Pesquisar no Blog

terça-feira, 2 de junho de 2020

Acidente ou violência doméstica?


Médico ortopedista infantil alerta sobre maus tratos contra crianças durante o isolamento social


A quarentena de combate ao coronavírus sugerida pelas autoridades foi estabelecida para evitar o colapso do sistema de saúde no país por conta da rápida propagação do vírus e, também, para proteger os mais vulneráveis – as pessoas idosas e os portadores de comorbidades. A nova rotina colocou pais ou responsáveis trabalhando remotamente pelo chamado home office. E, as crianças, sem aula, atividades extracurriculares ou lazer, também estão em casa. Em uma atmosfera como essa, tomada por medo, ansiedade, estresse e confinamento, vítimas podem estar confinadas com seus algozes.

Segundo o ortopedista infantil David Nordon, colegas médicos o têm procurado para se certificarem se as fraturas, inicialmente justificadas como acidentes domésticos, não seriam, na verdade, resultado de maus tratos. “O médico ortopedista, depois do pediatra, é o segundo profissional da saúde que mais se depara com esses casos de violência. Nesse sentido, a regra mundial, para que todos fiquem em casa, tornou-se uma verdadeira tortura para esses vulneráveis”, afirma.

O médico ainda afirma que alguns tipos de lesões são evidencias de agressão. “As fraturas de fêmur, especialmente em crianças com até dois anos, ou que ainda não andam; as fraturas de costelas; fraturas complexas de crânio e fraturas em diferentes ossos de uma só vez. Nos menores de dois anos é importante fazer a radiografia do corpo inteiro para identificar os traumas múltiplos em distintos estágios de evolução. Outras marcas possíveis por agressão incluem queimaduras com bitucas de cigarro e ferro de passar roupas. As queimaduras nos tornozelos e nas nádegas, por exemplo, indicam que a criança foi colocada na água quente, no entanto tentou escapar. Marcas nos braços e nas coxas indicam violência. Já na testa ou nas pernas são lesões normais, indicativa de que caiu ao caminhar, por exemplo,” explica Nordon.

Estudos recentes comprovam que a violência doméstica durante a quarentena teve aumento considerável em diversos países. Entre eles estão: China, França, Portugal, EUA e Reino Unido.  No Brasil, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos registrou aumento de 9% nas ligações para o Disque 180 (Disque Denúncia – serviço de denúncia e de apoio às vítimas).

Para a psicoterapeuta especializada no tratamento de depressão, ansiedade e síndrome do pânico, Ana Beatriz Cintra, infelizmente já era esperado que a violência doméstica - tanto contra a mulher como contra as crianças - aumentasse durante o distanciamento social em famílias onde o problema já era preexistente. “A convivência extrema, o isolamento, a profusão de sentimentos - ansiedade, medo do futuro, de ser infectado, da morte, de perder o emprego e da falta de recursos, entre outros, provocam estresse e nervosismo nos adultos. Apesar da casa ser sinônimos de aconchego, segurança e sossego, a convivência, dentro desse contexto, evidencia ainda mais o mal-estar já existente. A válvula de escape vem pela violência”, lamenta Ana Beatriz Cintra.

Meninos e meninas que sofrem agressões muitas vezes são desacreditados. O dado foi constatado no estudo Inspire, conduzido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em parceria com diversas entidades internacionais e divulgado em 2016, que estimou que em todo o mundo cerca de 1 bilhão de crianças e adolescentes entre 2 e 17 anos sofreram violência psicológica, física ou sexual no ano anterior à coleta dos dados. O levantamento foi feito em 96 países.

No final de 2018, a Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), em parceria com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e o Conselho Federal de Medicina (CFM), lançou a segunda edição do Manual de Atendimento às Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência. O documento é destinado principalmente aos profissionais que trabalham com crianças para que sejam treinados a reconhecer rapidamente e saber como agir ao identificar sinais dos mais diferentes tipos de agressão.

“O papel do médico, tanto do pediatra quanto do ortopedista infantil, é promover uma boa avaliação para tentar identificar, com o máximo de assertividade possível, se as marcas, fraturas ou hematomas foram causados por acidente ou violência. Como isso é possível? Além das observações clínicas, uma boa conversa é necessária. Tentar saber quais as características da personalidade da criança e também dos responsáveis – pais ou tutores -  é essencial para a conclusão”, explica David Nordon.

Já Ana Beatriz Cintra acredita que a violência contra criança, em muitos casos, é decorrência de pais que não têm voz ativa. E que apesar de existir no Brasil a Lei da Palmada – a qual protege a criança e o adolescente de castigos físicos ou tratamentos cruéis e degradantes - justificam o ato violento para “educar”.

“O limite jamais deve ser imposto com agressão. Existem métodos eficazes como a firmeza da palavra que, usada em um tom adequado de voz, indicará à criança que ali é uma linha tênue, que deve ser respeitada”, explica Ana Beatriz Cintra. 

Casos de violência, sejam física, verbal, psicológica ou de negligência, devem ser notificados às autoridades – Conselho Tutelar ou uma delegacia – para que as medidas de proteção sejam rapidamente adotadas. Durante a pandemia do coronavírus no Brasil, as denúncias anônimas devem ser feitas pelo Disque Denúncia – 181, 180 ou 100. Ainda existe um serviço, lançado pelo Governo Federal, onde as denúncias podem ser registradas pelo aplicativo  “Direitos Humanos Brasil”.


“Tanto os profissionais de saúde, quanto a população em geral, ao presenciar casos de violência, sejam de qualquer natureza, devem notificar as autoridades. Só assim estaremos colaborando de forma efetiva para a diminuição desse abuso contra as crianças e também contra qualquer pessoa em situação de vulnerabilidade”, finaliza David Nordon.



