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terça-feira, 13 de julho de 2021

Pandemia e ansiedade em crianças e adolescentes: como identificar e tratar?

Depois de um ano e meio, a pandemia caminha para a reta final com a vacinação em massa da população. Sabemos que não será da noite para o dia que tudo voltará ao normal, mas com a flexibilização cada vez maior, a tendência é termos a segurança para retomar as atividades. Mas, até lá, ainda temos alguns desafios, como os reflexos desse isolamento estendido nas crianças e adolescentes. 

“A pandemia trouxe uma série de perdas, além das mortes de pessoas queridas. Aulas online, encontros virtuais, falta de interações pessoais, impossibilidade de contatos com amigos e familiares que não moram na mesma casa. Isso tudo gera uma ansiedade além do normal, podendo afetar a vida de crianças e adolescentes por um bom tempo ainda pós-pandemia, do ponto da saúde física e mental”, explica a pediatra Felícia Szeles. 

Essa ansiedade pode se manifestar de diversas maneiras, desde sintomas físicos, como taquicardia, respiração acelerada e falta de sono; até de forma cognitiva, com a dificuldade de concentração e perda de memória, que acabam refletindo diretamente no rendimento escolar deles. 

“As emoções também podem ser impactadas. A infância e adolescência são fases que pedem muito estímulo social para o desenvolvimento cognitivo. Por isso, um dos grandes desafios dos pais é adaptar ao máximo as situações e sempre falar sobre sentimentos e emoções, para que os filhos consigam identificar melhor o que sentem”, diz a Dra. 

Do ponto de vista físico, se essa ansiedade não for controlada, ela pode acarretar uma série de doenças, dores de cabeça crônicas, obesidade, vícios (principalmente em jogos), depressão e insônia. 

“A ansiedade deve ser acolhida em qualquer fase da vida, mas quando pensamos em crianças e adolescentes, os cuidados precisam ser redobrados, já que eles têm menos repertório da vida e de como lidar com essas questões. E como fazer isso? Conversando e estando próximos deles, só assim é possível identificar os sintomas da ansiedade”, diz Felicia. 


Indícios de que a criança ou o adolescente está com ansiedade:

·         dificuldade para dormir ou excesso de sono; 

·         tontura; 

·         boca mais seca; 

·         mãos geladas; 

·         irritabilidade; 

·         tédio; 

·         falta de interação social; 

·         baixa no rendimento escolar; 

·         dificuldade para expor sentimentos

 

Como ajudar? 

·         Dialogar sempre e sobre todos os assuntos; 

·         Esteja presente no dia a dia de seu filho; 

·         Permita, quando possível, o retorno à escola presencialmente (seguindo todas as medidas de proteção contra a Covid-19, claro!);  

·         Estimule a prática de atividade física e o retorno aos esportes, também seguindo todo protocolo de prevenção; 

·         Tenha uma rotina saudável, com horários para estudos, esporte, lazer ,uma boa   alimentação e, principalmente,  uma boa noite de sono. A rotina é super importante para o controle da ansiedade. 

“Se notar algum desses sintomas ou comportamentos diferentes no seu filho, converse imediatamente com o pediatra para que possam ter um diagnóstico mais assertivo e começar a cuidar de forma breve. Os tratamentos podem variar desde pequenas mudanças de rotina até terapia e remédios”, completa a pediatra. 


Pandemia e tecnologia: a nova Revolução Sexual

A psicologia, especialmente de reflexão psicanalítica, nos ensinou a pensar o prazer, enquanto gozo, no corpo e através deste, para além dos limites dos acontecimentos relacionais e amorosos e, com isso, aumentou o tecido do que se pode sentir e dizer como o gozar. Logo, com mais liberdade e alta tecnologia de relacionamentos, há tempos vivemos uma revolução do mais gozar. Desta forma, não se goza somente com o sexo-corpo, mas com a sexualidade libidinal em geral, com a alma em todas as formas de alteridade e em especial com o amor na qualidade das relações afetivas. E o que acontece então agora com o gozo, em tempos de pandemia?

Pesquisas e escutas clínicas dão conta de que a libido estacionou e regrediu nos tempos da pandemia. Grande parte dos relacionamentos fixos (cerca de 42%) não está obtendo gozo sexual nenhum. A queixa comum se traduz na perda ou falta de desejo e a descarga da tensão é feita no relacionamento. A tensão da situação de ansiedade, que exige preocupações e cuidados outros mais imediatos, o aumento do estresse da sobrecarga de atividades da sobrevivência cotidiana, a comunização do espaço de lazer e vivência doméstica com o trabalho home office, nos mesmos espaços e rotinas, sem o necessário distanciamento para a boa manutenção do desejo pelo outro, são também fatores que expõem e agravam crises anteriores já existentes, das quais a pandemia é o espelho. Agressões e separações também aumentaram muito.

