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sexta-feira, 28 de junho de 2019

Mortalidade materna bate recorde histórico em São Paulo



Principal metrópole e estado mais poderoso economicamente do Brasil, São Paulo registra importante retrocesso na área da saúde. A mortalidade materna marcou recorde histórico, segundo dados de 2017, do Ministério da Saúde, tornados públicos hoje, no jornal Folha de S. Paulo, pela repórter Claudia Collucci.

Os dados de 2018 ainda não são públicos, pois estão em fase de consolidação. Contudo, os do ano anterior realmente assustam: 60,6 mortes por 100 mil. As principais causas são evitáveis:
- Sucateamento dos hospitais; 
- Diminuição do número de leitos de Obstetrícia; 
- Aumento de taxas de cesárea;
- Rede de atendimento pouco estruturada para atenção à gestação de alto risco; 
- Necessidade qualificação e treinamento continuado das equipes de saúde.

De acordo com a presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo, SOGESP, Rossana Pulcineli Vieira Francisco, chama a atenção particularmente o fato de as taxas de cesarianas no estado terem saltado de 49% para 59%, entre 2000 e 2015. No período as hemorragias também passaram de 11% para 16%.

Ela considera gravíssimo ainda um estado que já teve a razão de morte materna média de 35, entre 2003 e 2015, retroceder de tal forma, com índices aumentando negativamente ano a ano.

Quem disse que você está acima do peso, a balança ou o espelho?



Quantas vezes você falou ou ouviu alguém falar que estava gordo, após ver seu peso na balança ou olhar no espelho? Quantas pessoas que você considera que estão em ótima forma, falam que estão gordas quando veem seu peso na balança? Há uma grande confusão de conceitos e percepções porque usamos determinados termos no nosso dia a dia e, muitas vezes, confundimos alguns indicadores. Mas, na verdade, o que vemos no espelho é uma percepção, já o que nos diz a balança merece análise.

Para darmos início a esse raciocínio, vamos padronizar as grandezas. Primeiro é preciso definir o que é Massa, ou seja, a “quantidade de matéria presente em um corpo e medida em uma balança” que, de acordo como o Sistema Internacional de Unidades, tem como padrão escolhido desde 1960 o quilograma (kg). Já o Peso é a força de atração da massa pela gravidade do local em que se encontra. Pode ser calculado por meio da multiplicação entre a massa do corpo e a aceleração da gravidade local: P=m.g.

Destrinchada a parte técnica, o fato é que nada disso importa quando o assunto é estética, pois nós usualmente atribuímos o nome de peso ao número marcado na balança. Só que essa é uma outra situação, porque sobre esse indicador o que mais importa é o conceito de porcentagem de gordura corporal (%GC), que é calculada por meio de várias técnicas, desde as mais simples e clássicas até as mais sofisticadas como:

1. Adipômetro
O método de “dobra da pele” mede seu percentual por beliscar a gordura com os dedos e, em seguida, medir a espessura com uma pinça chamada adipômetro. A leitura é dada em milímetros e precisa ser comparada em um gráfico com a idade e sexo da pessoa para chegar ao seu percentual de gordura corporal.

2. Análise de impedância bioelétrica – Bioimpedância (BIA)

É a análise que determina a impedância elétrica, ou oposição ao fluxo de corrente elétrica através do corpo. O músculo tem alto teor de água e é altamente condutor, enquanto a gordura tem menor teor de água e não é altamente condutora. Com base na força da impedância junto com altura e peso medidos, a escala BIA vai estimar a massa corporal livre de gordura e calcular a gordura corporal.


3. Antropométrica

Este método utiliza medidas de circunferência do corpo para calcular a gordura corporal.


4. Pesagem hidrostática

Este método é considerado o “padrão ouro” (+/- 1,5% de erro) de medição de gordura corporal e requer que a pessoa seja submersa em um tanque de água. Isso porque os ossos e músculos são mais densos que a gordura. Sabendo-se o peso da pessoa previamente, se ela apresentar maior porcentagem de massa de gordura, apresentará um volume corporal, deslocando um maior volume de água quando submerso. Calculando essa quantidade e água deslocada e o peso, conseguimos prever a porcentagem de Gordura Corporal.


5. DEXA digitalização

A utilização do método de densitometria por dupla emissão de raios-X (DEXA), na avaliação da composição corporal, nos informa tanto a medida da massa óssea quanto do conteúdo corporal de gordura e massa magra. A confirmação da excelente acurácia e do pequeno erro de precisão do exame, tornou-o referência para o estudo de composição corporal em seres humanos.


6. Plestimografia

A plestimografia estima o volume corporal por meio do deslocamento de ar. O aparelho de plestimografia é feito de fibra de vidro e acoplado a um computador, que determina as variações no volume de ar e de pressão no interior,para a câmara vazia e ocupada, fazendo ajustes para variáveis pulmonares necessárias na estimativa do volume corporal. Durante a avaliação, é importante que o indivíduo esteja descalço e usando o mínimo de roupa possível para não haver disparidades.