A economia doméstica na crise


A falta de controle financeiro é fonte de dívidas e da inadimplência 

Ficar de olho na economia doméstica é fundamental para todas as pessoas, diante pandemia e crise brasileira, saber administrar a situação fará com que muitos se mantenham fortes.

Gisele Machioski, Contadora, apresenta algumas dicas para aqueles que querem entender um pouco mais sobre a economia doméstica.

Antes de comprar, analise se há realmente a necessidade do item. Caso a sua família consiga viver sem, adie a decisão de compra, pois você poderá achar preços melhores no futuro. Além disso, é importante comprar apenas a quantidade necessária para manter a casa.

Gisele explica que é importante organizar todos os aspectos da residência, assim será mais fácil de avaliar as necessidades do ambiente.


No armário de comida

- Tire todos os alimentos do armário, organize ele por categoria (farinha, macarrão temperos, doces), para ser ter noção do que tem e do que falta, do que está sobrando e o que já passou da data de validade.

- Guarde tudo novamente, deixe os pacotes fechados na parte de trás e coloque na frente os abertos e mais utilizados. Isso economiza tempo na hora de procurar pelo alimento, e fica mais fácil de fazer a lista do mercado, pois evita a compra de algo supérfluo.


O gás de cozinha

-É importante sempre observar a cor da chama, se estas forem amareladas ou alaranjadas, indica que a boca do fogão não está funcionando corretamente, ou que o gás está acabando e é hora de comprar um novo.

- Cozinhar com a panela tampada concentra o calor e o alimento fica cozido mais rápido. Sempre que possível, utilize a potência máxima do forno, assim você poderá aproveitar e cozinhar vários alimentos ao mesmo tempo.

- Utilize a panela de pressão, os alimentos cozinham rapidamente, o que economiza tempo e gás.


A economia no mercado

- Fazer listas é imprescindível, elas ajudam a não esquecer os produtos e comprar apenas o que foi marcado, gera economia.

- Limite os gastos, se for possível pague sempre em dinheiro, o cartão não costuma ser um aliado na hora das compras.

- Evite ir ao supermercado com fome, parece bobeira, mas ir às compras de estômago vazio, condiciona a sair comprando tudo o que é visto à frente.

- Confira as promoções, compare produtos, marcas, tamanhos, para não haver desperdício.

- Entenda o consumo da sua família, saiba o que é consumido diariamente, e compre apenas o essencial, não é legal precisar jogar um alimento fora pois ele passou muito tempo no armário e venceu.


Fazer as refeições em casa

- Comer fora de casa gera altos gastos. Por exemplo, ao pagar R$ 20 para almoçar fora todos os dias, em um ano você terá gastado mais de R$ 5.000. Impressionante, não é?


Conheça as frutas da estação

- Conhecer as frutas da estação ajuda a escolher a que vai ser mais barata e melhor para a sua família.


Energia

- Lembre- se de apagar as luzes da casa, reduzir o tempo nos banhos e lavar as roupas quando a quantidade for equivalente à capacidade máxima da sua máquina de lavar.

- Evite dormir com os aparelhos domésticos como televisão e ar-condicionado ligados.


Água

- Feche todas as torneiras que não estão sendo utilizadas, escove os dentes e lave a louça sem que elas estejam abertas, evite o desperdício.

- Verifique vazamentos, conserte ou troque as torneiras que estiverem com algum problema.

- Reaproveite, a água que você utilizou para lavar as roupas pode ser útil para limpar a calçada ou regar a horta.

Seguindo essas dicas, é certo que a economia doméstica não será prejudicada, e a família não passará por necessidades, “Esse planejamento é necessário em todos os lares, assim a casa saberá no que realmente gastar e o que pode economizar” comenta a contadora.





Machioski Contabilidade
Gisele Machioski - Contadora
Instagram @giselemachioski
3656-2020 e ou 9.9946 0021
Av João Batista Lovato,  67, sobre loja, centro, Colombo, PR.


A CLT, O Home Office e suas contradições


O modelo home office, adotado perante pandemia, é alvo de grandes discussões na esfera trabalhista

Com a utilização de novos mecanismos eletrônicos, aplicativos, telefones inteligentes, softwares etc., cada vez mais presentes em nossa vida, permitem a prestação de serviços de forma descentralizada, isto é, nos mais diversos locais, longe da sede do empregador.

Hoje, vivenciamos a chamada 4ª Revolução Industrial, cuja fase é definida pela transição em direção a novos sistemas que foram construídos a partir da infraestrutura da revolução digital.

Este novo modelo afeta toda a sociedade, uma vez fez surgir novas formas de consumo, de relacionamentos e de meios de produção. Logo, esta revolução rompe com a clássica maneira de se trabalhar no estabelecimento do empregador.

O advogado Bruno Faigle ressalta que “esta alteração da forma clássica da relação empregatícia não é de hoje. A Lei n°. 12.551, de 15 de dezembro de 2011, que alterou o art. 6° da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), já se preocupava o trabalho fora das dependências do empregador, tanto é, que equiparou o trabalho realizado fora da empresa ao realizado dentro da empresa”.

Essa nova forma de prestação de serviços ganhou grande destaque em tempos de isolamento social – convid-19, porém, ressalta o advogado, que a utilização deste recurso deve ser analisado com parcimônia pelo empregador.

A lei n° 13.467/2017, conhecida como “Reforma Trabalhista”, tratou o assunto, teletrabalho (home office) nos arts. 75 - A até 75 – E.

