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quarta-feira, 14 de agosto de 2024

Olimpíadas: restrição alimentar pode ter papel importante na estatura das ginastas

 

“Vários estudos têm demonstrado que, aparentemente, as ginastas têm uma estatura mais baixa do que as outras atletas por conta de uma seleção natural: as pessoas mais baixas são as que acabam ficando nesse tipo de esporte e não é o treino intensivo na faixa pediátrica que vai comprometer a estatura. Muitos trabalhos sugerem que, mais do que o treinamento intensivo em crianças de idades muito jovens, a restrição alimentar tem um papel mais importante no comprometimento estatural. Então, é importante fazer uma orientação adequada sobre suplementação alimentar de acordo com o grau de atividade física”, comenta Dra. Cristiane Kochi, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP).

 

A médica acrescenta que a atividade física para crianças e adolescentes é fundamental para melhorar a condição física, hormonal, psicossocial e prevenção de doenças no futuro, como obesidade e osteoporose, por exemplo.

 

Durante o treinamento intensivo, várias alterações hormonais podem acontecer em todos os eixos: a alteração de secreção do hormônio de crescimento, das gonadotrofinas, dos hormônios tiroidianos e do cortisol. “As variações de concentração do cortisol acontecem de acordo com o tipo de atividade física, a duração, a intensidade e se é treino ou se é uma fase já de competição. Portanto é difícil justificar que um aumento na concentração do cortisol possa estar associado diretamente com uma restrição de crescimento dessas atletas. Agora, o que é mais descrito é que essas ginastas podem ter um atraso puberal e um atraso na menarca, mas que na maioria dos casos acontece de maneira semelhante ao que vemos no retardo constitucional do crescimento e puberdade. Então, ainda estaria dentro de uma variação do normal”, comenta a endocrinologista.

 

O grande problema é que não existem muitos trabalhos com o número de atletas acompanhadas ao longo prazo e pelo menos até uma idade maior - entre 21, 22 anos - para avaliar como acontece o crescimento inteiro até a estatura final, com a descrição detalhada de intensidade, duração e frequência dos treinos e com relação à oferta calórica.

“Há necessidade de estudos com uma casuística maior e prospectivos longitudinais para podermos ter uma ideia melhor de qual é o impacto da atividade intensa nas crianças e adolescentes em relação ao crescimento no futuro”, finaliza Dra. Cristiane. 

 



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