Independente da técnica utilizada, o importante é fazer um acompanhamento, utilizando a mesma técnica inicial, para poder comparar os resultados. Mas lembre-se, antes de qualquer susto, que o volume ocupado por 1 kg de gordura pode ser quatro a seis vezes maior que o volume de 1 kg de músculo. Sendo assim, vale destacar que uma pessoa que pesa 100KG e tem 15% de gordura corporal (15Kg de gordura) pode ser considerada magra, pois o volume aparente dela será menor que uma pessoa de 70 kg com 30% de gordura corporal (21Kg de gordura), por exemplo.

Portanto, a conclusão sobre estar ou não acima do peso não deve ser baseada no que informa a balança, mas sim na quantidade de gordura que você tem no corpo. E, antes de qualquer precipitação, nada melhor do que procurar um médico especialista em Medicina Esportiva e uma nutricionista do Esporte para buscar orientação sobre ganho de massa magra e perda de gordura corporal, sem crise com a balança ou com o espelho.





Dr. Leandro Gregorut - ortopedista, especialista em Medicina Esportiva pela Sociedade de Medicina do Exercício e do Esporte. É membro da Sociedade Brasileira de Medicina Esportiva, membro do The American College of Sports Medicine, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Ombro e Cotovelo e membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Foi médico da Seleção Brasileira de Handebol e faz parte do corpo clínico do Hospital Sírio Libanês.

Junho Laranja: Combate e prevenção contra a Anemia


Nutricionista da Cia. da Consulta ressalta a importância do diagnóstico precoce e cita sintomas da doença



O mês de junho é marcado por algumas campanhas de saúde, dentre elas o “Junho Laranja”, que ressalta a importância de estarmos atentos a patologias que envolvam o sangue, sendo a Anemia uma delas.

O diagnóstico e o tratamento devem ser precoce, comenta a nutricionista Rafaela Destri da Cia. da Consulta. “Desde quando a doença é diagnosticada, o paciente deve cuidar para que ela não avance e cause sintomas ainda mais sérios e incômodos, como anorexia, taquicardia, cansaço progressivo e problemas neurológicos. A associação dos alimentos certos e suplementos alimentares, podem acabar com a Anemia, que é representada pela baixa concentração de hemoglobina, indicando que o organismo tem deficiência de nutrientes”.

Essa enfermidade representa, além de tudo, a alimentação precária dos pacientes. Dietas escassas de ferro e ácido fólico desencadeiam inicialmente os sintomas de fadiga, falta de apetite, falta de ar e palidez. A manifestação da doença pode ser por duas condições: Aguda, quando se instala rapidamente e é frequentemente provocada por hemorragia, e crônica, quando se instala lentamente e tem característica assintomática. 

Dentro do mesmo campo, existem alguns tipos de Anemia: Ferropriva, causada pela falta de ferro; Perniciosa, pela carência de vitamina. B12; hemolítica, onde os glóbulos vermelhos são destruídos rapidamente, de modo que a medula óssea não consegue supri-los; Aplástica: quando o organismo não produz glóbulos vermelhos suficiente. Recém-Nascido: ocorre em bebês que tiverem deficiência de nutrientes na placenta.

O Hemograma, exame que analisa células produzidas pela medula óssea com apenas uma coleta de sangue, permite identificar qualquer alteração. A especialista ressalta a importância da prevenção. “Fazendo exames periódicos, inclusive o Hemograma Completo, podemos nos assegurar da nossa boa saúde e ficar despreocupados”.




Cia. da Consulta
Instagram: @cia.daconsulta

Celular e tablets para crianças: como encontrar o limite entre a distração e a necessidade


De acordo com especialista, a tecnologia tem as suas vantagens, mas é preciso ficar atento às desvantagens que o uso excessivo dela pode apresentar


Um levantamento feito pelo Comitê Gestor da Internet aponta que 80% das crianças com idade entre 9 e 17 anos fazem uso da internet. Até aí tudo bem. O problema é que, segundo essa pesquisa, 21% das pessoas dentro dessa faixa etária deixam de comer ou de dormir por causa da web.

Nesse contexto, especialistas entendem que o desafio dos pais é encontrar um equilíbrio para saber dosar essa exposição às telas e evitar, por exemplo, o atraso do desenvolvimento de habilidades de linguagem e sociabilidade, sem deixar os filhos isolados dos avanços tecnológicos.

“A tecnologia tem as suas vantagens. Existem aplicativos que são usados para criança que têm dificuldade de aprendizado. Mas temos que nos atentar para as desvantagens. As crianças estão em fase de amadurecimento e podem ter dificuldade para controlar as emoções. Por consequência, a criança se torna impulsiva e com baixa resistência à frustração”, explica a coordenadora clínica do Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento (IBAC), Aline Frasson.

