Conheça os principais nutrientes com poder cicatrizante e saiba como inseri-los na dieta
Ao
realizar um procedimento cirúrgico, se recuperar de algum ferimento ou, até
mesmo, após alguma intervenção estética, como uma tatuagem ou a colocação de um
brinco, que geram algum tipo de lesão, várias preocupações surgem, e o aspecto
final da cicatriz, embora não seja mais importante do que a saúde em si, é uma
delas. A recuperação total, que torna a cicatriz quase imperceptível, não
depende apenas da destreza do médico ou cirurgião, há outros fatores que
definem a aparência do tecido lesionado, e a composição do cardápio, que muitas
vezes passa batida, é um dos principais.
A
maioria das pessoas desconhece que uma coisa tem tudo a ver com a outra e isso
acontece porque certas substâncias, encontradas nos alimentos, têm a capacidade
de retardar ou potencializar a reconstrução da área que sofreu uma incisão
feita pelo bisturi do cirurgião, ou por um acidente. Alimentos ricos em
vitaminas, proteínas, ferro e zinco, consumidos adequadamente, trabalham em
conjunto para uma cicatrização rápida e saudável. Portanto, as escolhas
alimentares fazem toda a diferença nesse processo e, por isso, é fundamental
saber o que deve fazer parte da dieta e o que deve ficar longe do prato.
Como ocorre a cicatrização
Seja
um corte, uma escoriação ou uma queimadura, sempre que o corpo sofrer algum
tipo de lesão, o organismo buscará meios para realizar uma reparação. No
entanto, se o ferimento não tiver uma boa recuperação, as chances de
desenvolver cicatrizes definitivas são grandes. Para evitar isso, as pessoas,
geralmente, investem em diversos tratamentos estéticos e cremes. Mas manter uma
alimentação balanceada, aliada aos cuidados médicos, é a melhor maneira de
acelerar o processo de cicatrização e reconstruir os tecidos rapidamente,
evitando as marcas indesejadas.
O
organismo enfrenta três fases nesse processo, a primeira é a inflamatória,
caracterizada pela coagulação e migração celular, nela é necessário aumentar o
aporte de vitamina K e proteínas. Já na segunda acontece a proliferação, ou
seja, o desenvolvimento das células, sendo fundamental o consumo de alimentos
ricos em vitamina C e minerais, como ferro e zinco. Na última fase acontece a
remodelação, processo de maturação e estabilização do colágeno, por isso é
essencial a presença de vitaminas e proteínas no organismo.
Fontes de cura
Segundo
a nutricionista Gabriela Domingues, alguns alimentos funcionam como verdadeiros
remédios naturais para acelerar o processo de cura da pele desde pequenos
arranhões até incisões cirúrgicas. “Isso acontece graças aos nutrientes
presentes em suas composições, que promovem a renovação e multiplicação celular
de forma mais rápida, tornando assim a cicatrização eficiente e quase invisível
após o período de regeneração”, explica a profissional que a atua na Nova
Nutrii, especializada em nutrição clínica,
segundo ela: “Os alimentos com propriedades cicatrizantes facilitam a formação
do tecido que fecha as feridas e ajuda a diminuir as marcas na pele”. Conheça
mais sobre os principais nutrientes que devem compor o cardápio durante esse
processo:
Vitamina K
Essa
vitamina já é usada clinicamente com a finalidade de acelerar a cicatrização da
pele, especialmente após as cirurgias. Isso porque o nutriente atua diretamente
na coagulação sanguínea, desempenhando uma função básica capaz de evitar
hemorragias e aliviar inchaços, combatendo os hematomas que impedem uma
cicatrização eficiente. Além disso, a vitamina K também é usada amplamente no
campo estético, devido, justamente, às suas habilidades curativas que ajudam no
tratamento de rosáceas e acnes e ainda combatem varizes, aliviam contusões,
melhoram a aparência das estrias e auxiliam na recuperação e melhora de
queimaduras. “Vegetais de folhas com a coloração verde escura como couve,
agrião, espinafre, brócolis, coentro, orégano e outros são ótimas fontes desse
nutriente”, complementa a nutricionista.
Vitamina C
Um
dos nutrientes mais conhecidos quando se trata de cicatrização. Ela é essencial
para o funcionamento pleno do nosso organismo e atua em todas as fases desse
processo de regeneração, promovendo o crescimento e o reparo dos tecidos em
todas as partes do corpo, tanto internos quanto externos. Isso porque é
necessário um determinado teor dessa vitamina para que nosso corpo sintetize o
colágeno de forma adequada, proteína que, por sua vez, é fundamental para a
reconstrução dos tecidos lesionados, conferindo firmeza à estrutura celular da
pele, tendões, músculos e ossos. Ou seja, a vitamina C é essencial para reparar
e cicatrizar, além de proteger o corpo contra infecções e radicais livres, que
são os principais inimigos da cicatrização. Para garantir o aporte deste
nutriente é ideal aumentar o consumo de frutas como laranja, limão, abacaxi,
kiwi, manga, morango, ou verduras como brócolis, agrião, couve, nabo entre
outros.