Por outro lado, os solteiros e descompromissados de relações fixas, que já viviam um boom de relacionamentos, agora falam da tensão e ansiedade da necessidade de ter que suspender o fluxo de contatos e relações sexuais e se auto imporem normas de cuidados e autoproteção. Nesses casos, a maioria (53%) busca a saída no autosexo. Mas, para além das pesquisas, os relatos mostram que há alto índice de transgressão nas regras e que relacionamentos acontecem, mesmo correndo-se riscos, não só do vírus da Covid-19, como também de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), além do aumento de vulnerabilidade a relações promíscuas desprotegidas e abusivas. A qualidade afetiva destas relações imediatistas preocupa.

Todos os dados indicam que há uma nova revolução sexual em curso. O sexo atual se orienta pelo paradigma do “tinder-pornô”, ou seja, um “sexo híbrido” de conversa por aplicativo direto de relacionamento e sexo performático ao estilo dos vídeos eróticos, estimulando a rapidez e a facilidade de um “sexo orgásmico” (ainda muito centrado no gozo masculino). As mulheres reclamam (e com razão) mais respeito à alteridade e ao afeto nas relações; os homens, por mais sexo pornográfico.

E aí, gozou? Se a pergunta, como pensamos, aponta para um alvo de mais qualidade de sexo-convívio, talvez seja melhor deixar ainda a questão no ar.

 

Ocir Andreata - psicólogo, professor e pesquisador sobre a sexualidade, coordenador do curso de Pós-Graduação em Sexualidade Humana: Clínica e Educação, da Universidade Positivo. ocirandreata@gmail.com

A mente: um órgão que determina toda a nossa vida

Um sujeito que controla a sua mente, controla a sua vida


Vivemos em uma sociedade caótica na qual o imediatismo e a ansiedade reinam. Tudo é para ontem, tudo é perder tempo, a informação chega a todos de maneira quase instantânea e é preciso responder rapidamente a essa demanda, sendo, do cidadão, cada vez mais exigido com essa velocidade. Muitos acabam, em decorrência disso, em uma tentativa de acompanhar o ritmo da sociedade contemporânea, sucumbindo à depressão ou a vícios.

A resposta para esses problemas é mais simples do que possamos imaginar: a mente. Por mais que represente apenas 2% da massa do corpo, o cérebro é capaz de fazer mudanças e construir uma nova realidade. Isto é o que explica o terapeuta transpessoal e pesquisador, João Gonsalves: “quem estuda um pouco de neurociência sabe que o nosso cérebro é formado por conexões neurais e essa estrutura é que possibilita a ação. Fisicamente, o corpo é coordenado pelos comandos mentais”.

Compreende-se então que o cérebro ultrapassa suas funções básicas e biológicas. Ao longo da vida, são construídas malhas mentais, formadas por paradigmas individuais próprios. Até então essas malhas se mantiveram estáticas e seguíamos os mesmos padrões mentais. Entretanto, para João Gonsalves, essa estrutura pode mudar. “Depois de ter acesso à Autosofia, nós descobrimos um novo modelo mental que invalida muito da malha que havíamos construído anteriormente”, afirma. Esse fato acaba alterando o modo que o ser se constrói e desenvolve novas maneiras de autoconhecimento.

Cabe ressaltar que essa nova técnica não promete resultados imediatos e instantâneos. “A mente é um sistema complexo e reverter toda a malha é um processo lento. O trabalho é feito artesanalmente na construção de uma nova estrutura, enquanto a outra continua ativa e habitando em conjunto”, explica o assessor de autoconsciência. Depois disso, haverá uma consolidação da nova malha mental e a mudança da maneira de pensarmos. Para isto, será preciso sempre estar consciente e resiliente ao processo, uma vez que a antiga forma de pensar continuará ativa e influenciando a mente.

João Gonsalves explica que, “mesmo desejando um determinado objetivo, nossas antigas crenças nos levam a agir seguindo os velhos padrões mentais e, por consequência, a obtermos os mesmos antigos resultados. Temos que agir de maneira diferente, questionando os velhos padrões e reafirmando a nova malha mental; essa nova tomada de consciência nos encaminhará aos resultados que desejamos”. O autoconhecimento é capaz sim de alterar a nossa realidade física.

 


João Gonsalves - Terapeuta e Assessor de Autoconhecimento

E-mail: joaodedeusjd@uol.com.br

Site: www.joaogonsalves.com.br

Endereço: Estrada Manoel Lages do Chão, 1335 - Cotia - São Paulo


Como lidar com efeitos colaterais das vacinas contra a Covid-19

Divulgação 
Especialistas recomendam que a população não tema a vacina e explicam o que fazer em caso de reações


A vacinação contra a Covid-19 trouxe um medo natural relacionado às reações adversas que algumas pessoas já apresentaram, principalmente da Astrazeneca. Depois da agulha, o medo de o braço doer, da febre, mal-estar e até mesmo outros sintomas menos comuns, como diarreia e vômito.

O Instituto da Vacina de Curitiba sempre alerta aos pacientes que as reações a qualquer vacina podem acontecer e que a melhor forma de lidar com os efeitos colaterais é a informação. 

“No caso das vacinas contra a Covid-19, as dores de cabeça e perda de apetite são reações comuns. Existem relatos de complicações mais específicas, como a formação de trombos, mas não foi comprovado que tenham realmente sido desencadeadas pelas vacinas. E, mesmo que tenham sido, foram em uma incidência baixíssima”, conta Josiele Baranovski, gerente do Instituto da Vacina de Curitiba.