Esse cuidado já é tomado pela bancária Giselle Cavados, de 39 anos. A mãe da Olívia, de cinco anos, e do Henrique, de três, conta que os filhos têm horários específicos para pegar o celular ou o tablet. “Geralmente é um pouquinho antes do almoço e também depois do jantar, à noite. Não mais do que isso”, comenta.

Mesmo estabelecendo limites, Giselle entende que os filhos vivem em um período de constante evolução e que Olívia e Henrique precisarão ter afinidade com as novas tecnologias. “Não tiro totalmente o celular por isso. Porque eu acho que é importante para eles terem acesso a esse mundo de transformação digital que a gente está vivendo agora”, afirma.


Fora de casa

Dentro do ambiente doméstico é mais fácil manter o controle dos filhos em relação ao uso de aparelhos eletrônicos. No entanto, há o questionamento sobre como agir quando a família vai almoçar fora ou passar o dia no parque, por exemplo.

Giselle encontra essa dificuldade, principalmente quando o ambiente não disponibiliza espaços para as crianças se entreterem. “Fora de casa eu dou uma aliviada nesse controle, porque há lugares que você vai almoçar ou jantar que não têm uma brinquedoteca, não têm uma pintura para a criança e ela realmente fica entediada”, esclarece.

Para a terapeuta Aline Frasson, a solução é simples. “Levar outros materiais, lápis de cor, livrinhos, papéis para fazer desenhos, ajudar a criança a estimular mais aquele ambiente. Que os pais ajudem a criança a desenvolver outras habilidades importantes, não só ficar ali no celular, o que é mais fácil.”


Pais como exemplo

Aline Frasson afirma que o comportamento dos pais quanto ao uso do celular, também reflete na importância que os filhos dão aos aparelhos. Ela orienta que os pais sejam modelos e imponham limites a si mesmos. “Às vezes os pais ficam no computador, no celular no tablet e não proveem a atenção e a disponibilidade para o filho, num momento que seria importante”, destaca.
Apesar de se considerar uma pessoa “viciada” no celular, Giselle conta que evita usar o aparelho enquanto está com o as crianças. “Aquele comportamento compulsivo mesmo, de você ficar em frente à tela, eu tento me distanciar", explica.

“Eu pego eles na escola e já coloco o celular de lado. No máximo olho para ver se tem uma mensagem importante, alguma notificação. Mas não fico, de fato, navegando enquanto estou com eles. Acho que é importante a gente saber administrar isso também”, afirma a mãe.






A importância do diálogo para vida escolar

Jovens precisam ser cobrados na médica certa em seu desempenho escolar
 (Francine Malessa)


Baixo rendimento nos estudos pode ser solucionado com conversa e interesse por parte dos pais




Vai ano, vem ano e a preocupação dos pais com o rendimento escolar dos filhos sempre se renova. A infância é uma época em que diversão e aprendizado precisam caminhar juntos, e entender o ritmo de cada criança é essencial para que os familiares não exerçam uma cobrança exagerada. O médico pediatra e associado da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS), Renato Santos Coelho, explica de que forma abordar os pequenos para tratar do desempenho na escola.

— O diálogo é por onde tudo começa. Mesmo com as rotinas atribuladas, é preciso que os pais reservem um tempo para ficarem à disposição dos filhos para ajudar, ouvir, demonstrar interesse sobre o que estão aprendendo em sala de aula. Deste modo, fica mais fácil acompanhar possíveis dificuldades que eles estejam enfrentando — comenta.

O médico pediatra alerta que a linha entre a exigência excessiva e a falta de rigor é tênue, e os pais precisam encontrar um equilíbrio.

— Apenas cobrar resultados, sem acompanhar o processo, passa a impressão de desvalorizar os feitos da criança e minimizar possíveis percalços do caminho. Outro ponto, não recomendado, é o de valorizar somente as notas, reduzindo todo esforço da criança em um número. Tampouco, deixar o pequeno determinando quando e o que estudar é certo. O ideal é acompanhar de perto, reconhecer o esforço, as matérias, o crescimento pessoal e o interesse — sintetiza o médico Renato Santos Coelho.

Por fim, o médico tranquiliza pais e mães que se preocupam em não passar a mão excessivamente na cabeça de seus filhos. A frustração e o “não” são educativos e devem servir de aprendizados para as crianças entenderem e se preparem para a vida.




Vítor Figueiró


Como mediar conflitos nas escolas



Mediar um conflito de forma positiva, restaurando os sentimentos e as emoções usando modelos não punitivos responsabilizando os envolvidos. Esses são alguns dos objetivos das Práticas Restaurativas que se consolidam como um conjunto de valores, atitudes e comportamentos que rejeitam a violência e previnem os conflitos para resolver os problemas por meio de diálogo e da negociação entre as pessoas, grupos, instituições ou nações. 