Porém, sob o aspecto legal, a criação desses novos dispositivos entram em conflito com a CLT, trazendo incoerências sobre o tema.

Bruno Faigle comenta que “o capítulo II da CLT, trata sobre a duração do trabalho e todas as regras aplicáveis à jornada laboral, dentre eles a duração normal do trabalho, trabalho em regime parcial, a previsão de pagamento de horas extraordinárias e número máximo de horas do sobrelabor”.

Neste mesmo capítulo, está o art. 62, que trata das exceções à regra, afastando a necessidade de controle de jornada aos empregados que exercem atividade externa incompatível como controle de jornada, aos Exercentes do cargo de gestão afigura do empregador, e, acrescentado pela reforma trabalhista, o Teletrabalhador/ Home Office.

Mas será o home office incompatível com o controle de jornada?

Hoje, com o avanço de sistemas de informação, pode avaliar a produção e atividade do empregado, mesmo ele estando à distância, bem como, mensurar quanto tempo é gasto em determinada página da internet e outros”.

Comenta o advogado que “o art. 6° da CLT, não revogado pela reforma trabalhista, é expresso ao determinar que inexiste distinção entre o trabalho realizado na sede da empresa e o realizado no domicílio do empregado. Ainda, ressaltando que os meios de comando, controle e supervisão se equiparam”.

Logo, além da clara possibilidade de controle de jornada do teletrabalhador, o trabalho realizado à distância é equiparado ao trabalho realizado na sede da empresa.

Diante essa incongruência, como explica Bruno Faigle, “somente será retirado o direito a horas extras do teletrabalhador quando o empregador não tiver meios efetivos de controlar sua jornada, devendo o art. 62, III, da CLT ser analisado com cautelas, uma vez que, vigora no direito do trabalho o princípio da proteção, cujo prevalência de normas é decidida pela mais benéfica ao trabalhador”.





BRUNO FAIGLE - Sócio da Faigle Advocacia



Empresas com automação e robotização de processos e soluções em nuvem ganham destaque em meio à crise



A busca por eficiência operacional e redução de custos sempre é uma vertente na maioria das organizações, independente do setor em que atuam. A transformação digital e a disrupção dos negócios fez com que as empresas discutissem constantemente seus modelos de negócio, buscando avaliar como podem se manter nos mercados em que atuam, as alternativas de criação de novos negócios ou o aperfeiçoamento no atendimento às demandas dos clientes que ditam como as soluções devem estar desenhadas para atendê-los da forma mais eficiente.

Ao mesmo tempo que vemos startups já nascendo digitais e mais competitivas, há alguns meses a busca pela digitalização não era tão inerente aos profissionais de finanças das organizações tradicionais. Muitos eram cobrados por dar uma contribuição mais estratégica para os negócios e não ser simplesmente uma função que gerencia processos de backoffice, em sua maioria, repetitivos e sem valor agregado.

Então, uma crise se instalou no mundo e todos foram obrigados a ficar em casa. O isolamento social fez com que empresas e profissionais tivessem que adaptar o seu modus operandi, passando a exercer o tal do home office. Foi nesse momento que as organizações, principalmente os profissionais de finanças, viram a importância de conhecer as diferentes opções de tecnologias disponíveis, e como elas poderiam ter ajudado as suas empresas nesse momento tão delicado.

Nesse contexto, é possível enxergar como a digitalização do trabalho humano e a busca por soluções em nuvem surgem como temas importantes. Antes, a forma digital como os clientes queriam acessar os produtos e serviços das organizações era apenas um desejo. E hoje, o acesso digital se tornou uma necessidade. Para atender a essa nova forma de consumo, apenas digitalizar os processos de front office não são mais suficientes, uma vez que a empresa perderá sinergia e ganhos de eficiência, de velocidade e qualitativos de atendimento. É preciso digitalizar também os processos de middle e backoffice, para que as equipes que administram os recursos e os dados estejam alinhados com a retaguarda.

Com as equipes tendo que trabalhar a distância, o acesso remoto às informações se tornou cada vez mais necessário. Por isso, a utilização de soluções em nuvem, permitiu que os negócios se tornem mais digitais, possibilitando então maior facilidade de gerenciamento e escalabilidade a custo-benefício, principalmente em um momento de crise.

Anteriormente, os processos de apoio aos negócios eram implantados em Centros de Serviços Compartilhados, em locais em que a mão-de-obra era barata, sendo executados de forma manual ou parcialmente digitalizados. Contudo, antes mesmo da pandemia, essa prática vinha sendo alterada, uma vez que os ganhos com a automação ou robotização de processos chegam a ser três vezes maiores que os ganhos da centralização de processos manuais. Agora, mais do que nunca, as empresas estão vendo a necessidade de desenvolvimento de Automação de Processos Robóticos (Robotic Process Automation), também na formação de profissionais desenvolvedores de tecnologia.

Hoje, quando falamos de automação de processos, não falamos mais apenas de automação de workflow, formulários ou atividades repetitivas. Os níveis mais avançados de automação de processos incorporam inteligência cognitiva com o reconhecimento de imagens e padrões, processamento de bases de reconhecimento, tratamento de dados não estruturados, autoaprendizagem, análise preditiva e geração de hipóteses. Os exemplos mais clássicos desse nível avançado são os bots ou agentes de conversação que encontramos em serviços de auto atendimento.

Da mesma forma se aplicar às tecnologias cloud ou nuvem – que nada mais é do que a terceirização do processo interno das organizações de processamento e armazenagem de dados e informações. Antes as empresas usavam infraestrutura própria e servidores próprios para rodarem suas operações. Com a tecnologia em nuvem, essas operações passaram a ser executadas por grandes provedores, que possuem servidores superpotentes e que fornecem espaço para as empresas usarem a infraestrutura de acordo com as suas necessidades. Além de mais econômico, os softwares como serviço, possibilitaram o acesso aos diversos serviços de tecnologia para as organizações, tudo de forma remota.

