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terça-feira, 25 de setembro de 2018

Tabu ainda é principal obstáculo para combate ao suicídio


Setembro Amarelo: especialistas da Doctoralia analisam as principais questões envolvendo a depressão

 
Para marcar o Setembro Amarelo – mês da campanha brasileira de combate ao suicídio – a Doctoralia, plataforma que conecta profissionais de saúde e pacientes, conversou com especialistas para desvendar os principais estigmas sobre esse assunto. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2016 o Brasil registrou 11.433 mortes por suicídio, número 2,3% maior do que o registrado no ano anterior. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 322 milhões de pessoas no mundo sofrem de depressão, transtorno mental mais associado ao risco de suicídio, sendo 11,5 milhões de brasileiros – deixando o país em quinto lugar do mundo entre os mais afetados e em primeiro quando se fala de América Latina.

Entre as principais questões, o tabu e o preconceito existente em relação aos transtornos mentais ainda são as principais barreiras ao tratamento. “É possível observar uma mudança de mentalidade, mas ainda precisamos melhorar muito. Esse cenário não está tão ruim como era há 20 anos, mas na prática vemos muito preconceito, às vezes isso vem do próprio paciente”, destaca o psiquiatra e membro da Doctoralia, Rafael Dias Lopes. “Por ser uma doença de ordem mental, acontece de a pessoa ser subestimada, questionada e até ter seu problema minimizado e relativizado”, completa a psicóloga especialista em saúde mental e membro da Doctoralia, Tatiane Paula Souza.

Os profissionais são unânimes dizendo que o primeiro passo do tratamento é acolher a pessoa que se encontra em situação de risco. “Ela precisa sentir que pode falar sobre o que está sentindo, que não será julgada por isso e nem terá seu problema tratado como frescura”, pontua Dr. Rafael Dias Lopes. “A pessoa que está em sofrimento e chega a verbalizar que tem vontade de sumir ou que não aguenta mais viver, precisa se sentir acolhida, o que não acontece geralmente. É preciso entender que não se trata de uma pessoa fraca, pelo contrário, ela é corajosa e está buscando ajuda”, completa Tatiane.

 

Dúvidas comuns

Dentro da plataforma, a Doctoralia dispõe do serviço “Pergunte ao Especialista” - que permite tirar dúvidas sobre saúde, de forma gratuita e anônima. A maior parte das dúvidas relacionadas a esse assunto são sobre as medicações para o tratamento da depressão. Entre elas é possível observar questionamentos sobre quais são os riscos de dependência e os efeitos colaterais de medicamentos para tratamento dessa patologia. 

Os especialistas esclarecem que existem diversos transtornos mentais que podem estar associados ao suicídio e a necessidade de medicação varia de acordo com o caso, portanto somente um médico pode avaliar o paciente e medicar de acordo com o quadro de cada um. “A depressão é a causa mais conhecida para o suicídio, mas não é a única. A pessoa precisa passar por uma avaliação para se estabelecer o diagnóstico, depois disso é possível discutir a medicação, dosagem e duração necessária de tratamento. Também é importante unir o acompanhamento do psiquiatra com o tratamento psicológico”, pontua Dr. Rafael.

De forma geral, todos os profissionais sinalizam que é essencial observar os sinais que podem indicar mudanças comportamentais de uma pessoa com risco de suicídio e buscar ajuda profissional é fundamental. “O isolamento, por exemplo, pode ser um forte indício. Se a pessoa muda muito o seu comportamento habitual, abandonando as coisas do dia a dia, não quer conversar, chora muito, fala sobre morte ou faz referências ao suicídio, é essencial consultar um profissional o quanto antes”, aponta Dr. Rafael. A psicóloga Tatiane sinaliza ainda que os sinais podem ser discretos e não verbais. “A pessoa pode apresentar bastante ambivalência, pois existe um conflito interno. De modo geral, o comportamento é marcado por um sofrimento intenso, com traços de desesperança e desamparo”.








Doctoralia

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Setembro: mês de conscientização para a prevenção do suicídio


De acordo com dados divulgados, em 2014, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de um milhão de pessoas cometeram suicídio em todo o mundo. O Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, mostra que no Brasil, em 2012, foram registrados oficialmente 11.821 casos, o que representa uma média de 32 mortes por dia. O país é considerado o oitavo em número absoluto de suicídios. Porém, estima-se que muitas declarações de óbito omitem a informação sobre esse tipo de morte, o que contribui para a subnotificação.

E como forma de prevenir esse tipo de ato, setembro tornou-se o mês de conscientização para a prevenção do suicídio. A campanha foi mobilizada pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), e ficou conhecido como o “Setembro Amarelo”. O principal objetivo dessa ação é alertar as pessoas sobre o suicídio e, principalmente, diminuir e prevenir o crescimento de mais casos. 

Não importa o gênero, a classe social ou a idade, o comportamento suicida pode atingir qualquer pessoa. Existe uma série de fatores de risco socioculturais, genéticos, filosóficos, existenciais e ambientais que levam o indivíduo a cometer esse ato.  A existência de um transtorno mental encontra-se presente na maioria dos casos, e os que mais estão associados são: depressão, transtorno afetivo bipolar, abuso e dependência de álcool e outras drogas psicoativas, esquizofrenia e transtorno de personalidade.

O risco de suicídio fica ainda maior quando o diagnóstico inclui dois ou mais distúrbios como, por exemplo, bipolaridade e abuso de drogas. Porém, é preciso ficar atendo a outros fatores que também estão ligados à questão, como desesperança, busca de sentido existencial, falta de habilidade para resolução de problemas, isolamento social, impulsividade e acesso a meios letais.

