Como estamos no cenário da inovação mundial? Essa é uma pergunta que deveria inquietar a todos. Atualmente, de 132 países, o Brasil ocupa o 49.° lugar no Índice Global de Inovação (IGI), posicionando-se como o melhor da América Latina. O índice, que considera vários indicadores, como despesas em pesquisa e desenvolvimento e contratação de doutores, traz para a discussão um outro ponto muito importante: as solicitações de concessão de patentes.
Não tão difundido no Brasil, esse último recorte
levanta um debate importante e essencial como forma de garantir avanço
tecnológico e científico no país. Ou seja, é necessário reconhecer que a
propriedade intelectual (PI) precisa estar regularmente na agenda do Governo.
Dentre os institutos jurídicos da PI, a patente é a que traz mais contribuição
para o desenvolvimento, pois incentiva investimentos em pesquisa,
desenvolvimento e inovação, e permite que as empresas se tornem mais
competitivas.
Nos Estados Unidos, por exemplo, país que tem um
dos sistemas de patentes mais robustos, sofisticados e rápidos do mundo,
operado pelo United States Patent and Trademark Office (USPTO), a legislação de
patentes oferece uma proteção forte para os inventores, permitindo a exclusividade
de uso e comercialização da invenção por um período de 20 anos a partir da data
de depósito. O sistema também é conhecido por ser flexível e adaptável às
mudanças tecnológicas e de mercado. Além disso, a existência de tribunais
especializados em disputas de patentes garante uma resolução eficiente e
especializada dos conflitos, o que aumenta a segurança jurídica para os
detentores de patentes.
Com isso, fica ainda mais evidente que é essencial
darmos a devida importância e urgência para o incentivo ao desenvolvimento de
patentes e, também, aos próprios pesquisadores no nosso país. A patente é uma
forma de retribuição para aqueles que investem – seja dinheiro ou tempo — em
pesquisas para realizar suas criações, além de ser uma proteção necessária para
garantir a continuidade desses investimentos que demandam muitos
recursos.
O que alguns enxergam como individualismo, nada
mais é do que proteção. É desta forma que muitos empresários que têm o registro
de suas invenções veem as patentes e toda a legislação em torno delas e deveria
ser a percepção da grande maioria. O sistema brasileiro, gerido pelo Instituto
Nacional da Propriedade Industrial (INPI), enfrenta alguns desafios, incluindo
uma lista expressiva de pedidos de patentes e um tempo médio de processamento
longo, que pode superar sete anos. Em 2023, foram registrados 27.139 pedidos de
patentes no Brasil, índice que se mantém estável desde 2018, quando foram
realizadas 27.551 solicitações, segundo o INPI. A maior parte desses pedidos
está relacionada a áreas como engenharia mecânica, química e elétrica.
É preciso reconhecer que o Brasil tem se esforçado para melhorar seu sistema com iniciativas que buscam reduzir o tempo de espera por meio de métodos mais eficientes de exame e cooperação internacional. Com esse cenário, conseguimos entender porque comercializar um produto inovador sem registro de patente é arriscado, deixando muitas vezes seu inventor vulnerável. Ou seja, a proteção legal permite a criação de ambientes propícios para o surgimento de novas soluções e avanços tecnológicos. Mas o principal ainda está em disseminar a informação de que a patente não é uma vilã. Ela incentiva a concorrência a encontrar alternativas tecnológicas ainda mais avançadas para conquistar o mercado, além de estimular o conhecimento de uma nova tecnologia que, se não fosse pela dedicação do autor em pesquisas, permaneceria inacessível
Rogério Reis - administrador, formado em ciências jurídicas e inventor dos Totens de Segurança Helper
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