As Práticas Restaurativas têm sua origem na Justiça Restaurativa, que desde a década de 1970 vem se expandindo por diversas países, como Canadá, Nova Zelândia, África, Reino Unido, Estados Unidos e, desde de 2005, no Brasil. Essas práticas promovem a conexão em sala de aula e podem ser utilizadas para lidar com situações de conflitos, violência física e verbal, Bullying e diversas situações indesejadas no ambiente escolar.

Os processos atuais não respondem as necessidades de diminuição do problema da violência, seja ela ocorrida no âmbito escolar, familiar, no ambiente de trabalho e em espaços públicos e privados. O Atlas da Violência 2018 revela dados surpreendentes: “Segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde (SIM/MS), em 2016 houve 62.517 homicídios no Brasil. Isso implica dizer que, pela primeira vez na história, o País superou o patamar de trinta mortes por 100 mil habitantes (taxa igual a 30,3). Esse número de casos consolida uma mudança de patamar nesse indicador (na ordem de 60 mil a 65 mil casos por ano) e se distancia das 50 mil a 58 mil mortes, ocorridas entre 2008 e 2013”, o que revela um crescente significativo no problema da violência no País.

O ambiente escolar, por exemplo, sendo um lugar onde diferentes pessoas e culturas se encontram, mas nem sempre se conectam, enfrenta desafios. Desta forma, o diálogo entre alunos e professores pode promover e consolidar uma cultura da paz nesse local. Em sala de aula as metodologias restaurativas podem ser realizadas por meio de círculos de diálogos, de negociação e de estudos, pela mediação por pares e outras estratégias restaurativas que envolvem dinâmicas de grupos, e atividades desenvolvidas tendo como elemento central as necessidades dos alunos, professores, pais e colaboradores.

Os esforços devem ser feitos para uma formação continuada dos professores nas escolas de modo que esta, se tornem um ponto não apenas de transmissão e aquisição de conhecimentos, mas de vivências e disseminação de uma cultura capaz de responder os problemas emergentes da violência na sociedade contemporânea.

Nesse sentido, as Escolas Sociais do Grupo Marista, que atendem gratuitamente mais de 7,5 mil crianças e adolescentes em áreas de vulnerabilidade social nos Estados do Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul, trabalham não apenas a técnica, mas uma nova cultura e paradigma no campo da formação docente e de um currículo escolar humanizado e disseminador da cultura da paz. Muitas tecnologias também fazem parte da estratégia, sendo elementos importantes nos espaços vulneráveis. Os resultados são um bom relacionamento e um clima escolar que interferem diretamente na aprendizagem dos conteúdos escolares e na vivência dos valores humanos.

O objetivo é que no futuro tenhamos comunidades educativas capazes de mediar conflitos e tensões, reparar danos, construir relacionamentos menos violentos e ainda mais seguros dentro do ambiente escolar de maneira autônoma e responsáveis.




Diego Oliveira de Lima - Coordenador Educacional de segmento das Escolas Sociais do Grupo Marista. Pedagogo, filósofo, especialista em Filosofia antiga e mestrando em Direitos Humanos e Políticas Públicas pela PUCPR. 




4 a cada 10 educadores não têm formação para a discilpina que lecionam em sala de aula


 Especialista fala sobre a importância da formação dos professores para a educação de crianças e jovens nas escolas


Segundo o Anuário Brasileiro de Educação Básica 2019 divulgado nesta terça-feira (25), quase 40% dos docentes dos anos finais do Ensino Fundamental não têm licenciatura ou complementação pedagógica na área da disciplina em que atuam. Ou seja, um professor formado em história dá aula de geografia, por exemplo. No Ensino Médio, esse número chega a cerca de 30%.

Além disso a pesquisa mostra que o educador tem baixos salários e grande dificuldade em ter progresso na carreira. Segundo Paulo Moraes, diretor e autor do Sistema Anglo de Ensino, soma a isso a formação de educadores, que está totalmente em descompasso com a escola exigida no século XXI. "Esse contexto é importante para entendermos a evolução da educação no país, sabermos como chegamos até aqui e para onde devemos ir", afirma Moraes.


Outros recortes da pesquisa:

- Alfabetização: apenas 14,1% das crianças de famílias de baixa renda possuem nível suficiente de alfabetização; enquanto as crianças de nível socioeconômico muito alto chegam a cerca de 84%.

- Evasão escolar: 1,5 milhão de crianças e jovens entre 04 e 17 anos estão fora da escola.

- Ensino Fundamental: quase um quarto dos estudantes termina a etapa com idade acima do esperado, com cerca de 16 anos.




Paulo Moraes - Diretor do Sistema Anglo de Ensino , doutor e mestre em Geografia Física pela Universidade de São Paulo. Além de ser Bacharel e Licenciado em Geografia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, é professor da PUC-SP desde 1991, onde atua no departamento de Ciências do Ambiente. Leciona nas áreas de Ciências do Ambiente e Educação Ambiental. Moraes também é autor do Sistema Anglo de Ensino há 30 anos e membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (IHGSP) e da Royal Geographical Society (RGS).