De acordo com os especialistas, as reações a qualquer tipo de vacina se dividem em leves, moderadas e graves. As leves seriam dor, vermelhidão e inchaço no local da aplicação. Reações moderadas incluem cansaço, febre, dor no corpo, semelhante a um resfriado. As reações graves, como choques anafiláticos, podem acontecer mas são raras e não são exclusividade das vacinas contra a Covid-19, podem ocorrer com qualquer vacina ou medicamento.

“As reações às vacinas da Covid-19 não são diferentes das outras. Na maioria das vezes basta repouso, aumento de ingestão de líquidos e compressas locais com água em temperatura ambiente por período não maior do que 24 a 48 horas. Analgésicos e antitérmicos podem ser empregados, com orientação médica, quando necessário. Se os sintomas persistirem é preciso buscar atendimento especializado”, explica a médica Maria Teresa Resnauer Taques, do Plunes Centro Médico, de Curitiba (PR).

Para os especialistas, a esmagadora maioria das reações às vacinas contra a Covid-19 são leves ou moderadas, ocorrendo dentro de 24 a 48 horas, e desaparecendo no máximo em três dias. “Nos casos que não seguem essa evolução é recomendado procurar orientação médica para maior segurança”, alerta Josiele. 


Vacina ainda é a melhor prevenção

Os benefícios do uso da vacina superam em muito o risco de alguma reação. A Covid-19 ainda não tem um tratamento específico e somente a vacina pode frear a pandemia. “Medos e mitos infundados não devem servir de desculpa para abrir mão desse recurso inestimável. O risco de quem prefere não tomar o imunizante é sempre muito maior que o de quem toma”, frisa Josiele.

Para o Instituto da Vacina, a reação vacinal não está relacionada com a eficiência do processo. A vacina irá desencadear proteção esperada independentemente de causar ou não reações adversas.


Médico desmistifica informações sobre o Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES)

O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença inflamatória crônica de origem autoimune, cujos sintomas podem surgir em diversos órgãos de forma lenta e progressiva (em meses) ou mais rapidamente (em semanas) e variam com fases de atividade e de remissão.1 A doença exige cuidados e precisa de acompanhamento de especialista. O Dr. Morton Scheinberg, pesquisador em doenças autoimunes, PhD (Universidade de Boston/EUA), livre-docente em imunologia (USP), e reumatologista do Hospital Israelita Albert Einstein e do núcleo de doenças autoimunes, esclarece os principais mitos e verdades sobre a enfermidade.


A incidência de Lúpus é maior em mulheres?

Verdade - A doença ainda continua a ser uma das enfermidades crônicas mais frequentes nas mulheres em idade reprodutiva; sendo também a doença dez vezes mais frequente no sexo feminino.2,3


O paciente com Lúpus não pode ser vacinado contra a Covid-19?

Mito - Segundo Dr. Scheinberg, o quadro de Covid-19 em portadores de doença autoimune tem sido muito variável. Alguns estudos, com número elevado de pacientes, dão conta de que não há muita diferença no quadro clínico de um paciente com e sem doença autoimune que desenvolve a forma mais grave da Covid-19. Os estudos que avaliaram a eficácia das vacinas excluíram os pacientes portadores de doenças autoimunes, mas os benefícios para seguir com a vacina é melhor nestes casos do que não tomar. Não há relatos de eventos adversos graves nesse grupo de pacientes que tomaram a vacina. Mas o ideal é que o paciente se informe com o médico que o acompanha.4,5


O sol é um dos gatilhos do Lúpus?

Verdade - Há sempre um gatilho que deflagra o Lúpus. Quando ambiental, ele costuma ser a exposição a luz solar. E o sol é o principal fator. Por isso, é sempre recomendada a fotoproteção.6


O Lúpus tem cura?

Mito - Até o momento, o Lúpus não tem causa ou cura conhecida. O diagnóstico e o tratamento precoces são a chave para um melhor resultado de saúde e geralmente podem diminuir a progressão e a gravidade da doença.1 Mas, o prognóstico mudou e melhorou muito nas últimas duas décadas quando comparado com as respectivas décadas anteriores.


O tratamento com imunobiológicos tem boa eficácia?

Verdade - Os tratamentos com imunobiológicos têm se mostrado eficazes para pacientes que sofrem com Lúpus com ou sem comprometimento do rim, a Nefrite Lúpica (NL). Inclusive, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou neste ano a primeira terapia biológica para o tratamento da NL ativa em pacientes adultos.7 A aprovação foi baseada nos resultados do estudo BLISS-LN, que apresentou informações sobre a resposta renal de eficácia primária no período de 104 semanas. No total, participaram 448 voluntários e 107 centros de pesquisa, sendo nove deles brasileiros ⁹. Os resultados evidenciaram que pacientes tratados com terapia biológica, associada à terapia padrão, tiveram 55% mais chances de atingirem a esta resposta, quando comparados ao grupo placebo mais a terapia padrão, além da probabilidade de 46% de manter a resposta renal até a semana 104.8

 

 

Referências:

• SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA. Lúpus Eritematoso Sistêmico. Disponível em: https://www.reumatologia.org.br/doencas-reumaticas/lupus-eritematoso-sistemico-les/. Acesso em: 21 jun. 2021.

