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quinta-feira, 26 de abril de 2018

IA: App de bate-papo Simsimi é suspenso no Brasil


Especialista alerta para os potenciais riscos a crianças e adolescentes no uso indiscriminado da tecnologia


O aplicativo de bate-papo online sul-coreano Simsimi, que possui mais de 50 milhões de downloads e foi criado em 2002, foi suspenso no Brasil na última semana. Segundo blog corporativo da empresa, o app passou a "aprender" e dar respostas impróprias a seus usuários, como ameaças de sequestros e assassinatos. O programa, apontado como perigoso foi removido das lojas oficiais de aplicativos do Google e Apple.

Com um visual que atrai crianças e jovens e uso de Inteligência Artificial (IA), a aplicação teve um impacto social bastante negativo no Brasil, explica o comunicado oficial da empresa desenvolvedora. Segundo a advogada, especialista em Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) e professora do Centro Preparatório Jurídico (CPJUR), Roberta Densa, a IA pode ajudar a trazer soluções rápidas e melhorar a qualidade de vida das pessoas, mas ainda oferece, também, muitos riscos, principalmente em relação a crianças e adolescentes. "Ao que tudo indica essa inteligência artificial aprendeu palavras de baixo calão e passou a oferecer respostas maliciosas, de ameaças, como assassinato ou sequestros de crianças ou suas famílias", destaca Roberta Densa.

"Além do constante monitoramento dos familiares aos conteúdos acessados, o implemento da tecnologia exige maior controle e reflexão sobre segurança e filtros na governança dos dados, com os seus impactos sob a perspectiva de valores éticos", ressalta a advogada.


Avanço da tecnologia demanda reflexão no modelo de aprendizagem


No próximo sábado, 28 de abril, é celebrado o Dia da Educação, data criada para conscientização da importância da educação. E também de seus grandes desafios. 

O mundo tem mudado mais rápido que a escola, que muitas vezes ainda adota um modelo de educação de décadas atrás, com conteúdo e estímulo que não agradam a nova geração, de jovens proativos, conectados e curiosos. 

Para Rafael Bonequini, diretor da ZOOM education for life, empresa que desenvolve e implementa soluções de aprendizagem baseadas na cultura Maker, "o conhecimento é horizontal, em que o professor é um mediador, e não o detentor do conhecimento". 

Pesquisa encomendada pela NASA, para seleção de cientistas e engenheiros com potencial criativo, acabou evidenciando o declínio da criatividade ao longo da vida. A primeira fase da pesquisa foi feita com um grupo de 1600 crianças entre 4 e 5 anos, revelando que 98% delas apresentaram alta criatividade. O segundo grupo foi de crianças de 10 anos, que apresentaram um percentual de apenas 30%. O mesmo teste foi aplicado a um universo de adultos e somente 2% se mostraram altamente criativos. Os responsáveis pela pesquisa concluíram que muitos dos limitadores mentais que acumulamos ao longo da vida vêm da fase escolar, em que as crianças entram com "pontos de interrogação" e saem como "frases feitas". 

Não poderia ser diferente. A grande parte das atividades da escola são baseadas em "instrucionismo". Por outro lado, há também muitas instituições de ensino que há tempos adotaram uma mudança de mindset e buscado projetos inovadores para as crianças desenvolverem e compreenderem o seu potencial criativo. 

"O vestibular ainda é o grande driver da maioria das escolas. Afinal, é por meio da aprovação de seus alunos nas universidades que elas se ranqueiam. Essa é uma das barreiras que ainda dificultam a transformação da educação brasileira, já que as escolas ainda são presas a currículos e conteúdos programáticos", completa Rafael. 

Dentro desse contexto, o Dia da Educação é uma data que também pode servir para que a sociedade reflita sobre como a escola pode estimular a criatividade da criança, com autonomia para ter o seu próprio projeto de felicidade, muito além do exercício de uma profissão.


Que tempos são esses?