Anglo de Ensino


Pesquisa mostra que criatividade é a habilidade mais procurada pelas empresas em 2019


Especialista explica que criatividade deve ser nutrida na infância para estabelecer vínculos e ajudar as crianças a se tornarem adultos emocionalmente saudáveis


Segundo a última pesquisa realizada pelo LinkedIn, a criatividade é a habilidade mais procurada pelas empresas em 2019, em todos os setores, deixando para trás aptidões como persuasão, colaboração, adaptabilidade e gerenciamento de tempo.

Entretanto, a capacidade criativa é algo que deve ser estimulado desde a infância, principalmente em casa e no ambiente educacional. Por isso, a psicóloga e educadora criativa Bianca Solléro tomou a criatividade como seu principal objeto de estudo. Segundo a especialista, uma das chaves do sucesso da criatividade está em observarmos o modelo mental infantil, naturalmente inovador e carregado de elementos que precisamos resgatar para atingirmos esse potencial. 


O que é educação criativa?

A educação criativa diz respeito ao processo educativo centrado na criatividade, seja por parte da família ou da escola, com o objetivo de que as crianças se tornem adultos realizados, com autonomia e protagonistas de sua própria realidade. A psicóloga afirma que a criança já nasce com as habilidades que propiciam o desenvolvimento da criatividade e nutrir isso significa um aumento nas chances de ela ser um adulto realizado.

“A importância de nutrir a criatividade ainda na primeira infância é garantir que a criança terá a principal habilidade do futuro. Será mais capaz de se realizar profissional e pessoalmente, de ser bem-sucedida e segura”, destaca Solléro, que defende a criatividade como um dos principais mantenedores do equilíbrio emocional.

Bianca Solléro acaba de realizar uma viagem à Alemanha e Estônia para o projeto Inovação Educacional em foco, em que realizou uma pesquisa de fundamentação prática, baseada em observações locais e contato com docentes, sobre práticas pedagógicas inovadoras. 


Como nutrir vínculos e a criatividade em família?

Segundo Bianca Solléro, vínculo familiar e criatividade são conceitos que andam lado a lado. “Toda vez que nos preocupamos em promover a criatividade de nossas crianças, automaticamente estamos fortalecendo o vínculo, elemento essencial para que ela cresça emocionalmente saudável”, explica. Os estudos de Solléro mostram ainda que o vínculo familiar é um dos fatores que contribuem para que a criança esteja menos propensa a desenvolver problemas psicológicos durante a vida, principalmente a depressão. Até 2020, esta será a doença mais incapacitante do planeta, segundo a Organização Mundial da Saúde.

Ela aponta ainda a falta de tempo como principal empecilho na tentativa de estabelecer esse vínculo, porém ressalta a importância de firmar essa conexão e aproximar pais e filhos ainda que seja em curtos períodos, mas bem aproveitados. “Às vezes, a gente encontra realidades em que os pais mal conseguem ver o filho de segunda a sexta-feira, somente aos finais de semana. Quando saem, a criança está dormindo e, quando chegam, a criança já dormiu. Além disso, os pais estão exaustos e toda essa circunstância pode afastar, mas é possível se organizar com medidas simples para que esse vínculo seja nutrido e mantido”, completa Solléro.

A especialista traz 5 dicas para nutrir a criatividade das crianças em casa:
  1. Crie um cantinho criativo. Escolha com a criança um cantinho da liberdade criativa. Nesse espaço, que pode ser uma parede, uma mesa ou uma porta, a ideia é que a criança possa fazer tudo que estimule sua criatividade, sem deixar de cuidar de si, do outro, da natureza e das coisas ao seu redor.
  2. Escute o que ela tem a dizer. Podemos promover pequenos gestos e diálogos com a criança, fazendo com que ela se sinta estimulada a opinar ou oferecer caminhos para uma determinada situação, como: ‘que tal hoje decidirmos juntos o que teremos para o jantar?’ ou ‘amanhã é aniversário da sua irmã, que tipo de surpresa boa podemos preparar para ela?
  3. Estimule a coragem e autoconfiança. Evite dizer para a criança que o que ela faz está errado, procure palavras como “inadequado" ou “desrespeitoso”. Em vez de elogiar ou dizer palavras que denigrem sua competência, prefira expressões como “Você consegue”, “Ainda não deu, mas em breve você será capaz de fazer isso”, “Uau, que legal você ter conseguido isso se esforçando, não é? Como se sente agora?”.
  4. Entenda a teimosia e a desobediência. Faça combinados curtos, fáceis de entender. Você pode colocar frases ou desenhos que representem as recomendações na parede ou na geladeira, por exemplo. Procure ainda restringir seus “nãos” a essas “regrinhas”. Assim, quando a criança “teimar” com você, será mais fácil justificar seu posicionamento.
  5. Aguce a curiosidade. Respeite o tempo da criança de brincar sozinha e em silêncio. Nesse momento, ela conhece todas as possibilidades daquele brinquedo e também suas próprias habilidades. Outra dica é estimular a criança a se interessar por coisas novas, dizendo: “Nossa! O que é aquilo?” , “Que textura aquilo tem?”, “Como será que usa isso?”.