• DA COSTA, LM. et al. Lúpus Eritematoso Sistêmico: Incidência e Tratamento em Mulheres. Revista Uningá Review, 20(1): 81-86, 2014.

• SCHEINBERG, MA, et al. Lupus low disease activity (SLE) in patients treated with belimumab: a single-center real-life experience (2016-2019). Clin Rheumatol, 40(3): 923-927, doi: 10.1007/s10067-020-05315-w, 2021.

• SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA. Pacientes com doenças reumáticas autoimunes estão no grupo prioritário para vacinação contra a Covid-19. Disponível em: https://www.reumatologia.org.br/noticias/pacientes-com-doencas-reumaticas-autoimunes-estao-no-grupo-prioritario-para-vacinacao-contra-a-covid-19/. Disponível em: 21 jun. 2021.

• FOLHA DE SÃO PAULO. Vacinas e doenças autoimunes. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2021/05/vacinas-e-doencas-autoimunes.shtml. Acesso em: 21 jun. 2021.

• SOCIEDADE PARANAENSE DE REUMATOLOGIA. Lúpus Eritematoso Sistêmico. Disponível em: https://reumatologiapr.com.br/lupus-eritematoso-sistemico/. Acesso em: 21 jun. 2021.

• BENLYSTA (belimumabe). Bula do produto.

• FURIE, R. et al. A - Two-Year, Randomized, Controlled Trial of Belimumab in Lupus Nephritis. N Engl J Med, 383(12): 117-28, doi: 10.1056/NEJMoa2001180, 2020.


Autocuidado: Como lidar com a ansiedade no home office

As mudanças causadas pela pandemia da Covid-19 pegaram todos nós de surpresa. Em um breve espaço de tempo, todas as relações, tanto profissionais como pessoais sofreram alterações drásticas e tivemos que nos adaptar a um cenário de grande incerteza. A saúde e o bem estar coletivo passaram a ser as principais pautas e preocupações das pessoas, e também das empresas.

Antes, apenas vistos como uma alternativa à rotina de trabalho, práticas como o home office e o trabalho híbrido logo tornaram-se realidade para a maioria das empresas. É importante ressaltar também que, para muitos, essa foi a primeira experiência de trabalho nessa modalidade, e além do fator novidade, isso também desencadeou outras sensações, como ansiedade.

Por ser uma novidade, as empresas logo se depararam com uma certa falta de preparo para organizar e gerenciar as atividades e rotinas, bem como delimitar um espaço para compromissos de trabalho e vida pessoal. Sendo assim, muitas pessoas começaram a trabalhar muito mais horas do que quando estavam no escritório.

De acordo com uma pesquisa realizada pela runrun.it , 55% dos respondentes dizem estar com um nível de estresse moderado durante este período de trabalho remoto, e 29% apresentam níveis altos de estresse. Ainda nesse sentido, 61% afirmam se sentir exaustos, sem energia física e/ou emocional, e 43% apontam que existe uma grande dificuldade em se desconectar depois de um dia de trabalho.

Mas então, como a empresa pode ser uma grande facilitadora e protagonista na promoção do bem estar e autocuidado dos colaboradores?

É importante que exista um olhar integral para a saúde da empresa e do colaborador, bem como mapear possíveis dores e pontos de atenção. Algumas práticas que podem ajudar a sua empresa colocar isso em prática são:

• Estimular um ambiente de trabalho humanizado, com comunicação não violenta: para isso, é muito importante que, principalmente as pessoas em papéis de liderança, estejam preparadas para estimular esta atitude, e até, oferecer algum treinamento para esta soft skill;

• Escuta ativa e ambiente de comunicação seguro: implementar uma cultura de feedbacks pode ser muito útil para melhorar o fluxo de informações entre as pessoas e áreas, ou até mesmo, criar algum canal de escuta anônimo;

• Oferecer serviços e benefícios focados em saúde mental;

• Criar rotinas de descompressão, promovendo a interação entre as pessoas e um ambiente para não falar sobre trabalho - pode ser um happy hour online, por exemplo.

Essas são algumas das várias possibilidades que a sua empresa tem para promover um ambiente mais focado em autocuidado, visando mitigar os efeitos negativos do home office nos colaboradores. Mas é claro que sempre existe a possibilidade de adaptar ou criar coisas novas, observando suas próprias necessidades e particularidades.

Um exemplo desse tipo de ação na prática é o suporte que serviços de saúde podem oferecer. Além de todo o suporte de médicos e enfermeiros de família, é importante ter como parte da equipe de saúde o acompanhamento com o psicólogo.

Por meio da telemedicina, o contato com os profissionais é facilitado, o que faz com que os riscos de uma piora do quadro de ansiedade, por exemplo, sejam observados. Além disso, o time pode promover também workshops e ações coletivas, visando trazer temas que podem ser importantes a serem trabalhados dentro da empresa. Esta é uma forma de dar suporte ao olhar que o RH possui de seus colaboradores.