Até então, entendia-se que o maior vilão dos serviços de nuvem era a segurança da informação por estar terceirizando o tráfego e armazenagem de dados, porém, como essa tecnologia está bastante difundida e os provedores seguem elevados parâmetros e protocolos de segurança da informação, esse mito deixou de existir. O atual momento de crise pelo qual o país está passando, demonstrou diversas lições às empresas, principalmente pela necessidade prévia de se estabelecer um modelo operacional digital e preparado para nuvem do que simplesmente adicionar serviços cloud a um modelo operacional analógico. O grande diferencial não está em simplesmente implantar uma tecnologia, mas sim preparar os processos e a equipe para que executem suas rotinas de trabalho nesse ambiente.





Aldo Cardoso Macri - Coordenador do Comitê de Inovação do IBEF-PR e também sócio-diretor de clientes e mercados na região Sul da KPMG no Brasil. Na última quinta-feira (28), Aldo realizou um uma webinar promovida pelo IBEF-PR sobre inovação na crise e também na pós-crise. O evento também contou com a participação do diretor da Volvo, de um especialista em inovação e do fundador da startup que contratou 800 profissionais durante a pandemia. Mais informações sobre os próximos eventos acesse: https://www.ibefpr.com.br/

Quais são as oportunidades no pós-pandemia?



CIO da Luft Logistics reflete sobre as possíveis oportunidades que nos aguardam e fala sobre o uso da inovação como agente de mudanças

Devemos estar atentos às oportunidades que surgirão nos pós pandemia e usar a inovação como um agente de mudanças. Enquanto uma série de empresas adotam regimes de trabalho remoto, outras dependem de presença física e ajustam suas operações, visando evitar a propagação da covid-19. Algumas, ainda, conseguem conviver com um híbrido dos dois modelos.

Diante deste cenário, acredito que muita coisa vai mudar. O filósofo Leandro Karnal, em diversas lives de que participou, repetiu que guerras, revoluções e epidemias transformam. Karnal tem falado bastante sobre a expressão “Panta Rei”.

A expressão grega Panta Rei surge da noção de que tudo é móvel, transitório, passageiro, partindo do princípio de que tudo é movimento, e que nada pode permanecer estático. Tudo passa, tudo se transforma. Neste sentido, podemos usar como metáfora o pisar em um rio, onde nunca se consegue pisar na mesma porção de água duas vezes pois o rio mudou, já que sempre é outra água que corre pelo seu leito. Panta Rei demonstra a lei universal onde a única certeza estável é a certeza de que tudo vai mudar!

O mundo que conhecíamos até o início de 2020 não existe mais. Estamos vivendo um grande transtorno social, uma pandemia global e generalizada, sem data para acabar. Há quem pense que a vida voltará ao normal nos próximos meses ou nos próximos anos. Felizmente, ou infelizmente para alguns, a vida como a conhecíamos até o início de 2020 pode ter desaparecido para sempre.

A boa notícia é que é mais fácil identificar oportunidades no período pós pandemia e resolver problemas agora do que antes. Já estamos percebendo durante esta pandemia que podemos realizar uma série de atividades de maneira remota, sem a necessidade de estarmos todos presentes no mesmo lugar.

Fica cada vez mais evidente o impacto que a tecnologia tem causado na sociedade e não se trata de um impacto pontual, mas sim de uma evolução contínua. Novas tecnologias como 5G, Inteligência Artificial (IA), impressoras 3D, Internet das Coisas (IoT) vão acelerar mais ainda estas mudanças. Tudo a nossa volta será afetado, das relações humanas às empresas de todos os segmentos.


Oportunidades no período pós pandemia

Como esta crise atual é principalmente uma crise de saúde, acredito que surgirá uma “economia da saúde”. Durante longo período teremos que fabricar máscaras, álcool em gel, luvas e respiradores, já que a cadeia global de suprimentos e a logística de longa distância deixaram evidentes problemas com suprimentos de produtos de primeira necessidade.

Possivelmente teremos uma reorganização na cadeia de produção (reconversão industrial?). Creio que a maioria dos países deva incluir itens da indústria farmacêutica como questão de segurança nacional. Pelo menos deveriam. A falta de máscaras fomentou o mercado das costureiras, que passou a fabricar máscaras para suportar a alta demanda da sociedade. Isso deve continuar.

Outro aspecto será aumentar a produção nacional para o que for possível: respiradores, testes, vacinas, EPIs (equipamentos de proteção individual). Aumentar o incentivo à ciência e cientistas brasileiros.

As escolas e professores terão uma grande possibilidade de repensar o estudo. O ensino a distância será utilizado com mais frequência.

O comércio vai reabrir, mas não como era antes. Será necessário utilizar máscaras, luvas, utilizar álcool em gel, respeitar o distanciamento seguro entre pessoas.

O e-commerce vem para ficar. O comerciante que ainda não tem, precisa correr rapidamente atrás de uma estratégia digital, seja criar seu próprio site e/ou aplicativo ou estruturar uma parceria junto às empresas existentes de entregas.

Uma significativa parcela de restaurantes talvez passe a aderir ao conceito dark kitchen, também conhecido como restaurante fantasma, restaurante virtual ou ainda, ghost restaurant, que é quando um estabelecimento de serviço de alimentação oferece apenas comida para viagem.

