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sábado, 2 de agosto de 2025

Como a presença – ou ausência – paterna molda vínculos afetivos, autoestima e padrões emocionais ao longo da vida


Agosto é o mês dos pais – e a data pode trazer tanto a celebração, quanto o incômodo do ponto de vista emocional. Seja pela ausência, distância afetiva, vínculos rompidos ou por traumas familiares não elaborados, a figura paterna tem um impacto profundo e duradouro na estrutura emocional de uma pessoa.

“A maneira como um pai se faz presente – emocional e fisicamente – durante a infância pode moldar desde a forma como nos relacionamos até o modo como reagimos ao mundo”, afirma a psicóloga e neuropsicóloga Tatiana Serra, especialista em comportamento humano e saúde emocional familiar.
 

A presença forma, a ausência marca

Estudos mostram que filhos de pais participativos desenvolvem mais autoestima, autonomia e segurança emocional. Já a ausência paterna – seja por abandono, distanciamento emocional ou negação do afeto – pode gerar lacunas afetivas difíceis de serem preenchidas, com consequências como dificuldade de confiar, de se posicionar e de lidar com frustrações.
 

Alienação parental e masculinidade tóxica

Tatiana também alerta para os casos de alienação parental, quando um dos responsáveis (geralmente em contextos de separação) manipula a criança para rejeitar o outro genitor. “A criança passa a absorver a dor de um adulto como se fosse sua, e isso pode gerar conflitos internos e sofrimento silencioso”, explica a especialista.

Outro ponto relevante é o desafio da paternidade diante da masculinidade tóxica. “Muitos homens cresceram sem referência de afeto, aprendendo a reprimir emoções. Isso afeta sua forma de se conectar com os filhos e perpetua ciclos de silêncio emocional.”
 

Trauma infantil e comportamento na vida adulta

Traumas ligados à figura paterna são mais comuns do que se imagina e podem se manifestar na vida adulta como medo de abandono, baixa autoestima, necessidade constante de validação e dificuldade em construir vínculos duradouros. “Muitas vezes, o adulto que busca terapia por ansiedade ou insegurança está, na verdade, tentando entender e curar a dor da criança que um dia se sentiu invisível para o pai”, finaliza Tatiana.



Tatiana Serra - psicóloga e neuropsicóloga - CRP: 06/123778 - Neuropsicóloga pelo Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), graduada em Psicologia pela Universidade Paulista (2014), analista do Comportamento pela Universidade de São Paulo (USP). Experiência de mais de 10 anos em Análise do Comportamento e desenvolvimento de famílias e equipe.

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