Lembre-se que, cuidar dos seus colaboradores e de sua saúde, é também cuidar da sua empresa. O RH deve ser um aliado nesta transformação, pensando de maneira proativa, e não deixando situações extremas surgirem.

 

 

Rafael Barreto - Enfermeiro com residência em Atenção Primária pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, é mestrando pela mesma faculdade. Atuou como enfermeiro de família por quase dois anos no Albert Einstein e é Head de Enfermagem da Cuidas desde 2018.

Libido exagerada: os riscos da hiperssexualização em tratamentos hormonais

Crédito: Unsplash/Reproductive Health Supplies Coalition

Endocrinologista explica como os exageros podem causar desequilíbrio e comportamentos sexuais autodestrutivos

 

A libido - que é o desejo sexual humano - e a forma como ela se manifesta são controladas por diversos fatores, e varia de pessoa para pessoa. Questões psicológicas e culturais têm influência, mas além deles os hormônios também fazem a diferença.

Nos homens e nas mulheres, são hormônios diferentes que determinam a libido. Enquanto no público masculino os níveis de testosterona são o principal indicativo de apetite sexual, no feminino são a progesterona e a testosterona.

Ao falar de desejo sexual, o primeiro pensamento que pode surgir é: "quanto mais, melhor". Contudo, isso está longe de ser o ideal. Por isso, ao recorrer a tratamentos hormonais para equilibrar a libido, é preciso encontrar um profissional responsável e com bom senso.

De acordo com Dr. Luis Bianchi, endocrinologista da clínica Corporeum, em Brasília, qualquer pessoa que recebe testosterona, progesterona ou outros hormônios derivados podem passar por um processo de hiperssexualização. Ou seja, um aumento artificial e fora do padrão dessa pessoa.

"É possível que ocorra uma desinibição social inadequada em vários níveis, chegando até a comportamentos sexuais bizarros e autodestrutivos, como exposição a doenças sexualmente transmissíveis, relacionamentos extraconjugais e até psicose, com alucinações e sintomas parecidos com os da Esquizofrenia", explica o médico.

Por mais inocente que possa parecer "turbinar o desejo sexual", se isso não for feito com cuidado e parcimônia, doses excessivas podem desencadear euforia inconsequente, divórcios e até mesmo aumento de criminalidade nos pacientes.


Por que isso acontece?

Dr. Bianchi afirma que os riscos existem porque, apesar de se tratarem de hormônios, os efeitos são diferentes para os que são produzidos naturalmente pelo organismo e pelos que são introduzidos de forma artificial.

"Aliado a isso existe uma forte tendência ao uso de hormônios como fonte da juventude e de vigor sexual de maneira artificial e padronizada, sem respeitar as características de cada pessoa", aponta.

Logo, a solução para não passar por esse tipo de problema é estar acompanhado de um médico endocrinologista adequado e com boas referências. "Isso é indispensável para determinar se a causa das alterações de desejo sexual são hormonais ou não e definir um tratamento adequado e seguro", finaliza. 


Disfunção erétil: um alerta para doenças cardiovasculares

Disfunção Erétil (DE) é a incapacidade de manter uma ereção adequada para um desempenho sexual satisfatório. A falha de ereção pode ser um sinal de alerta precoce para doenças cardiovasculares. Estudos recentes evidenciaram que homens com Disfunção Erétil apresentam maior probabilidade de sofrer um ataque cardíaco, acidente vascular cerebral (AVC) ou apresentar problemas circulatórios nas pernas ao longo da vida.

Segundo publicações da Sociedade Americana de Urologia (AUA), estima-se que aproximadamente 30 milhões de homens nos Estados Unidos e 320 milhões no mundo apresentam algum quadro de disfunção erétil. Os fatores de risco para DE e Doenças Cardiovasculares (DCV) são bem conhecidos: envelhecimento, tabagismo, diabetes mellitus, hipertensão arterial, dislipidemia (aumento de gordura no sangue), apneia do sono (suspensão momentânea da respiração), redução dos níveis de testosterona, depressão, obesidade e um estilo de vida sedentário.

Estudos científicos mostram que a Disfunção Erétil (DE) representa um marcador de risco para o homem desenvolver doenças ou até mesmo morrer por Doenças Cardiovasculares (DCV). Em recente revisão de cinco meta-análises e duas revisões sistemáticas que abordam a associação de DE com DCV, publicado em janeiro de 2021, foram encontrados maiores riscos de doença cardíaca, coronariana, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral em pacientes com disfunção erétil do que em outros pacientes. Além disso, quando a DE manifesta-se em homens mais jovens, ela prediz um aumento acentuado no risco de eventos cardíacos futuros em até 50 vezes, sugerindo que homens jovens com disfunção erétil, em particular, se beneficiariam do diagnóstico precoce e tratamento adequado para DCV e DE.

A seguir, citaremos fatores que podem ser relacionados ou diagnosticados em pacientes com disfunção erétil, a saber:


Hipertensão Arterial (pressão alta): Está presente em 38% a 42% dos homens com Disfunção Erétil e aproximadamente 35% dos homens com Hipertensão Arterial apresentam algum grau de Disfunção Erétil.