Nesta nova economia, botões de elevadores, botões em geral que necessitam do contato e leitores biométricos deverão ser substituídos por sensores que eliminem ou diminuam ao máximo o contato. Deve haver um boom de sistemas por aproximação (NFC).

Outras oportunidades se darão na instalação de móveis para home office, cadeiras e móveis adequados, infraestrutura em geral para o trabalho remoto. O aperfeiçoamento da qualidade de acesso à Internet é uma necessidade. Pessoas passarão mais tempo trabalhando remotamente.

Mais idosos poderão demonstrar interesse em utilizar recursos do celular e aprender mais sobre tecnologia, afinal, ela pode mantê-los em contato com familiares e médicos, e até salvar a vida deles.


A inovação como agente de mudança

Oportunidades e inovação andam juntas e como disse Ricardo Cavallini em um vídeo sobre inovação em seu canal no YouTube, “É preciso inovar, é preciso ser protagonista. Mesmo que sua empresa não tenha a cultura da inovação. Você precisa ser a inovação”.

Identificar e semear oportunidades de inovação futura em momentos difíceis fará com que vejamos um horizonte menos turvo e saiamos da pandemia ainda mais fortes, dentro do possível.

Para finalizar, há uma série de oportunidades e possibilidades a explorar. Aliando-as a um bom plano de renda básica para os que não conseguirem voltar ao trabalho tão cedo, junto com acesso de crédito para os micros, pequenos e médios empresários, acredito que poderemos iniciar um processo de recuperação estruturado.

Talvez para nós, brasileiros, o aprendizado desta pandemia seja que a educação, a ciência e a tecnologia somadas, podem ajudar a superar muitos problemas da atualidade, das últimas décadas e ajudar a criar um futuro ou um “novo normal” melhor.

Fique atento às oportunidades no pós pandemia. Use a inovação como agente de mudança.

Panta Rei. Tudo muda, tudo se transforma.





Gustavo Saraiva - CIO da Luft Logistics 

Especialistas destacam a importância da comunicação assertiva em meio à pandemia


Segundo Taiana Jung e Rui Marcos, em tempos de crise, uma comunicação eficiente é necessária para gerar autoconhecimento e minimizar desentendimentos


Com o atual cenário de crise instaurada pela pandemia da Covid-19, bem como até mesmo em outros cenários fora do caos, uma comunicação eficiente e assertiva se faz necessária para potencializar a compreensão e minimizar desentendimentos. Em um mundo caracterizado como técnico, científico e informacional, a aceleração dos objetos e das ações é elevado ao seu nível máximo, atendendo à lógica da produtividade, ou seja, do fazer, do ter, do tempo como sinônimo de dinheiro - e não de vida. 


"Os efeitos negativos dessa rapidez podem ser notados na saúde mental, com alto nível de estresse, psicopatologias como burnout, e nas mais variadas compulsões, bem como nas relações sociais em uma sociedade cada vez mais excludente e intolerante. Nos relacionamentos interpessoais, falta a fluidez na comunicação, uma expressão da automação da vida, onde a inversão do tempo nos faz usá-lo como recurso capital e não como recurso de vida", explica Taiana Jung, pesquisadora do tema, mediadora de conflitos e empresária.

Segundo ela, a comunicação, nesse contexto, é um ato que necessita da empatia, da entrega, do conhecimento e da aplicação de um conjunto de símbolos e regras, dentre eles a escrita, as imagens, as convenções culturais e os códigos. 


"Se falo com outra pessoa e não reconheço que os seus símbolos, regras e tempos podem ser diferentes dos meus, o que realmente quero? Falar o que penso e pronto? Que o outro entenda tudo, pois fui claro o suficiente? Quantas vezes os mal-entendidos são vividos por causa de uma interpretação equivocada? Quantas vezes fazemos uma comunicação aparentemente eficiente, mas ela se mostra ineficaz, pois não há compreensão?", pontua Jung.


A pesquisadora esclarece que, independentemente do tempo ao qual esteja sendo debatido e apresentado, o que não muda enquanto tudo se altera é o processo de comunicação, que envolve o emissor, o receptor e o canal pelo qual ocorre o diálogo.


"Comunicar requer escutar com empatia e doar ao outro aquele instante. Para desenvolver a empatia, é necessário compreender a fala, a expressão ou mesmo o silêncio. Com isso, todas as partes ganham e as relações, profissionais ou pessoais, podem se tornar mais leves e com menos melindres de achar que o outro não te entende ou que te julga, pois antes de isso acontecer, você estará mais consciente dos motivos que levam a pessoa a pensar ou agir de tal forma. É isso que se chama conexão", salienta ainda. 


A comunicação otimizando negócios


Rui Marcos, pesquisador e diretor da Logos Consultoria, pontua que, no âmbito empresarial, a comunicação é considerada uma habilidade indispensável, devido à valorização da diversidade e à flexibilização da lógica departamental, onde pessoas de um setor executam projetos com as de outros setores, exigindo maior capacidade de relacionamento interpessoal, mediação de conflitos e consequentemente de se comunicar.


"Os novos meios de comunicação ampliaram os canais, onde o tempo e a escrita, por exemplo, ganham importância em uma conversa no WhatsApp, uma postagem no Twitter e uma reunião à distância. Como consequência, a forma de utilização destes canais pode gerar uma crise devido a uma vírgula fora do lugar, à brevidade de um texto, ao tempo de resposta, à postura e à entonação da voz", diz, acrescentando que a capacidade da liderança em transformar a comunicação em ação será o gerador do ambiente de confiança propício para o exercício da comunicação assertiva.