Vitamina A
Este
nutriente é capaz de regenerar a pele e oferecer energia para sua recuperação,
por isso, é fundamental na reparação de lesões, tanto externas quanto internas.
"Esta vitamina é usada em tratamentos contra acne, eczema, psoríase,
herpes labial e outras patologias que atingem o corpo em sua camada externa,
como no caso de feridas e queimaduras. Já internamente, a vitamina A combate
processos inflamatórios no intestino e inflamações na urina", afirma
Domingues. O nutriente pode ser encontrado em alimentos como cenouras, batatas,
pimentões, abóbora, verduras de folhas verdes e frutas como o melão e damascos.
Proteínas
A
cicatrização requer aminoácidos e peptídeos fornecidos pelas proteínas, que
funcionam como uma espécie de “cimento” para fechar a ferida. Se a dieta for
pobre nesses nutrientes o processo de cicatrização pode ser retardado,
aumentando o risco de rompimento do corte e as chances de que a lesão deixe
marcas visíveis após a reparação. Além disso, as proteínas ainda desempenham
papel importante na sintetização do colágeno. A quantidade necessária durante
esse processo depende da idade do paciente e do tamanho da lesão. Fatores como
o stress e infecções também podem interferir. "O ideal é investir em
cortes mais magros, como lagarto, alcatra, coxão mole, e filé-mignon. Para os
vegetarianos e veganos é fundamental fazer o aporte
proteico com uma variedade de verduras e legumes que forneçam todos os
aminoácidos necessários. Há também os suplementos fontes de proteínas que
repõem a quantidade que precisamos, mas é importante consultar um especialista
antes de inseri-los na dieta".
Alimentos anti-inflamatórios e antioxidantes
Alimentos
ricos em ômega 3 não podem faltar no prato de quem está se preparando para
encarar o bisturi ou, mesmo daqueles que já estão se recuperando de uma
cirurgia ou acidente. Isso porque esse ácido graxo, encontrado em peixes gordos
como a sardinha e o salmão, ou em sementes como a chia e linhaça, possui
propriedade anti-inflamatórias que auxiliam o corpo no processo de
cicatrização, favorecendo a reparação do ferimento. Mas, além disso, ele também
é rico em antioxidantes, que combatem o excesso de radiais livres e favorecem a
saúde do organismo e da pele, prevenindo, inclusive, o envelhecimento celular.
Hidratação
Fundamental
para garantir a elasticidade da pele e a saúde e jovialidade das células, a
água ainda ajuda a combater o inchaço e a retenção de líquidos, o que contribui
para eliminar as impurezas do corpo. A dica da nutricionista é apostar em chás
e águas aromatizadas. Na contramão ficam as bebidas alcoólicas, que devem ser
evitadas, pois, elas promovem o ressecamento e desidratação, prejudicando os
mecanismos que o organismo usa para a regeneração do tecido danificado.
Fique longe de:
Um
cardápio balanceado é fundamental para a recuperação do machucado, mas, em
contrapartida, há itens que devem ficar de escanteio nessa fase, em prol da cicatrização
completa do local lesionado. A especialista explica que, qualquer lesão já gera
uma inflamação normal, sinalizando para o corpo que está na hora de cicatrizar,
mas o processo se torna ainda mais complicado quando ingerimos alguns alimentos
que causam um estado inflamatório preestabelecido, como é o caso de alimentos
processados: "Os níveis de algumas proteínas no organismo são modificados,
levando o corpo a um estado inflamatório mais elevado. Os alimentos ricos em
gorduras trans, como salgadinhos, biscoitos e congelados, estão no topo da
lista de itens contraindicados nesse processo".
De
acordo com Domingues, por serem ricos em sódio, esses alimentos ainda causam um
inchaço no corpo, que também atrapalha a recuperação. Os embutidos e os cortes
mais gordos de carnes, como picanha e cupim, que são redutos de gorduras
saturadas também devem passar longe do prato. "O maior risco da ingestão
desses alimentos é que um maior número de células de defesa é recrutado para ajudar
a reparar a ferida, isso acaba promovendo mais a formação de colágeno e vasos
sanguíneos no local, gerando uma sobrecarga da proteína que aumenta o risco de
desenvolver a temida queloide, que nada mais é do que o resultado dessa reação
do organismo e consiste em uma cicatriz maior, com excesso de pele. Portanto,
para evitar que isso aconteça, o ideal é seguir a dieta corretamente” –
finaliza a nutricionista.