Dislipidemia (aumento de gordura no sangue): Níveis elevados de colesterol estão correlacionados em até 42,4% dos homens com disfunção erétil de moderada a grave.


Diabetes mellitus (aumento dos níveis de açúcar no sangue): A DE é uma das complicações mais comuns do Diabetes Mellitus, dependendo da gravidade e duração do diabetes. Estudos mostram que a DE pode variar de 20% a 85%, dependendo do período e população estudada. Segundo dados da AUA, em um Estudo de Envelhecimento Masculino, foi observado um risco três vezes maior para homens diabéticos evoluírem com DE quando comparados a não diabéticos na mesma faixa etária. Da mesma forma, os estudos científicos evidenciam que a presença de DE pode prever eventos cardiovasculares em homens diabéticos.


Apneia do sono: É um distúrbio que resulta na parada repentina dos movimentos respiratórios por tempo suficiente para acordar e diminuir a quantidade de oxigênio no sangue. Os distúrbios do sono podem resultar em sonolência diurna, aumento da frequência miccional noturna, fadiga, irritabilidade, dores de cabeça pela manhã, lentidão de pensamento, dificuldade de concentração e redução dos níveis séricos de testosterona (hormônio masculino), além de favorecer o aparecimento das doenças cardíacas e hipertensão arterial, que em última análise pode resultar em fator de risco para DCV e DE.

Podemos concluir que a Disfunção Erétil pode ser uma manifestação precoce de outras doenças e deve ser encarada como um importante sinal de alerta. O melhor tratamento é a prevenção, por isso não deixe de conversar com o seu Urologista. Ele saberá como melhorar a sua saúde sexual, bem como a saúde geral.

 


Dr. Marco Aurélio Lipay - Doutor em Cirurgia (Urologia) pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), Titular em Urologia pela Sociedade Brasileira de Urologia, Membro Correspondente da Associação Americana e Latino Americano de Urologia e Autor do Livro "Genética Oncológica Aplicada à Urologia".


A volta à vida no Vale do Silício

Estamos em julho de 2021, Califórnia, Estados Unidos. Nas próximas linhas, pretendo fazer uma prévia sobre o que deve acontecer com o mundo nos próximos meses. Espero estar certa nessa radiografia.

No Vale do Silício, mais de 80% da população já está vacinada contra a covid-19. Ainda há quem seja contra a vacinação - algo em torno de 25% - mas a boa notícia é que já atingimos a imunidade de rebanho. Com isso, não é mais obrigatório o uso de máscaras e nem fazer distanciamento.

Na região, o mundo está voltando ao normal, porém um normal diferente, mais intenso, no qual as pequenas coisas estão supervalorizadas. Pessoas que nunca se viram se cumprimentam, sorriem umas para as outras, se parabenizam pelas pequenas vitórias e ficam emocionadas com facilidade.

A piscina pública que eu frequentava abre as portas na próxima semana. Isso significa o retorno da prática de exercícios físicos após 18 meses sem treinar. Nadar sem máscaras - claro! - e dividindo as raias. Eu odiava ter que dividir a minha, mas agora estou na contagem regressiva para isso acontecer.

Será que era preciso a chegada de um vírus mortal para aterrorizar nossas vidas e nos fazer acordar para valorizar o que sempre teve valor? Mas não é por esse ponto que eu escrevo esse artigo. Quero contar mais sobre a retomada das atividades no Vale do Silício, como é um dia normal no cotidiano dessa região.



No café é que brotam as ideias

Oito da manhã. Sentada em um café para participar da primeira reunião com o Felipe, sócio de uma das empresas de educação mais disruptivas atualmente no Brasil e que é nossa parceira. Que orgulho dessa moçada que veio para "quebrar tudo", tanto no Vale quanto no Brasil. Por aqui é costume fazermos esses encontros nos cafés. Após vários goles da minha bebida quentinha, embalada pela narrativa de retomada das atividades, fico sabendo que eles logo estarão na mídia no Brasil. Já me deixou muito feliz!

Na sequência, passada rápida ao supermercado para comprar algumas coisas que estão faltando, um pulo na Universidade de Stanford e depois almoço com duas grandes figuras do Vale. Laura, que é uma das líderes responsáveis pela área educacional das escolas públicas da Bay Area, e Sherry, advogada que atuava em Davos e prefeita de uma das cidades mais charmosas da região.

Na pauta de nossa conversa, a abertura da Europa para as nossas próximas viagens de estudo. Nós fazemos parte de uma associação de arqueologia e estamos desesperados para voltar aos sítios arqueológicos. Porém, as fronteiras ainda estão fechadas.

No entanto, o que nos deixa animados é que já temos como pensar em datas e perspectivas concretas sobre esse retorno, o que é muito mais do que tínhamos há 18 meses. Acho que sou a única do grupo que não é aposentada. Muitos deles aproveitaram o momento e penduraram as chuteiras da vida profissional para se dedicar à sua paixão por arqueologia.

Na parte da tarde, seis mulheres que integram um grupo de investidores e de startups brasileiros, que não se encontrava desde o início da pandemia, elegeu a mesa de um restaurante para retomar seu "tricot" sobre as novidades. Na pauta, além de maquiagens, o assunto mais importante: como os nossos negócios lidaram com a covid.