"A partir disso, é possível articular um conjunto de técnicas para desenvolver o potencial da comunicação organizacional, que envolve a cultura das empresas e dos seus colaboradores", finaliza Rui.


A importância da comunicação assertiva para a vida 


Dos dias 18 a 22 de maio, Taiana Jung fez a mediação da jornada de lives "Papos e ideais", um ciclo de palestras online que debateu assuntos voltados para a comunicação assertiva com destaque em habilidades e atitudes para o século XXI; autoconhecimento; postura mental e emocional; diálogos que conectam; e os benefícios da comunicação para os relacionamentos nas organizações. 


Elisabeth Teixeira Rodrigues, professora que participou da jornada, destaca que a importância de se manter uma melhor comunicação mudou sua mente e a fez se sentir melhor nas relações com as pessoas: "Achei muito interessante a temática e os efeitos da comunicação assertiva. Durante as palestras, fomos esclarecidos de que a comunicação sempre existiu e que, a cada dia, somos mais exigidos na comunicação assertiva. Percebi, então, a sua importância nas organizações, a necessidade de se ter autoconhecimento e uma comunicação não violenta", diz.


Ela também destaca a luz que foi dada sobre o autoconhecimento durante as lives, fazendo-a olhar mais para si e perceber a sua capacidade interior.


"Quando não temos autoconhecimento, ficamos reféns das outras pessoas. Isso me tocou muito durantes as lives. Eu tenho quatro irmãos e sempre fui tratada como a mimada, a mole, e fui crescendo acreditando naquilo, de forma que, em todas as brincadeiras, eu me colocava como “café-com-leite”. Isso mostra que, com a falta do autoconhecimento, você fica realmente à mercê das pessoas. Quando me casei, passei a ser a surpresa e comecei a fazer as coisas, a me encontrar. Vi que não era o que me rotulavam. Então essas palestras acendem uma luz de que temos que procurar nos conhecer", explica.


Márcia Reis, 51 anos, graduada em administração e em estética, enfatizou o fato de sempre achar que sabia se comunicar, porém foi convencida de que devemos melhorar muito a nossa comunicação.


"Achei a abordagem bastante interessante. As palestras me mostraram que precisamos vestir a nossa empatia quando formos falar com o outro. Posso dizer a mesma coisa para várias pessoas, porém de maneiras diferentes. Cada pessoa tem uma forma de ouvir e, para conquistar essa audição, eu preciso passar a mensagem. Fomos esclarecidos de que isso vale tanto na vida pessoal quanto na profissional. A mesma coisa que falo com um filho, eu tenho que falar com o outro, mas de formas diferentes", elucida Márcia.


Ela também cita o autoconhecimento como uma grande virtude adquirida ao longo do ciclo de palestras virtuais: "Percebi que preciso me conhecer. À medida em que você se conhece, você está mais livre; você é quem você é e as pessoas começam a te respeitar. Você não aceita tudo que vem de qualquer jeito. A partir do momento em que nos conhecemos, temos uma vida mais tranquila, pois conhecemos limites, nos damos direito, nos cobramos menos e ficamos mais leves. Aprendi, na maratona, como me tratar, me ver e como tratar o outro. Sobre o que estou dando de melhor para mim mesmo".


Reformulando a forma de ensinar durante a pandemia



Muito tem se falado em tempos de pandemia do coronavírus, dos profissionais essenciais da área da saúde como os médicos, enfermeiros, farmacêuticos, entre outros. Eles são importantes para a sociedade e estão diariamente colocando suas vidas em risco pelas nossas. Porém, há uma classe de profissionais não tão comentada neste momento, e que também precisa ser enaltecida: a dos professores.

Muitos deles também são profissionais da saúde e estão em outro tipo de linha de frente nesse momento. Estão trabalhando de suas casas, reaprendendo diariamente a arte de ensinar para conseguir continuar formando novos profissionais da saúde que estarão aptos para atuar em outros tempos.

O professor tem aprendido neste período que, mesmo à distância, pode continuar ensinando, utilizando ferramentas que antes eram desconhecidas, como as videoconferências. O saber, que antes era comumente compartilhado presencialmente, agora segue sendo compartilhado à distância. Sabe-se que há inúmeras variáveis nesta nova realidade, como por exemplo a educação à distância de crianças e adolescentes. Este texto, por sua vez, traz à tona especialmente a realidade do ensino superior.

Desde os primórdios, é possível afirmar que professores são profissionais essenciais. São eles que, com ou sem pandemia, são formadores de opinião, fontes geradoras de conhecimento, passando seus conhecimentos a seus aprendizes através do ensino. Porém, estão acostumados a ensinar com o auxílio de ferramentas como o quadro negro, o giz, slides e dinâmicas em sala de aula, e, em tempos de pandemia, esses profissionais também estão precisando se reformular. Assim como os profissionais de saúde, que estão aprendendo cada dia mais sobre o enfrentamento do coronavírus, os professores precisam aprender novas formas de continuar ensinando, sem sair de casa.

A pandemia mudou diversos hábitos comuns do nosso dia a dia, incluindo a forma de ensinar e aprender. O “novo normal” tem sido o ensino a distância, que infelizmente até pouco tempo atrás ainda era criticado. Será que agora, que se fez necessário transformar o ensino presencial em ensino a distância, não seria o momento ideal para aceitarmos essa modalidade de ensino? Muitos conselhos de classe na área da saúde ainda criticam essa forma de ensino, mas para formar novos profissionais neste momento é o que se faz necessário.

