Nos últimos meses, a falsa corretora de investimentos EBDOX tem causado grande prejuízo a milhares de brasileiros, oferecendo retornos ilusórios em criptomoedas e ações internacionais. A corretora opera com uma estrutura altamente sofisticada, enganando investidores por meio de sites falsos e técnicas de persuasão bem elaboradas, levando as vítimas a acreditarem que estão fazendo investimentos seguros e lucrativos. Eis mais um golpe na praça, aproveitando-se da fragilidade bancária no controle das chamadas ‘contas laranjas’.
O esquema começa com a captação de clientes via sites que
oferecem treinamentos em investimentos. Após o primeiro contato, os golpistas
orientam as vítimas a instalarem programas como uma versão falsa da plataforma
Metatrader5 (MT5) e o AnyDesk, que lhes permite controlar remotamente o
computador do investidor. No início, solicita-se que a vítima faça pequenos
investimentos que são gradualmente aumentados com promessas de retornos ainda
maiores.
Com o tempo, os fraudadores começam a recusar saques maiores, oferecendo desculpas como crises financeiras ou problemas técnicos temporários. Em alguns casos, eles pedem novos aportes para "liberar" o capital já investido. Quando a vítima tenta insistentemente resgatar seus fundos, os golpistas fazem com que a conta pareça ter sofrido grandes perdas, manipulando os dados para simular operações malsucedidas e levando a crer que o dinheiro foi perdido.
Além disso, os depósitos realizados pelos investidores são direcionados para contas laranjas, muitas vezes abertas com documentos falsos ou emprestados, dificultando o rastreamento dos recursos. E esse é um ponto de grande alerta. Essa estratégia permite que os criminosos movam os fundos rapidamente, criando desafios adicionais para a recuperação dos valores.
Chama atenção a facilidade com que contas laranjas têm sido abertas e operadas em golpes como o da EBDOX. A quantidade de contas fraudulentas utilizadas para movimentar os recursos das vítimas revela uma falha grave no controle e na verificação das instituições financeiras. Diante disso, torna-se necessário investigar a responsabilidade dos bancos, uma vez que o Código de Defesa do Consumidor (CDC) e a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) indicam que as instituições financeiras devem garantir a segurança nas transações. A verificação de falhas nesse controle pode resultar em responsabilização judicial, tanto dos golpistas quanto das instituições que permitiram que essas operações ocorressem sem a devida supervisão.
Agir rapidamente é essencial. Ao perceber o golpe, a vítima deve procurar imediatamente assistência jurídica e registrar o caso junto às autoridades competentes.
Para evitar futuros golpes, é importante que os investidores
se mantenham atentos a ofertas de lucros fáceis e verifiquem sempre se a
corretora está devidamente registrada nos órgãos reguladores, como a Comissão
de Valores Mobiliários (CVM). Nunca confie em promessas de retornos elevados
sem risco, e desconfie de transferências feitas para contas de terceiros.
Jorge Calazans - advogado especializado na defesa de investidores
vítimas de fraudes, ativista no combate às pirâmides financeiras e sócio do
escritório Calazans e Vieira Dias Advogados
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