Bianca Solléro - psicóloga, educadora criativa e consultora de inovação em educação, com aperfeiçoamento em Gestão de Pessoas pela FGV. Há mais de 18 anos envolve-se em projetos e ações que estimulam crianças a crescerem conectadas com sua essência por meio da habilidade criativa. Pesquisadora prática do modelo mental infantil, Bianca inspira adultos a resgatarem a criatividade que um dia tiveram em abundância, para que hoje consigam atuar de forma inovadora no trabalho e na educação de outras crianças. Desde 2015 é consultora da KeepLearning School, onde atualmente atua como tutora oficial do curso Criando Crianças Criativas (Cri Cri Cri), promovido por essa escola online, em parceria com o professor e palestrante Murilo Gun.


BRINCAR E APRENDER CUSTA CARO?



Muitos ainda acreditam e relatam que brinquedos caros e bem elaborados são essenciais para o aprendizado. Não quero aqui simplesmente discordar, mas pretendo ampliar as possibilidades de reflexão sobre o brincar na primeira infância. Será que é realmente necessário investir em brinquedos estruturados para as crianças? Existem brinquedos específicos para cada idade?

Para trazer algumas respostas, quero antes propor uma retomada em nossas concepções sobre o processo de aprendizagem por meio do brincar. Sabemos que a criança, antes mesmo de seu nascimento, já está sujeita a múltiplos estímulos através dos circuitos neuronais e mecanismos biológicos, que após seu nascimento, vão afetar o desenvolvimento da aprendizagem. Uma boa nutrição e cuidados com a saúde nos primeiros anos também vão afetar esse processo, pois criam as fundações para as etapas posteriores, onde o brincar e a aprendizagem estão diretamente relacionados.

Uma dessas possibilidades é o brincar a partir de elementos da natureza, que são brinquedos de largo alcance e não-estruturados. São materiais que possibilitam ampliar as aprendizagens de maneira divertida e significativa, enchem os olhos e introduzem as crianças no mundo da imaginação, prazer e diversão. Outro benefício observado é que eles trazem recursos necessários para o aprimoramento das habilidades motoras, fundamentais para o processo de letramento e alfabetização.

Algumas crianças convivem com a natureza mais constantemente que outras. Para quem não tem essa oportunidade, ter em casa algo que possa as aproximar esses elementos é essencial para o aprendizado. Uma sugestão é construir um espaço de ateliê para armazenar pequenos troncos de madeira de variados tamanhos, areia mais grossa, argila, sementes, terra, folhas de árvores, dentre outros materiais. A aproximação com elementos da natureza traz a vivência dos doze sentidos (tato, olfato, paladar, visão, audição, equilíbrio, movimento, térmico, palavra, pensamento, vital, sentido do eu), o canal de construção dos saberes na primeira infância.

Um empecilho para muitas famílias aderirem aos materiais naturais é a sujeira que podem fazer em casa. Porém, mesmo essa questão é essencial para o desenvolvimento infantil, pois sabemos que o aprendizado pela experimentação é essencial, então sujeira significa aprendizado. É importante que a criança experimente, explore e se suje.

Os brinquedos estruturados continuam tendo um papel importante no aprendizado. A reflexão que trago sugere ir além deles, pois quando a criança monta o mesmo quebra-cabeças duas ou três vezes, por exemplo, já fica desmotivada, pois o brinquedo não a desafia mais, torna-se fácil. Neste momento, é indicado o contato com brinquedos que não determinam o brincar, que não trazem as regras prontas, que exigem autonomia, protagonismo e criatividade. Além daqueles brinquedos já citados, que criamos a partir da natureza, podemos propor outros, que são reutilizáveis e muito significativos como colheres de pau, tampas de panelas, tampinhas de garrafas, argolas de cortinas, blocos de madeiras, canos em PVC cortados em pedaços e pratos de argila.

Contudo, é importante esvaziar os espaços tão carregados de muitos brinquedos estruturados, afinal, ambientes repletos de informações atrapalham, distraem e geram ansiedade. Por outro lado, é fundamental trazer para o contato das crianças brinquedos que possam direcionar sua aprendizagem com ações simples que darão mais sentido e prazer ao brincar. Além de tudo, os brinquedos não-estruturados trazem os estímulos necessários para a primeira infância e também para a vida adulta por gerar consciência planetária e valorização da natureza.




Zeneide de Lima - especialista em Pedagogia, Psicopedagogia e orientadora educacional no Colégio Marista São Luis, em Jaraguá do Sul (SC).