Por quanto tempo? Será que este também não é o futuro? Será que não é hora de rever as estratégias de ensino na área da saúde? É certo que o conhecimento será sempre uma das ferramentas mais potentes do indivíduo. Há, sem dúvida, uma parte importante a ser feita presencialmente. Nada substitui o olho no olho do paciente. Mas há muito que pode ser feito a distância, considerando, inclusive, que este conhecimento pode chegar a lugares e comunidades que antes jamais vislumbravam a possibilidade de aprender novas profissões.

A partir de agora as modalidades a distância e semipresenciais ganharão mais visibilidade. Fazendo uma analogia com os filmes, nunca vemos grandes aglomerações em filmes futuristas, de ficção científica, diferentemente dos filmes épicos, onde milhares de pessoas se aglomeravam para assistir as batalhas no Coliseu. O conhecimento não está mais estático à um cérebro.  Está interligado à tecnologia, com milhares de cérebros por trás gerando novos conhecimentos, transmitindo estes infinitos conhecimentos de maneira remota, aos quatro cantos do mundo.

As idas a congressos, tão comuns na rotina do profissional da saúde, sempre tinham grandes despesas associadas. Passagem, hospedagem, inscrição, alimentação e outros gastos para obter-se conhecimentos específicos, ou, para ministrar pequenas palestras. Hoje já é possível a realização destes eventos via plataformas na internet, que também permitem acessar novos conhecimentos, não excluindo a possibilidade de geração de networking.

Mas e o contato humano?

Este texto foi escrito durante a pandemia do coronavírus, estamos aprendendo diariamente novos hábitos dentro do nosso isolamento social.

Mas como será o futuro? Haverá novas aglomerações quando tudo isso passar? Será que o contato humano vai diminuir? O contato entre as pessoas pode até diminuir, mas o que não pode diminuir são os nossos valores, como solidariedade, honestidade, empatia e respeito, além, indiscutivelmente, da educação que será fundamental para nos auxiliar a responder a tantas perguntas que este texto nos apresenta, neste futuro que precisaremos recriar e cocriar.





Vinícius Bednarczuk de Oliveira - doutor em Ciências Farmacêuticas, coordenador do Curso de Farmácia do Centro Universitário Internacional Uninter


FecomercioSP apresenta propostas de protocolos sanitários para o início da retomada das atividades em São Paulo


Para atender determinação na capital paulista, Federação enviou sugestões com base em recomendações da OMS

 
Desde a última segunda-feira (1/6), o Estado de São Paulo começou a retomada controlada das atividades econômicas e, de acordo com a classificação por regiões, algumas cidades iniciaram a abertura parcial de comércio e serviços. Para tanto, a prefeitura de São Paulo solicitou que os setores apresentassem sugestões de protocolos de saúde, higiene, regras de autorregulação, regras para fiscalização, política de comunicação e proteção aos consumidores e funcionários, que precisam passar por aprovação e validação.

Cumprindo tal determinação da capital paulista, a FecomercioSP apresenta suas sugestões de protocolo para a cidade, com base nas recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Além disso, a Federação enviou ofício questionando o ônus da realização de testes laboratoriais para covid-19 ao setor privado, tal como proposto no decreto publicado pela prefeitura de São Paulo, uma vez que o empresariado já passa pela crise e tem tido dificuldade de manter os negócios.

A Entidade reitera que a reabertura parcial do comércio no Estado de São Paulo deve ser realizada respeitando as características regionais, em conjunto com a capacidade de atendimento da saúde, bem como analisando periodicamente as características de evolução da epidemia. Assim, busca compreender os motivos que levaram o prefeito a adiar a reabertura, na cidade de São Paulo, por mais 15 dias, uma vez que já estava na área laranja (abertura parcial) do plano apresentado pelo governador.

Para a prefeitura de São Paulo, conforme determinado em Decreto Municipal, a Federação envia sugestões de protocolos sanitários e de saúde com orientações para que lojas de rua, shoppings, concessionárias de veículos, escritórios e imobiliárias operem com segurança.

Dentre as sugestões para os setores, há previsão do uso de equipamentos de proteção por funcionários e clientes; disponibilização de álcool em gel e cartilha com as diretrizes sanitárias; distanciamento social de 1,5 metro; orientação para que não haja contato físico; horário de atendimento diferenciado para grupo de risco; restrição de viagens de negócios; proibição de eventos em larga escala; separação de lixo com potencial de contaminação (que contenham luvas e máscaras, por exemplo); restrições aos serviços de valet nos estacionamentos; dentre outras.


O cenário econômico empresarial na pandemia: De onde viemos e para onde vamos?



Primeiramente, precisamos dividir a análise sobre a situação econômica das empresas antes e depois do isolamento social. Para que fique mais claro, muitas empresas já vinham de um cenário de recuperação importante. Lembrando que em 2015 tivemos um decréscimo do Produto Interno Bruto (PIB) na ordem de -3%; em 2016 foi de -3,5%. Falamos de dois anos de decréscimo do PIB, um cenário negativo que contribuiu bastante para a queda do governo Dilma. Com este prognóstico obtivemos uma retração da demanda; período em que muitas empresas tiveram seu fluxo alterado com demissões e restruturação do quadro funcional e, muitas vezes, até a automação. O cenário reverteu a tendência com o governo Temer, que freou o decrescimento econômico e trouxe ao nosso PIB um ambiente mais positivo, onde obtivemos +1% em 2017 e +1,1% em 2018.

Este cenário trouxe a expectativa a todos os empresários brasileiros, pois com este crescimento do PIB, aumentou o grau de confiança dos consumidores, que ampliaram suas demandas para curto, médio e longo prazo. Veio o Governo Bolsonaro e essa expectativa aumentou ainda mais, considerando o avanço das reformas que estavam em andamento no Congresso Nacional. Porém, anteriormente ao panorama recente as empresas iniciavam sua retomada econômica, muitas com demandas reprimidas e ainda com um passivo de endividamento no mercado financeiro.