Todas estão se mexendo para surfar essa retomada. A Debora e a Heloísa estão prestes a revolucionar a indústria da moda com a BePop, uma startup que desenvolveu uma plataforma que usa tecnologia para transformar desenhos dos filhos em roupas lindas. Já a Mirelly está bombando com a Verbena - a Daslu das flores, disruptiva na entrega, no charme e no escopo do negócio - agora com presença em São Paulo e no Rio de Janeiro. Já a Lona fundou a Education Journey, uma startup de educação que nasceu durante a pandemia, recebendo investimentos de todos os lados e está revolucionando o ensino corporativo.

A Ellen percebeu, durante a conversa, uma oportunidade de fazer o "landing" de produtos nos Estados Unidos. Todas deram palpites no negócio de cada uma e voltamos para casa com ideias trocadas, testadas e prototipadas. Um business plan, que normalmente demora um ano para ser feito, no Vale é desenvolvido em um guardanapo durante a conversa em um café e passa para a próxima fase em poucos dias. Essa é a pegada de funcionamento do Vale.



Reaquecendo os motores

Na Wish International, estamos neste momento saindo gradualmente do estado de hibernação. Uma empresa que faz eventos internacionais e tem clientes brasileiros como maioria esteve no lugar errado na hora errada durante a Covid. Mas nunca deixamos de acreditar na demanda reprimida. Por isso, não demitimos ninguém e nem desplugamos parceiros que trabalham em nossos quatro escritórios instalados em três continentes.

O Vale do Silício sofreu bastante com a pandemia. Muitos parceiros deixaram a região, mas foram semear disrupção e inovação pelo mundo. E vejo novas pessoas e empresas chegando, com novas ideias pulsando nas veias. Se elas tiverem a mente aberta e a alma generosa, o "novo" Vale do Silício deve abraçar, inspirar e "vitaminar" essas ideias. E eu estou muito curiosa para acompanhar os próximos capítulos desse cenário.



Natasha de Caiado Castro - fundadora e CEO da Wish International, especialista em inteligência de mercado, Content Wizard e Investor. É também Board Member da United Nations e do Woman Silicon Valley Chapter.


Investimento em tecnologia e agilidade de negócio: o segredo para não naufragar na crise


Ter capacidade de mudar e de se adaptar a mudanças com rapidez e assertividade nunca foi tão importante no ambiente corporativo quanto agora, quando o mundo enfrenta a maior pandemia do século XXI. Sem agilidade de negócio ou business agility, muitas empresas teriam naufragado quando o coronavírus começou a se espalhar. Sobreviveram aquelas que conseguiram fazer ajustes em seus processos para acomodar as necessidades de seus negócios junto com o ambiente em mudança.

Sem dúvida, o investimento constante em tecnologia é fundamental para que as corporações possam superar momentos de crise como esse, além de se destacar em um ambiente marcado pelas altas expectativas dos clientes, a competição crescente e pelos tempos reduzidos para o mercado. As que sobrevivem e registram os maiores lucros são justamente as que investem pesado para se tornar mais ágeis.

A volatilidade do mercado não é algo previsível — mais uma lição ensinada pela pandemia do coronavírus. Usar sistemas e tendências para calcular e estimar a probabilidade do que está por vir é uma boa uma opção, mas com o número de variáveis em jogo, essas equações estão longe de ser perfeitas.

É por isso que planos de negócios realmente estratégicos e eficientes devem sempre levar em consideração que as coisas podem mudar a qualquer momento — isso significa ter um plano que permita à empresa se adequar rapidamente para sobreviver às interrupções.

Nós, da BHS, empresa especializada em estratégia de TI, percebemos que a pandemia daria um nó na economia global logo no início e sabíamos que muitos de nossos clientes precisariam se adaptar aos novos modelos de trabalho, como o home office. Imediatamente, começamos a desenvolver soluções customizadas para cada um que nos procurava.

É o caso da RHI Magnesita, que teve de migrar os cerca de 500 funcionários da sede de Contagem (MG) para o trabalho remoto. Depois, com a flexibilização das normas sanitárias, a companhia precisou mudar novamente e garantir o retorno seguro dessas pessoas para o trabalho presencial. Para isso, mais uma vez a corporação solicitou o apoio e expertise da BHS, que criou o BHS Booking.

Utilizando a Power Platform e o Microsoft 365, o aplicativo do Booking verifica a disponibilidade de mesas, salas de reunião e até vagas de garagem, possibilitando agendar previamente toda a estrutura que cada pessoa vai usar naquele dia de trabalho.

Também é possível acompanhar como os colaboradores estão utilizando os espaços disponíveis para que todo o ambiente possa ser otimizado de maneira segura nesse período de retomada. Além disso, todas as funcionalidades do aplicativo foram personalizadas de acordo com o espaço físico real da RHI Magnesita, incluindo a planta do escritório com os números das mesas.

