Estilo de vida, condições genéticas e hereditárias e a falta da especialidade em boa parte das cidades brasileiras, para tratamento preventivo e emergencial, contribuem para os índices.
Cerca de 400 mil pessoas morrem no Brasil por ano, vítimas de
doenças cardiovasculares. Os dados, do Ministério da Saúde, indicam que é a
causa mais comum dos óbitos no país, representando 30% das fatalidades. Entre
estilo de vida, condições genéticas e hereditárias e a falta de acompanhamento
de um cardiologista estão entre os motivos para o número elevado. Muitas dessas
patologias não apresentam sintomas visíveis ou evidentes até que se tornem graves,
e a falta de acesso a especialistas prejudica o diagnóstico precoce destas
condições.
“Existem diversas doenças silenciosas do coração, a hipertensão é uma delas, por exemplo, e quando o paciente apresenta algum sintoma, muitas vezes, ele já está em um quadro clínico de infarto, AVC, insuficiências”, afirma a cardiologista Lorraine Lorene. A médica dá atendimento especializado em hospitais de sete estados brasileiros via teleinterconsulta por meio da Doc4Doc, healthtech que conecta médicos para auxiliarem o corpo clínico em alguma especialidade médica.
Lorene explica que o acompanhamento especializado é a melhor
maneira de se evitar o agravamento dos casos. No entanto, 23% dos brasileiros
nunca se consultaram com um especialista segundo levantamento da Sociedade de
Cardiologia de São Paulo, o que mostra que nem todas as pessoas acessam um
médico da especialidade.
Pouca informação e conscientização sobre essas condições são uns dos motivos. No entanto, nem sempre os pacientes conseguem recorrer ao cardiologista pela indisponibilidade desse profissional em boa parte do território brasileiro.
A última contagem demográfica de especialistas em doenças coronarianas apontou uma discrepância entre a disponibilidade de cardiologistas espalhados pelo território nacional. Enquanto estados do Sul e Sudeste contam com uma média de 12 a 25 profissionais para cada mil habitantes, esse número reduz drasticamente nas regiões Norte e Nordeste, que possuem cerca de dois a três especialistas atuantes.
Para levar a especialidade nessas regiões, a teleinterconsulta tem
sido uma solução que vem crescendo no país. Com protocolos bem definidos e
regras do Conselho Federal de Medicina que estabelecem as diretrizes para esses
atendimentos, os diagnósticos chegam a tempo de oferecer tratamento para levar
a desfechos mais positivos aos pacientes, além de garantir que os casos mais
graves de alta complexidade numa emergência ou sala vermelha recebam o melhor
atendimento para um bom prognóstico.
“Certa vez atendi remotamente em Taiobeiras, município de Minas
Gerais, um caso de arritmia que já estava a mais de 12h sem estabilização.
Auxilei na avaliação, indiquei as medicações e conseguimos estabilizar o
paciente. Ao analisar os exames, identificamos um flutter atrial, que
basicamente são contrações irregulares do órgão resultando em palpitações,
falta de ar e tontura. São sintomas que podem ser confundidos com outras
patologias e dificilmente diagnosticados sem a ajuda de um especialista”,
observou a cardiologista.
O acompanhamento com especialistas permite um tratamento assertivo
para cada caso. Ao conhecer as complexidades e ter acesso aos protocolos,
constituídos por meio de uma medicina baseada em evidências, médicos
especialistas são capazes de gerir de forma proativa os fatores de risco. Nas
regiões onde não há esses profissionais disponíveis no corpo clínico do
hospital, a teleinterconsulta vem sendo adotada para auxiliar plantonistas e
generalistas a tomarem decisões mais acertadas para melhor recuperação. Além
dos benefícios aos pacientes, a solução vem reduzindo em quase a totalidade das
taxas de transferências para hospitais de grandes centros e reduzindo a sobrecarga
e fila de espera dessas instituições.
Doc4Doc
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