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sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Os riscos cibernéticos nas plataformas de jogos online para crianças e pré-adolescentes

 

O desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes é fundamental para o bem-estar da sociedade. No entanto, à medida que a presença de crianças no mundo digital se torna cada vez mais comum, surgem também desafios relacionados à sua segurança online. Embora a internet ofereça oportunidades de aprendizado e diversão, os riscos envolvidos podem comprometer sua integridade física e psicológica. Portanto, entender e enfrentar esses perigos é essencial para garantir um ambiente digital mais seguro.

Recentemente, pesquisas apontam que as crianças possuem seu próprio celular, mas pouquíssimos pais utilizam mecanismos de controle parental para monitorar a navegação dos filhos. Essa falta de supervisão digital é alarmante, pois crianças desprotegidas na internet tornam-se mais suscetíveis a ameaças, incluindo bullying, assédio virtual, golpes, phishing e até abordagens por quadrilhas de pedofilia.

Realizando levantamento de casos envolvendo crimes previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente, a maior parte deles estava relacionada à pornografia infantojuvenil, com situações variando desde ameaças de morte aos pais das crianças para obtenção de fotos e vídeos até interações aparentemente inocentes em redes sociais e grupos de jogos online. Esses dados revelam um cenário preocupante em relação à segurança das crianças na internet.

Além dos riscos diretos, há também um debate sobre a responsabilidade de monitorar e proteger as crianças no ambiente online. De quem é o dever de zelar pela segurança da internet? Será que cabe apenas ao Estado, às empresas ou às próprias plataformas? Os pais, que têm o dever de vigilância segundo o artigo 932 do Código Civil, também desempenham um papel crucial nesse cenário, precisando estar cientes da vida digital dos filhos e dos perigos envolvidos.

Para mudar essa situação, uma série de ações é necessária. O primeiro passo é estabelecer um diálogo aberto entre pais e filhos. Os pais devem conversar de forma franca e direta sobre os riscos existentes na internet, incentivando a comunicação para que os filhos se sintam seguros ao compartilhar problemas. A educação contínua é vital para ajudar as crianças a identificarem situações perigosas e tomarem decisões mais conscientes. No entanto, o diálogo por si só não é suficiente.

Os pais precisam utilizar ferramentas de controle parental para limitar o acesso a conteúdos inadequados e estabelecer regras claras de uso. Isso inclui verificar a idade mínima exigida para o uso de certas plataformas e redes sociais, muitas das quais têm restrições para usuários menores de 13 anos. Além disso, é importante equilibrar a atividade digital com outras atividades offline. Avaliar os aplicativos utilizados, supervisionar as conexões online e estabelecer limites de tempo para o uso de redes sociais e jogos são medidas essenciais para garantir a segurança das crianças.

A responsabilidade de proteger as crianças no mundo digital não recai apenas sobre os pais. O Estado também precisa promover a educação digital, apoiando campanhas de conscientização e envolvendo escolas, instituições de ensino e a sociedade civil. A inclusão de protocolos de segurança digital no currículo escolar pode ser uma ferramenta poderosa para formar cidadãos digitais responsáveis.

Por outro lado, as empresas de tecnologia têm o dever de criar ambientes digitais seguros. Os dispositivos, principalmente os que usam Inteligência Artificial, devem vir de fábrica com mecanismos que impeçam o mau uso por menores de idade. As plataformas online precisam implementar canais de denúncia obrigatórios e estabelecer medidas rigorosas de controle de acesso, que restrinja determinados acessos e identifique o usuário como menor de idade, evitando a dependência de informações facilmente burláveis, como a simples declaração de data de nascimento.

Outro ponto crucial é a existência de canais de denúncia com unidades especiais que lidam com riscos à criança e ao adolescente na internet, o que é fundamental para combater abusos. Essa comunicação pode agilizar ações preventivas e corretivas, garantindo a segurança do ambiente digital. O avanço da tecnologia traz riscos, mas também ferramentas para os enfrentar. Proteger as crianças na internet não é uma tarefa isolada, mas, sim, uma responsabilidade compartilhada entre pais, escolas, empresas, plataformas digitais e o Estado. É preciso uma abordagem integrada que promova a cultura de privacidade e segurança, educando as novas gerações para um uso ético e seguro dos recursos digitais.

O caminho para uma internet mais segura para crianças envolve medidas práticas, como a implementação de controles, educação contínua e supervisão ativa. Somente dessa forma será possível garantir que a experiência online das crianças seja positiva e segura, contribuindo para seu desenvolvimento saudável e, consequentemente, para o bem-estar de toda a sociedade. 

 

Paulo Baldin - CISO & CTO da Flipside, responsável pelo Mind The Sec



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