O avanço da Covid_19, em meados de março, impactou "em cheio" o mercado, ocasionando fortes quedas, o que já demonstrava que o cenário seria preocupante com a implantação do isolamento e o combate à crise pandêmica, potencializado pela falta de uma política sanitária única comandada pelo Governo Federal, fator fundamental para que o mercado internacional vislumbrasse no Brasil uma política de combate x econômica agregada, amparado pelo isolamento social, com prazo determinado, com políticas econômicas de assistência ao trabalhador e aos empresários. Era o que se esperava. 

Como não ocorreu uma coordenação nacional, com prefeitos e governadores tomando decisões descoordenadas, intensificou-se a situação crítica das empresas; principalmente micro e pequena empresas, alvos de do PRONAMPE - Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, que tem como objetivo principal a manutenção do emprego, uma vez que as empresas beneficiadas assumem o compromisso de preservar o número de funcionários, efetivado através da Lei nº 13.999/2020, que abriu crédito especial no valor de R$ 15,9 bilhões, e a esperança de garantir recursos para os pequenos negócios durante a pandemia Covid_19 no país. 

O programa estabeleceu limites para liberação dos créditos conforme receita bruta declarada no IR - Imposto de Renda 2019 com base 2018, o que acaba por gerar um limitador do credito, vez que o empresário não efetivou a receita bruta integral, omitindo valores, pois a liberação está atrelada a 30% da sua receita bruta e as empresas com menos de 1 ano terão o limite de empréstimo de até 50% do capital social ou até 30% da média do faturamento mensal, por isso a informação, necessariamente, tem que representar a realidade. Caso abra empresa com um pequeno valor de capital social e não registre todo o faturamento para evitar a tributação, isso afeta totalmente a liberação do crédito - outro entrave é exigência de comprovação dos empregados.

Os repassadores são os bancos públicos e privados, que acabam sendo rigorosos na aprovação do crédito, uma vez que parte da operação é garantida pelo governo. Esta análise de crédito fica dificultada por causa da perda de faturamento e a capacidade de resiliência das empresas durante e pós-crise, mas cabe lembrar que a situação anterior à crise com inadimplência junto as instituições financeiras dificulta a análise e, por sua vez, a aprovação. No todo, essas medidas governamentais representam R$ 55 bilhões e têm como foco minimizar os efeitos da pandemia nas pequenas empresas e preservar empregos.

O acesso, a análise e a liberação não correspondem, sobremaneira, à necessidade da empresa para sobreviver à crise, pois o acesso aos recursos se faz imediato e os prazos de análise dificultam sua aquisição, levando as empresas ao inadimplemento de suas obrigações. 

Fato é que a volta da atividade econômica poderá não representar o cenário otimista que as empresas esperam, pois o medo de contaminação é evidente, dificultando a confiança do consumidor de ir ao mercado, além da insegurança da manutenção do emprego dos trabalhadores, a incerteza da retomada real e do controle da pandemia trará uma retração muito maior do consumo, portanto, as empresas necessitaram buscar seu cliente onde ele está: em casa. 

Quem nunca se preocupou com a questão da fidelização dos clientes, mantendo, entre outras medidas, o cadastro atualizado, deverá sofrer mais na recuperação do seu mercado. Reinventar-se é a palavra do momento e mais que uma necessidade para este momento de crise e incerteza mundial.





Alessandro Luiz Oliveira Azzoni - advogado, mestre em Direito, economista e especialista em Direito Empresarial Ambiental. 



Segundo estudo, 82% das mães já sofrem as consequências financeiras do coronavírus


Metade da população concorda que o governo deve reabrir a economia o quanto antes.


As medidas de segurança adotadas pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública e os estados, ajudam a conter a propagação do coronavírus. Porém, o Brasil está sendo afetado economicamente com a pandemia. Milhares de mães estão sem trabalhar, pois estão com os filhos em casa, e recebendo somente a ajuda do governo, que nem sempre é suficiente. Além disso, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o número de famílias com dívidas bateu recorde em abril de 2020, alcançando 66,6%.

A Famivita, em seu mais recente estudo, constatou que 81% das famílias já foram impactadas com perda de renda direta ou indireta. Percebemos também que a preocupação com os filhos é um dos motivos que faz com que metade das mães queiram que o governo reabra a economia o quanto antes. Essa vontade é maior entre mulheres jovens e menos afetadas.

Infelizmente, 82% das mães já estão sentindo o impacto financeiro negativo por perda de renda, justamente porque precisam ficar em casa com os filhos. Rio de Janeiro e Tocantins são os estados mais afetados, sendo que pelo menos 85% das famílias já perderam renda direta ou indiretamente. Em São Paulo e na Bahia o percentual de afetados também é alto, com 81% das participantes. Já no Espírito Santo e no Rio Grande do Sul é de 80%.

Ademais, somente 1 em cada 6 brasileiras têm condições financeiras de fazer um teste rápido de farmácia, para saber se tem o vírus. Dessa forma, 84% das mulheres dependem do SUS, e convivem com o medo diário de não saberem se estão infectadas ou se alguém da família está.

Roraima é o estado com o menor número de mulheres que têm condições de fazer o teste, somente 6% das participantes. Em Minas Gerais e no Amazonas 15% da população tem condições financeiras para o teste. Já em São Paulo, estado mais afetado pelo vírus, apenas 17% da população consegue pagar pelo teste. E no Rio de Janeiro, segundo estado mais afetado, o percentual é de 16% das participantes.


Posts mais acessados