Mariana Kobayashi, co-fundadora da Tech do Bem, lista os benefícios que as plataformas low/no code, que minimizam ou eliminam a necessidade de codificação manual, trazem a essa comunidade, mas também dicas para que esse público-alvo possa seguir carreira na área de tecnologia;
As
tecnologias low code e no code são abordagens de
desenvolvimento de software que minimizam ou eliminam a necessidade de
codificação manual, permitindo que usuários sem conhecimento profundo em
programação possam criar soluções digitais como aplicativos para celular ou
mesmo websites. Enquanto o no code é usado para criar
aplicações apenas por meio de interfaces visuais, sem escrever código algum,
o low code também oferece componentes pré-construídos que
podem ser personalizados com alguma codificação.
No entanto, há um
indício de desigualdade social no acesso à tecnologia como um todo. Em 2020,
uma análise da Fundação Seade e do Cetic revelou que, na população periférica
de São Paulo, a maior capital do Brasil, 56% das pessoas possuem acesso à
internet de baixa velocidade, das quais 67% só conseguem usar por meio de
celulares. Devido a isso, o Trilhas Digit@is, do UNICEF, e outras iniciativas têm sido
fundamentais para levar acesso a essas tecnologias aos jovens de periferia.
O projeto do
UNICEF, por exemplo, vem produzindo um material didático sobre competências e
cultura digital destinado aos educadores; estes, por sua vez, se valem do
material para criar experiências de aprendizagem digital com alunos de
comunidades periféricas. Para Mariana Kobayashi, co-fundadora da Tech do Bem, é importante que esses jovens tenham acesso às
tecnologias low/no code porque elas podem ser um caminho para a
inclusão digital e social.
“Essas
tecnologias, de uma certa forma, facilitam a criação de soluções antes muito
dependentes de um conhecimento em programação, uma hard skill com
uma curva de aprendizagem um tanto longa. Resumindo, elas oferecem uma maneira
acessível de construir um portfólio valioso em tecnologia e mostrar isso ao
mercado de trabalho”, complementa.
Por que apostar nas tecnologias emergentes?
Abaixo, Mariana
aponta as vantagens que o investimento em programação no/low code traz,
especialmente para jovens que moram em periferias.
1.
Crescimento profissional: “A
programação é uma área em constante evolução, o que permite um crescimento
contínuo e a possibilidade de se especializar em diferentes tecnologias e
linguagens. Extremamente maleáveis, graças à facilidade e experiência que
proporcionam, as plataformas low/no code têm sido preferidas
até mesmo por programadores mais experientes. Em 2021, a pesquisa The State of
Internal Tools, da Retool, apontou que 89% das pessoas que trabalham com essas
tecnologias se sentem satisfeitas com elas, 90% elogiam a performance e outras
89% não as trocariam por outras linguagens de programação”, exemplifica
Mariana.
2.
Diversidade de oportunidades, flexibilidade e empregabilidade: “Há uma ampla gama de setores que necessitam de
programadores, de startups a grandes empresas, seja presencial ou remoto. A
demanda por profissionais de tecnologia é alta, e a programação oferece uma das
taxas de empregabilidade mais elevadas - em 2021, por exemplo, a Associação
Catarinense de Tecnologia (Acate) listou que os cargos mais procurados na área
da tecnologia são os de desenvolvedores, em especial full-stack (22,6%), back-end (18,4%)
e front-end (12,4%)”, diz.
3.
Impacto social e possibilidade de empreender: “Programadores podem usar suas habilidades para
desenvolver soluções que beneficiem suas comunidades, criando um impacto social
positivo. Além disso, programar abre portas para o empreendedorismo, permitindo
que os jovens criem suas próprias startups ou produtos digitais”, completa
Mariana.
4.
Inclusão e diversidade: “Há
um esforço crescente para aumentar a inclusão e a diversidade na área de
tecnologia, o que pode beneficiar jovens de periferias. Com essas tecnologias,
eles podem desenvolver soluções tecnológicas que atendam às necessidades de
suas comunidades, além de abrir portas para melhores oportunidades de emprego e
educação”, entende.
5.
Renda potencial: “Programadores geralmente têm um
potencial de renda acima da média, especialmente à medida que ganham
experiência e habilidades especializadas. De acordo com um levantamento feito
pelo site Glassdoor em abril deste ano, os salários podem chegar a R$6 mil
mensais no Brasil”, conclui Mariana Kobayashi.
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