projeto, que recebe diariamente contato de vítimas de violência, foi
implantado no final de março. Os pedidos de orientação abrangem diversos tipos
de violência: física, psicológica, moral, sexual, patrimonial.
Ainda de acordo com o levantamento, 73% das atendidas relatam ter sofrido
violência dentro de casa. E seis em cada 10 têm filhos crianças ou
adolescentes.
"Outro dado que chama a atenção é o fato de que quase metade das mulheres
atendidas nunca terem pedido ajuda a órgãos públicos ou para o sistema de
justiça. Esses números expressam apenas uma parte do problema. Ainda existe o
silêncio por falta do reconhecimento da violência, vergonha, medo e julgamento
social", ressalta a advogada Anne Wilians, uma das idealizadoras do
projeto e presidente do Instituto NW.
O projeto Justiceiras surgiu com o objetivo de proteger a mulher em tempos de
quarentena e isolamento, numa iniciativa dos Institutos Nelson Wilians, Justiça
de Saia e Bem Querer Mulher.
Os pedidos de ajuda via WhatsApp são direcionados para uma equipe voluntária,
profissional e multidisciplinar, que inclui advogadas, psicólogas e assistentes
sociais. Todo o contato é feito de forma remota, por mensagens, ligações ou
videochamadas. As voluntárias também são de diferentes regiões do Brasil.
Quem é o agressor?
Ainda de acordo com o levantamento, oito em cada 10 atendidas relatam situação
de violência conjugal. Em 53% desses casos, o agressor é o homem com quem essas
mulheres ainda se relacionam. Já em 47%, o agressor é um ex-companheiro.
Em 20% dos casos, os agressores têm acesso aos celulares das atendidas - 8%
delas também mencionam sofrer violência por parte de outros familiares.
"Muitas delas relatam sofrer chantagens e ameaças ao tentar romper o
relacionamento. Isso funciona como um gatilho para aumento de violências",
explica Anne Wilians.
Idade
As mulheres na faixa etária entre 31 e 40 anos representam o maior índice de
atendidas pelo projeto, com 37%. 7% estão na faixa de até 20 anos; 27% entre 21
e 30 anos; 19% entre 41 e 50 anos; e 9% estão acima de 51 anos.
Vale destacar que o projeto registrou 51 casos envolvendo menores de idade e 49
casos de mulheres idosas.
"73% das atendidas relatam ter sofrido violência dentro de casa. Em 20%
dos casos, a violência se dá repetidamente também por meios digitais, via
contatos telefônicos ou mensagens de WhatsApp", ressalta Anne.
Tipos de violência
A violência psicológica e ameaças, relatada por 84% e 42% das atendidas,
respectivamente, estão entre os principais tipos de violência.
38% das atendidas relatam passar por violência física, enquanto 29% relatam
passar por violências patrimoniais, e 17% por situações de violência sexual.
O projeto Justiceiras recebe pedidos de ajuda pelo WhatsApp (11) 99639-1212.
"Nossa intenção é que as mulheres vítimas de violência se sintam seguras,
acolhidas e bem orientadas, que recebam o suporte psicológico, jurídico e todo
apoio que precisam para atravessar este cenário de isolamento, sem criar
sequelas ainda maiores", finaliza Anne Wilians.
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