Graças ao sucesso da plataforma, RHI Magnesita vai levar o BHS Booking para a unidade Europa. A sede, em Viena, vai receber um projeto piloto do aplicativo. Inicialmente, compreenderá um andar do edifício e, depois, todo o prédio. A BHS também já fechou contratos para desenvolvimento da interface com a empresa alemã Behringer, além das brasileiras Localiza e da Potencial Seguradora.

Não é à toa que a história do business agility como conceito começa com o desenvolvimento de software. A metodologia ágil foi criada para abordar problemas causados pela mudança de requisitos de uma aplicação durante o seu desenvolvimento.

No ambiente corporativo, os sistemas Enterprise Resource Planning (ERP) moldaram e ditaram o cenário de aplicativos por mais de 20 anos, resultando em uma estrutura monolítica, com alto custo e flexibilidade limitada.

Nos últimos anos, a nuvem começou a liberar o cenário de aplicativos, eliminando o controle do punhado de fornecedores de desenvolvimento tradicionais dominantes. Os aplicativos de hoje se originam de uma variedade de novas fontes, incluindo catálogos e trocas online.

Nesse ambiente, as plataformas são o canal de inovação dominante. Algumas das melhores inovações no mercado atual estão acontecendo fora das quatro paredes da empresa, limitando a necessidade das expansivas equipes de pesquisa e desenvolvimento de ontem.




André Xavier - diretor da BHS.

 

LGPD: falta de encarregado pode ser infração entre as mais comuns no país

Penalidades começam a ser aplicadas em 1º de agosto e variam de advertência a multas 


Não são poucos os desafios com a entrada em vigor da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais 13.709/2018 (LGPD). Para estar em conformidade com a nova regulamentação, é preciso um trabalho minucioso e eficaz de adequação, que envolve desde a aplicação de soluções tecnológicas, a revisão de contratos e políticas internas, e um trabalho educacional contínuo, de conscientização e treinamento de equipes. 

Com a aproximação da aplicação das sanções da LGPD, que começam a vigorar no dia 1º de agosto, o Comitê Privacy BR conduziu um estudo para saber como está esse processo de adaptação, com base na atuação do Encarregado de Dados (chamado também de DPO). A escolha foi devido a sua importância em casos de incidentes ou irregularidades, já que ele é o interlocutor entre a empresa, o titular das informações e as autoridades. 

Além de ser fundamental nesse momento em que passam a valer as penalidades, justamente por realizar a mediação com a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), órgão responsável por aplicar as sanções administrativas, a falta de um profissional para desempenhar a função de Encarregado é considerada infração pela LGPD, sujeita a penas que variam de advertência a multas. Conforme o artigo 41 da lei, “o controlador deverá indicar encarregado pelo tratamento de dados pessoais”.  

Isso porque ele desempenha funções essenciais para que a lei seja cumprida dentro do contexto das empresas, é quem lidera o desenvolvimento e a manutenção do programa de conformidade com a LGPD dentro de uma organização. Considerado o guardião dos dados pessoais, o Encarregado é o responsável pela adoção de medidas que garantem o cumprimento das regras.  

Para resolver a obrigatoriedade de ter o Encarregado, a pesquisa mostra que muitas empresas estão em busca de uma solução chamada "DPO as a service". Ou seja, a contratação de um especialista em privacidade de dados para ocupar a função, um DPO profissional, que atuar justamente para garantir a conformidade da lei dentro da organização. 

O levantamento foi feito entre os dias 20 de abril e 16 de maio e contou com a participação de 83 executivos das áreas Jurídicas e de TI de grandes empresas de todo o país, de mais de 20 setores econômicos. Aplicado por meio de questionário on-line, após divulgação nas redes sociais do Comitê, indicou três principais desafios na rotina dos Encarregados:  

1) Conscientização da empresa e colaboradores sobre a importância do tema de Privacidade e Proteção de Dados Pessoais (49,4%) 

2) Engajamento das demais áreas que dão suporte para as atividades relacionadas à Privacidade e Proteção de Dados (48,2%) 

3) Equipe reduzida (47%)

Na avaliação da advogada Patricia Peck Pinheiro, presidente do Privacy BR e sócia head de Direito Digital do PG Advogados, são informações que demonstram como essa longa jornada de adequação à LGPD é feita em várias etapas, por vezes bastante complexas, e que demandam dedicação e comprometimento de todos os envolvidos. A dificuldade em atingir a conscientização e o engajamento necessários é indicativo de risco e preocupação nas empresas, e consequentemente, motivo de alerta para os titulares dos dados.  

“As ações de sensibilização podem ser cruciais para o sucesso da implementação de um projeto de LGPD, tendo em vista que o fator humano é uma das maiores vulnerabilidades para vazamento de dados. Além de nomear o Encarregado, realizar campanhas de capacitação e orientação das equipes estão entre as iniciativas mais importantes para fazer cumprir a nova regulamentação.” 

          Preocupar-se com a segurança dos dados dos clientes é mais do que uma postura estratégica das empresas: é uma necessidade de mercado. Mais do que as motivações legais, a perda da confiança do usuário em relação às marcas que sofrem ataques ou incidentes de dados tem aumentado a cada dia, demonstrando ainda mais a necessidade de se pensar o negócio de forma preventiva, ética e transparente quando o assunto é Segurança Digital.


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