Ciclo de Estímulo Vs. Evasão Escolar



Que a evasão escolar é um problema sistêmico no Brasil, infelizmente já sabemos há algum tempo. O mais recente Censo Escolar elaborado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) aponta para mais de dois milhões de crianças e adolescentes fora das salas de aula. E o maior problema está no Ensino Médio, que compreende os anos finais do currículo estudantil básico: 1,3 milhão de adolescentes entre 15 e 17 anos não está na escola.

Não bastasse isso, neste mês surge mais um dado preocupante. Segundo a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) sobre educação, divulgada no último dia 19 de junho, 23% dos jovens brasileiros não estuda e tampouco trabalha. Isso significa mais de 12 milhões de pessoas entre 15 e 29 anos sem qualquer atividade: um quarto dessa população. O porcentual é ainda mais elevado na faixa “universitária”, de 18 a 24 anos, quando teoricamente poderiam estar fazendo algum bacharelado, iniciando uma especialização ou se inserindo no mercado de trabalho: 27,7%.

Ora, se a Educação é fator primordial para a geração de uma sociedade mais justa, mais segura, mais participativa politicamente, mais ativa na busca por uma melhoria de vida sem recorrer a subterfúgios escusos, então o Brasil, claramente, terá sérios problemas para progredir enquanto coletividade e também disciplinarmente. Afinal, se não somos um país capaz de reter alunos em sala de aula ou mostrar aos jovens a importância de um ofício, então – pedindo licença para usar uma figura de linguagem bem atual e moderna – “falhamos miseravelmente”.

Muitos fenômenos podem explicar o fracasso do Brasil nesta questão: a falta de estrutura das escolas (em muitas situações até básica, como lousa e giz, por exemplo), a qualidade do ensino, os níveis de aprendizado, a progressão sem a real absorção do conhecimento e, por último, mas não menos importante, a formação dos professores.

Docentes estimulados, formados e capacitados poderiam diminuir substancialmente a estatística trazida pela Pnad neste ano. Formar-se-ia um ciclo positivo em torno do futuro do Brasil no que tange à Educação: melhores professores, alunos mais estimulados. Melhores professores, escolas com índices de ensino mais apurados. Melhores professores, mais gente encorajada a um futuro na pedagogia. E, com melhores professores no futuro, o ciclo recomeça.

Chegar ao professor, entretanto, é um dos caminhos que precisamos percorrer. Ainda há de se passar por uma boa gestão educacional, oriunda, evidentemente, do poder público – representado por MEC (Ministério da Educação), secretarias estaduais e municipais e suas respectivas coordenadorias pedagógicas. Há de se passar pela solidificação de um currículo escolar adequado a instituições públicas e particulares, sem fazer distinção de classe social. E há de se passar por uma escola preparada para lidar com crianças e jovens de diferentes criações, pensamentos, ideologias, valores e princípios, para não perder estudante de vista e dá-lo o suporte necessário também enquanto ser humano.

E, quando falamos em valorizar o trabalho dos docentes, não significa apenas dá-los a oportunidade de formação universitária adequada (e até continuada) ou pagá-los salários dignos. Isso seria apenas a garantia do básico. O docente é o profissional responsável por conseguir incutir o conteúdo programático na cabeça dos alunos de forma assertiva: não se trata de fazê-los decorar, mas, sim, de fazê-los compreender. E há urgente necessidade de dar ferramentas aos docentes para facilitar essa tarefa.

Fomentar a absorção do conhecimento com aulas práticas, como faz a ONG Educando por meio do programa STEM Brasil, é oferecer ao professor a oportunidade de dar o segundo passo no “Ciclo do Estímulo”. O primeiro é garantir tal mecanismo ao próprio docente. Conectar tradicionais matérias a habilidades “mão na massa” torna o aprendizado muito mais atraente e engajador, tanto para os profissionais de ensino quanto para os alunos.

Apoiar professores com formações que conectem conteúdo escolar à realidade – deixando claro sua aplicação prática no dia a dia – aliado a oportunidades de iniciação à pesquisa e desenvolvimento de projetos, faz com que eles virem estrelas. Primeiramente aos olhos dos alunos e, em seguida, da sociedade. Combater as evasões escolar e do mercado de trabalho é papel também dos professores. E o protagonista, responsável por oferecer a arma do “Ciclo do Estímulo” é o próprio Brasil.




Marcos Paim - professor e diretor do programa STEM Brasil da ONG Educando.

Educando
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Psicopedagoga orienta como pais devem lidar com o acesso das crianças à internet



A psicopedagoga Regina Lima afirma que é importante refletir sobre as melhores maneiras de usar a web como fonte de conhecimento de qualidade e de conteúdo para crianças e jovens em casa e na sala de aula. Segundo ela, as ofertas são muitas e é compreensível na nossa realidade que se faça uso, mas não de forma desmedida, do celular.

"É importante haver um melhor gerenciamento do tempo em relação à tecnologia. O diálogo como conscientização para o uso correto no mundo virtual e, quando necessário, determinar o tempo são pontos fundamentais para melhorar outras vivências tão significativas para o crescimento pessoal”, explica Regina Lima.

