A apendicite aguda, inflamação do apêndice cecal, é uma das emergências cirúrgicas mais frequentes no Brasil e no mundo. De acordo com dados do Ministério da Saúde, são realizadas aproximadamente 250 mil cirurgias de apendicectomia por ano no país, procedimento que consiste na remoção do apêndice inflamado. A condição afeta principalmente indivíduos entre 10 e 30 anos, mas pode ocorrer em qualquer faixa etária.
Segundo o cirurgião Thiago Miranda Tredicci, do Hospital
Mater Dei Goiânia, a apendicite ocorre quando o apêndice é obstruído,
geralmente por fezes endurecidas, aumento do tecido linfático ou, em casos
raros, por tumores ou parasitas. "Essa obstrução leva à inflamação, ao inchaço
e, se não tratada, pode evoluir para ruptura", explica o médico. Os
sintomas incluem dor abdominal intensa, inicialmente na região do umbigo e
depois migrando para o lado inferior direito do abdômen, além de náuseas,
vômitos, febre e perda de apetite. "A dor da apendicite tende a piorar ao
se movimentar, tossir ou apertar a região", complementa Tredicci.
O diagnóstico é clínico, baseado nos sintomas e no exame
físico. Exames de sangue podem indicar infecção, e exames de imagem, como
ultrassom e tomografia computadorizada, ajudam a confirmar o quadro e descartar
outras causas de dor abdominal. "O tratamento padrão é a remoção cirúrgica
do apêndice (apendicectomia), que pode ser feita por cirurgia aberta ou
laparoscópica", afirma o cirurgião. Em alguns casos, principalmente se
houver um abscesso, o tratamento inicial pode incluir antibióticos e drenagem
antes da cirurgia.
A cirurgia laparoscópica tem ganhado espaço nos últimos anos
devido à recuperação mais rápida, menos dor pós-operatória e menor risco de
infecção. "Já a cirurgia aberta pode ser necessária em casos mais graves,
como quando há ruptura do apêndice. Ambas são eficazes, mas a escolha depende
do quadro clínico do paciente", ressalta Tredicci.
Complicações pós-cirúrgicas, como infecções e abscessos, são
relativamente raras, mas podem ocorrer, especialmente em casos de apendicite
perfurada, quando há ruptura do apêndice antes da cirurgia. "Quando o
apêndice rompe, o tratamento se torna mais complexo. Além da cirurgia, o
paciente precisa de antibióticos intravenosos e, em alguns casos, drenagem de
abscessos. A recuperação também é mais longa, com maior risco de
complicações", explica o cirurgião.
O tempo médio de recuperação varia conforme o tipo de
cirurgia e a gravidade do caso. "Após a cirurgia laparoscópica, a
recuperação leva cerca de 1 a 2 semanas. Na cirurgia aberta ou em casos mais
graves, pode levar de 3 a 4 semanas. A maioria das pessoas pode retomar
atividades leves após poucos dias", detalha Tredicci.
Apesar dos avanços na medicina, a apendicite continua sendo
uma condição imprevisível. "A apendicite é uma condição esporádica e de
causa multifatorial, o que significa que não há uma forma comprovada de
prevenção. O risco individual de desenvolvê-la ao longo da vida gira em torno
de 6%, e isso ocorre de maneira relativamente aleatória", afirma o médico.
Embora uma alimentação rica em fibras possa ajudar na saúde intestinal, não há
evidências sólidas de que isso reduza diretamente o risco de apendicite.
No cenário atual, a apendicectomia continua sendo um procedimento seguro e eficaz, com altas taxas de sucesso e baixa mortalidade. Mesmo com todo o progresso científico na medicina, a cirurgia permanece como a única solução definitiva para a apendicite aguda.
Hospital Mater Dei Goiânia
Av. T-4, 1445 - St. Bueno - Goiânia/GO
Telefone: (62) 3923-5000
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