Há pouco mais de um mês, aqui mesmo em Curitiba, a convite da UNESCO, tive a oportunidade de encontrar com outros pensadores e discutir sobre o Futuro da Educação para o Desenvolvimento Sustentável. Frente à minha trajetória de mais de vinte anos trabalhando com educação, alguns pontos abordados naquele encontro me levaram a repensar a questão.

Em tempos de globalização, nosso cotidiano é carregado por uma avalanche de informações. Reviravoltas políticas, crises humanitárias, mudanças econômicas, acidentes naturais, novidades tecnológicas formam um turbilhão de notícias que preenchem nossas mentes, não nos deixando refletir sobre que tempos são esses.

Quando pensamos em educação, os dados assustam. São tempos em que o Brasil está no grupo dos 10 piores sistemas educacionais, com alarmantes 2,5 milhões de crianças e jovens fora da escola. Tempos em que somos a 56ª nação no ranking que avalia o desempenho dos países quanto aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, ficando atrás de nossos vizinhos Argentina, Chile e Uruguai. Tempos em que é preciso que uma menina de 20 anos, Muzoon Almellehan, refugiada Síria, relembre ao mundo que “a educação é a melhor arma para nos ajudar a lutar por nossos direitos e alcançar nossos sonhos”.

As articulações desenhadas naquele encontro deixam claro que existe um real interesse e uma forte movimentação que almeja evoluir de forma mais prática em projetos que objetivam tornar a educação não só acessível às diversas camadas da sociedade, mas garantir sua qualidade e capacidade de promover mudanças positivas. Nesse sentido, os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável - ou Agenda 2030 da ONU – ressaltam a necessidade da promoção de uma educação inclusiva, igualitária e baseada nos princípios de direitos humanos e do desenvolvimento sustentável.

Não considerando apenas os anos primários, mas dedicando atenção especial também à educação técnica, profissional e superior no sentido de desenvolver nos jovens e adultos habilidades e competências à altura das demandas da era de inovação em que vivemos. Como membro do Pacto Global desde 2004 e participante da força tarefa que traçou os Princípios para a Educação Executiva Responsável - ambas iniciativas da Organização das Nações Unidas – compartilho de verdadeiro desafio que consiste em aproximar as escolas das empresas.

A educação para a liderança globalmente responsável exige dedicação, aculturamento, constante demonstração e valorização de resultados intangíveis. Alinhar os discursos entre o que é pauta nas escolas e universidades e as práticas corporativas é primordial para alcançarmos uma sociedade mais engajada e atenta aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

Falar em educação do futuro é pensar e promover a capacitação e o empoderamento para novos tempos. Mais que isso, a educação para o desenvolvimento sustentável é a ponte para estilos de vida sustentáveis e para o alcance de outros fatores fundamentais como os direitos humanos, a igualdade de gênero, a promoção de uma cultura de paz e não-violência, a cidadania global e a valorização da diversidade cultural.

A educação tem o poder de transformar realidades e mudar o curso da história. É fundamental para a construção de um mundo mais justo e sustentável. Um mundo fundamentado em um novo tempo que independe exclusivamente de questões financeiras e interesses individualistas. Um tempo em que a educação seja, verdadeiramente, prioridade. Nos discursos políticos é pauta sempre presente, porém na prática, muitas vezes, acaba desvalorizada e esquecida em detrimento a outros interesses.

Em tempos de engajamento social, acompanho o clamor cada vez mais forte da população por mais atenção à educação. Porém, é tempo de evoluir e transformar a realidade do Brasil. A sociedade demanda por respostas mais contundentes e exige mudanças reais.






Norman de Paula Arruda Filho - Presidente do ISAE – Escola de Negócios, conveniado à Fundação Getulio Vargas, professor do Mestrado em Governança e Sustentabilidade do ISAE/FGV, e Coordenador do Comitê de Sustentabilidade Empresarial da Associação Comercial do Paraná (ACP).

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