Regina Lima diz que é necessário saber como os menores estão lidando com os amigos na web e quem são eles. "Selecionar aplicativos e sites, verificar fotos e vídeos que postam e têm acesso são condutas importantes. Essas ações devem ser utilizadas para colocar em prática o exercício da liberdade com respeito e limite", orienta.

A especialista lembra, no entanto, que se deve ressaltar o poder da influência e do valor das mídias, que não podem ser vistas como vilã. Para ela, não se deve confundir os enormes benefícios que a internet nos oferece com situações estritamente de descontrole de atitudes.

"Possuir um aparelho próprio pode ser um pressuposto básico para fazer parte de um grupo e ter status social, além de poder participar da rotina do outro, expressar proximidade, afeto e dar vazão aos sentimentos, sem falar da perspectiva de encontrar amigos e familiares a qualquer momento, ajudando de certa forma a otimizar a vida corrida que os dias de hoje demandam", pondera Regina Lima.




Regina Lima  - Professora e Especialista em Psicopedagogia e Altas Habilidades pela UERJ - Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Trabalhou por mais de 40 anos como Coordenadora Educacional e Disciplinar lidando, ao longo desse período, diretamente com mais de 20.000 alunos. Liderou, por 12 anos um projeto que ajudou a educar crianças e adolescentes através de dinâmicas executadas em 24 disciplinas. É coautora do livro Inclusão Educacional - Pesquisa e Interfaces e associada à ABP - Associação Brasileira de Psicopedagogia.

Universidade Pública para todos


O gasto médio do governo por aluno no Brasil é menos da metade dos países da OCDE - 3.800 dólares contra 8.700, para o primeiro ciclo do Ensino Fundamental. Ou seja, o fato é que gastamos muito pouco com a Educação Básica. Com creches, então, nesse ritmo, esqueçam. Esse é o problema. Claro, cristalino. E vem a pergunta: cobrar mensalidades dos alunos e alunas das universidades públicas é a solução?

Deduzindo os 50% de alunos das universidades públicas que são cotistas, mais os que comprovarem não ter renda suficiente para cobrir as despesas, mais ainda os que pagarem só em parte e depois inadimplirem, o que vai ser arrecadado com a cobrança de mensalidades na Universidade Pública vai melhorar em que nível o quadro de penúria dos investimentos do governo na Educação?

Essa história de cortar e de cobrar para atender ao contribuinte preocupado é uma falácia para encobrir um interesse muito mais perverso: o desmonte da universidade como unidade de ensino, extensão e pesquisa, como comunidade de inovação, como centro reconhecido de análise sobre os problemas do país e como referência para os que buscam uma crítica abalizada das boas e más práticas dos governos. 

Exatamente por termos uma população média sem formação para a análise científica dos fatos - afinal foram tantas décadas sem investimentos adequados no ensino superior - que os membros do governo ainda têm respaldo para os comentários que fazem, como criticar as universidades públicas de fazerem pouca pesquisa ou de não contribuírem para o desenvolvimento econômico do país. A falácia da improdutividade das universidades públicas brasileiras é tão facilmente desmentida pelos números do próprio MEC que nem vale a pena fundamentar uma defesa da gratuidade com esse argumento. É óbvio demais.

Mas imaginemos que o governo faça o que promete: teremos alunos cotistas e alunos bolsistas integrais, alunos meio bolsistas, alunos que financiarão suas mensalidades em instituições financeiras e alunos abonados que confundirão seus boletos da universidade com o do apartamento de Miami. Ok, será feito um tipo de justiça. Quem tem recursos, pague. Justo? Imagine que você tem seu carro novo roubado e peça ajuda a  um policial e ele lhe apresenta uma tabela com os preços que você deve pagar pelos serviços dele. Afinal, você pode, não? Justo?

Segundo o jornal El País de 8 de junho de 2018, "quatro de cada dez pessoas que concluíram os estudos universitários nos EUA têm de devolver algum tipo de empréstimo. O total supera 1,5 trilhão de dólares (5,9 trilhões de reais), um montante que ultrapassa a riqueza de uma economia avançada como a da Espanha.” Um governo ruim é aquele que defende algo cujas consequências ele não se preocupa em calcular. Um governo é ainda pior quando há precedentes e dados estatísticos conhecidos e disponíveis e, mesmo assim, não se preocupa com as consequências de seus atos. A Universidade Pública deve ser igual para todos os que a frequentam. Gratuita nunca foi. As pessoas pagam imposto e usufruem de direitos. O de estudar é um deles. O de ir a um posto de saúde, outro. O de contar com segurança pública, mais um. Falta agora um governo que avance, buscando mais qualidade e ainda maior abrangência. Isso exige conhecimento, competência e seriedade. Talvez aí resida o verdadeiro problema.



Daniel Medeiros - doutor em Educação Histórica e professor no Curso Positivo. 


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