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A
escuta ativa dos consumidores é amplamente reconhecida como um pilar essencial
para o sucesso de produtos e serviços. Entretanto, pesquisas mais recentes
reforçam que ouvir as vozes dentro da empresa pode ser tão ou mais relevante
quanto ouvir o público externo. De acordo com o relatório “Tendências Globais
de Capital Humano 2024” da Deloitte, 76% dos líderes empresariais reconhecem a
importância de envolver ativamente os funcionários na tomada de decisões,
porém apenas 10% afirmam que suas empresas são altamente eficazes em alcançar
esse objetivo. Essa disparidade evidencia o quanto ainda há espaço para
evoluir na valorização do feedback interno.
No
dia a dia de marcas que precisam inovar constantemente, o especialista em
marketing de produto, Rafael Ribas, reforça
a importância
desse processo interno de troca de ideias:
“Quando
colaboradores sentem que suas perspectivas são valorizadas, eles não apenas se
engajam mais no trabalho, mas também fornecem insights que podem antecipar
melhorias e prevenir falhas de maneira mais assertiva do que qualquer pesquisa
isolada com o cliente,” afirma Ribas.
Por que a voz do colaborador importa tanto quanto a do
cliente
O profissional interno enxerga o produto “por dentro”: avalia aspectos técnicos, operacionais e até culturais da empresa que muitas vezes o consumidor não consegue identificar no uso final. Conforme dados atualizados do State of the Global Workplace 2024 (Gallup), organizações que investem na participação ativa dos funcionários em processos de criação e aprimoramento de produtos registram um aumento de até 21% na produtividade e apresentam 32% de engajamento, uma leve alta em relação aos 30% medidos em anos anteriores.
Esse
cenário se torna ainda mais relevante à medida que os produtos se tornam mais
complexos e as empresas buscam agilidade em lançamentos. Se um erro for
detectado tardiamente, os impactos podem ir desde altos custos de recall até a
perda de credibilidade no mercado — aspecto crucial em tempos de competição
acirrada e expectativa de personalização por parte dos clientes.
O feedback interno como motor de inovação
1.
Radar precoce de oportunidades
A equipe interna tende a identificar possíveis pontos de melhoria antes que se
tornem problemas estruturais. Um estudo recente da McKinsey & Company
(2023) sobre metodologias ágeis aponta que empresas com canais formais de
feedback interno reduzem em até 30% o tempo de resposta a falhas, ajustando seus
produtos com maior rapidez.
2.
Fortalecimento de cultura e engajamento
Ao perceber que suas contribuições
são
levadas a sério,
o funcionário
desenvolve senso de responsabilidade pelo sucesso do produto. O estudo “The
Employee Experience Index” (IBM e Workhuman, 2024) evidencia que 74% dos
profissionais se sentem mais criativos e comprometidos quando as empresas
mantêm canais abertos para sugestões e críticas construtivas.
3.
Redução
de custos de retrabalho
Corrigir erros antes de o produto chegar ao mercado evita gastos exorbitantes
com revisões e possíveis danos à reputação da marca.
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“Os insights internos atuam como uma espécie de filtro inicial. Muitas vezes,
detalhes que passariam despercebidos para a equipe de gestão são identificados
rapidamente por quem lida cotidianamente com o produto,” comenta Ribas.
Práticas
recomendadas para coletar feedback interno
Canais
de escuta contínua: Criar plataformas online ou sistemas de sugestão onde
qualquer colaborador possa apontar melhorias ou criticar pontos frágeis do
produto.
Grupos
multidisciplinares: Formar equipes com profissionais de diferentes setores
(engenharia, marketing, suporte etc.) para debater regularmente as evoluções do produto, trocando experiências e dados.
Reconhecimento
e transparência: Divulgar periodicamente as ideias mais impactantes
apresentadas pelos funcionários e explicar como elas foram adotadas ou por que
não puderam ser implementadas.
Capacitação focada: Investir em treinamentos
que eduquem a equipe sobre a importância de cada insight. Segundo a Deloitte,
esse tipo de formação aumenta em 68% a probabilidade de o colaborador
compartilhar ativamente sugestões relevantes.
O alinhamento com a voz do cliente (e as tendências de
2025)
O
feedback interno não substitui a pesquisa de mercado ou as análises de
comportamento do consumidor, mas as complementa. Quando ambas as frentes estão
alinhadas, as empresas alcançam uma visão mais completa do produto, desde a
concepção até a chegada ao usuário final.
Segundo
o Edelman Trust Barometer 2025, organizações
que mantêm
comunicação
interna e externa transparente tendem a apresentar um índice de confiança do público 23% maior em relação às que não adotam tal postura. Além disso, o
estudo “Marketing Trends of 2025” da Deloitte Digital destaca que:
75%
dos consumidores estão mais propensos a comprar de marcas que entregam conteúdo
personalizado;
48%
das empresas líderes em personalização tendem a superar suas metas de receita;
40%
das marcas planejam utilizar ferramentas de Inteligência Artificial Generativa
(GenAI) em seus processos de negócio até o final de 2025.
A
adoção
dessas novas tecnologias, como o GenAI, pode inclusive otimizar a forma de
coletar, analisar e priorizar o feedback interno, aumentando a rapidez nas
tomadas de decisão e a assertividade no desenvolvimento de produtos.
Promover a cultura de feedback interno não é apenas uma forma de reter talentos ou motivar o time, mas também um caminho sólido para a melhoria contínua dos produtos. Em uma era de rápidas transformações e alta concorrência, alinhar as percepções de quem vive o dia a dia da empresa com as necessidades dos clientes se torna um diferencial estratégico. Como ressalta Rafael Ribas, quando as sugestões e críticas de dentro da empresa são tratadas com a mesma seriedade que as vindas do cliente, a inovação deixa de ser um “projeto esporádico” para se tornar uma engrenagem permanente da organização.
RDPR
Rafael Ribas - Especialista em marketing de produto
@rdpr.oficial
contato@rdpr.com.br
Rua Vicente de Carvalho, 426 - Curitiba/PR
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