É importante saber que o suicídio pode ser prevenido e, para isso, é importante ficar atendo a alguns sinais que podem ser um alerta quando uma pessoa apresenta por exemplo, determinados comportamentos como não ver sentido na vida, alteração brusca de humor, nutrir sentimento de vingança, alto nível de ansiedade, se achar um fardo para os outros, isolar-se do resto da sociedade por vergonha ou sentimento de humilhação, não cuidar da higiene pessoal, abusar de drogas lícitas e ilícitas, entre outros. Isso não significa que todos os indivíduos que se enquadram nesses quesitos irão um dia cometer suicídio, mas são sim sintomas de transtornos mentais, que podem levar a cometer o ato em si se não houver um cuidado.

E a melhor maneira de ajudar quem está nessa situação é dar a devida atenção e fazer com que ela fale sobre o problema. É preciso lutar contra esse tabu do suicídio, que por uma série de questões culturais e religiosas, ainda enfrenta muitos obstáculos perante a sociedade.  É importante procurar ajuda médica psiquiátrica ou psicológica, mas a prevenção vai além da rede de saúde. É necessário investir em ações nas escolas e universidades, usar o poder das mídias para disseminar campanhas preventivas, controlar acesso aos métodos mais utilizados para cometer o ato como, venenos e arma de fogo, e principalmente incentivar espaços de promoção a saúde e criação de grupos de apoio e autoajuda em instituições, ONGs, empresas e centros religiosos.

Por fim, é fundamental ressaltar que tão importante quanto a prevenção é a posvenção do suicídio, trabalho que consiste em ajudar os “sobreviventes suicidas”. O tratamento é feito de acordo com um plano terapêutico multidisciplinar tanto para o paciente quanto para os familiares, que inclui habilidades e estratégias para cuidar e ajudar, informar e prevenir um novo episódio. 





Dra. Hanah Mustapha Abou Arabi - médica coordenadora de interconsultas psiquiátricas do HSANP, centro hospitalar localizado na zona Norte de São Paulo.


Por que a pobreza aumentou?


Segundo dados do IBGE, o número de brasileiros abaixo da linha da pobreza (os que vivem com até US$ 5,50 por dia, ou R$ 387,07 por mês) aumentou 9,1 milhões e passou de 43,1 milhões em 2014 para 52,2 milhões em 2017. Na categoria de pobreza extrema (os que vivem com US$ 1,90 por dia, ou R$ 133,72 por mês) estavam 13,3 milhões em 2016, contra 8 milhões em 2014. O quadro da pobreza havia melhorado de 2004 a 2013, mas a recessão e o desemprego dos últimos três anos demoliram a renda das camadas mais pobres e, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), há 7 milhões de pobres sem nenhum tipo de assistência social.

Um relatório do Fórum Econômico Mundial circulou em 2004, assinado por dois economistas norte-americanos, e afirmava que a estagnação da África era a maior tragédia econômica do século 20. Segundo dados oficiais, a África abrigava 10% dos pobres do mundo em 1970 e essa taxa era de quase 50% em 2000. Os autores afirmam que as causas do fracasso africano são: conflitos militares, corrupção, desprezo pela lei, políticas fiscais indisciplinadas, infraestrutura precária e baixo investimento em capital físico.

Alguns analistas de esquerda disseram que aquelas causas eram elementos do capitalismo, em que o modo de produção está assentado no direito de propriedade, organização empresarial da produção, trabalho assalariado e austeridade financeira na gestão das contas públicas. Na época, lembrei-me da cidade de Nogales, cortada ao meio por uma cerca, tendo, do lado norte, Nogales no estado do Arizona (Estados Unidos) e, do lado sul, Nogales na província de Sonora (México). Em “Nogales do norte”, a renda por habitante é de US$ 30 mil/ano, enquanto na Nogales mexicana é um terço disso. Quanto às condições de saúde, escolaridade, segurança e moradia, a situação da Nogales norte-americana é de longe superior à Nogales mexicana.

É intrigante como as duas metades da mesma cidade, mesmo povo, mesmo solo, mesmo clima, são tão diferentes. Uma conclusão é óbvia: Nogales no Arizona desfruta das instituições norte-americanas, de alta qualidade, propícias ao desenvolvimento econômico e social, enquanto Nogales em Sonora sofre com as instituições mexicanas – que são de baixa qualidade, ineficientes e corruptas –, maus governos e estrutura política apodrecida.

Em alguns países, entre eles o Brasil, diante da pobreza causada por maus hábitos culturais e políticos, maus governos e instituições ruins e corruptas, muitos pedem mais Estado e mais governo, ou seja, doses maiores do veneno que os mata. Os países desenvolvidos são os que têm um forte setor produtivo privado, ambiente favorável aos investimentos, leis boas e estáveis, governo razoavelmente eficiente, respeito ao direito de propriedade e liberdades individuais. O exemplo das duas cidades de Nogales – que, apesar de tão iguais, são tão diferentes – é uma boa mostra do que funciona e do que não funciona.

O Brasil, tão rico de recursos, insiste em ser pobre e, nos últimos anos, viu a pobreza aumentar de forma intensa. Ressalte-se que a presidente Dilma não teve a mesma sorte de Lula. De 2002 a 2010, a economia mundial cresceu, as exportações brasileiras aumentaram, os preços das commodities subiram e a situação internacional favoreceu o período Lula. Logo no primeiro ano de Dilma, a situação se inverteu e ajudou a criar a crise brasileira, que teve por base os erros do período Dilma.

As mesmas mazelas do continente africano citadas no relatório do Fórum Econômico Mundial em 2004 estão presentes no Brasil, agravadas por baixa qualidade das instituições, falta de confiança nelas e maus governos. Assim, não é difícil entender por que o Brasil continua pobre, corrupto e violento.





José Pio Martins - economista e reitor da Universidade Positivo.
 

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