Proibição da Anvisa de uso e venda de “chips da beleza” atende em parte orientação do Conselho Federal de Medicina
O
Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou nota pública no sábado (19) na qual
afirma que a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de
proibir a manipulação, comercialização, propaganda e uso de implantes hormonais
manipulados, conhecidos como "chip da beleza", corrobora com o que já
havia sido estabelecido na Resolução CFM nº 2.333/23. Essa medida da autarquia
médica foi aprovada com o objetivo de proteger a saúde da população, evitando
expô-la a substâncias sem comprovação de eficácia e segurança.
Para
o CFM, desde 2023, através da Resolução CFM 2.333, já estava vedada a
prescrição médica de terapias hormonais com esteroides androgênicos e
anabolizantes (EAA) com finalidade estética, para ganho de massa muscular e/ou
melhora do desempenho esportivo, seja para atletas amadores ou profissionais,
por inexistência de comprovação científica suficiente que sustente seu
benefício e a segurança do paciente.
Prescrição – O CFM
destaca ainda em sua nota que existe a possibilidade de prescrição de EAA,
desde que justificada para o tratamento de doenças como hipogonadismo,
puberdade tardia, micropênis neonatal e caquexia. A substância também pode ser
indicada na terapia hormonal cruzada em transgêneros e, a curto prazo, em
mulheres com diagnóstico de Desejo Sexual Hipoativo, afirma a autarquia médica.
Nestas
situações, há evidências científicas que comprovam a eficácia e segurança
desses tratamentos, os quais encontram alternativas disponíveis para compra no
mercado brasileiro, sem necessidade de sua manipulação. No seu posicionamento,
o CFM também chama a atenção para os riscos potenciais do uso de doses
inadequadas de hormônios e a possibilidade de efeitos colaterais danosos.
Efeitos adversos -
Dentre os inúmeros efeitos adversos possíveis do uso dessas substâncias, estão
os cardiovasculares, incluindo hipertrofia cardíaca, hipertensão arterial
sistêmica e infarto agudo do miocárdio; aterosclerose; estado de
hipercoagulabilidade; aumento da trombogênese; e vasoespasmo. Também entram nesse
rol: doenças hepáticas, como hepatite medicamentosa, insuficiência hepática
aguda e carcinoma hepatocelular; transtornos mentais e de comportamento,
incluindo depressão e dependência; além de distúrbios endócrinos, como
infertilidade, disfunção erétil e diminuição de libido.
A
decisão anunciada pela Anvisa atinge os implantes hormonais manipulados em
farmácias magistrais. A medida prevê a suspensão da manipulação,
comercialização, propaganda e uso desses implantes. Os "chips" mais
comuns têm o tamanho de um palito de fósforo e são aplicados de forma
subcutânea; trazem na composição um ou mais tipos de hormônios. Têm sido usados
inadvertidamente para fins estéticos e também para tratamento de fadiga e
sintomas de menopausa, a despeito da ausência de comprovação científica segundo
a literatura vigente.
Por
meio de sua norma proibitiva, a Agência reconhece que não há garantia de
qualidade, eficácia e nem segurança desses produtos manipulados em farmácias,
assim como não há estudos científicos que respaldem a utilização de vias
alternativas de administração de hormônios, potencializando o risco de efeitos
indesejáveis e graves para a saúde. A orientação da Anvisa para quem já tem um
implante desse tipo é procurar seu médico e verificar a necessidade de retirá-lo
imediatamente ou, na impossibilidade de retirada, realizar o acompanhamento a
fim de se reduzir os danos causados por essa prática.
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