Na estação a imunidade cai e a circulação dos vírus aumenta, colocando nossos olhos em risco. Entenda.
Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) mostram que durante os meses mais frios as doenças respiratórias afetam cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo e causam até 650 mil mortes por ano. No Brasil a situação é um pouco pior. O último boletim da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde mostra que em 2023 ocorreram 221,7 mil casos de síndrome respiratória aguda grave e a taxa de óbitos foi de 19 mil, bem acima da média mundial.
De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier, o frio é o ambiente propício para a reprodução de diferentes cepas de vírus. Uma delas, o adenovírus, aumenta os casos de resfriado e conjuntivite, inflamação da conjuntiva, membrana transparente que reveste as pálpebras e a esclera, parte branca dos olhos.
O especialista
ressalta que o aumento da poluição no inverno predispõe ao olho seco, uma disfunção na quantidade ou
qualidade da lágrima que tem a função de proteger os olhos. “Sem esta barreira
contra as agressões externas, o vírus chega aos olhos por meio do ar, água,
contato com secreção de uma pessoa resfriada ou da mão com os olhos após tocar
em um objeto contaminado”, explica.
Sintomas
Você acorda de
manhã sentindo dor nos olhos, queimação, sensação de areia e visão embaçada.
Vai para o espelho e vê seus olhos eliminando uma secreção viscosa e as
pálpebras inchadas. Quem está com a imunidade baixa também pode sentir os
sintomas do resfriado: tosse, coriza e dor de garganta.
Grupos de risco
Queiroz Neto
afirma que todas as faixas etárias podem contrair a conjuntivite viral, mas
quatro grupos têm mais predisposição:
· Crianças porque muitas nunca tiveram contato anterior com
o vírus e por isso não têm imunidade incorporada.
· Idosos, alérgicos, mulheres na pós-menopausa e pessoas
imunodeprimidas tem maior deficiência de lágrima. Estes grupos, comenta, podem
desenvolver ceratoconjuntivite, caracterizada por infiltrados na córnea que
causam áreas de opacificação na córnea e pode comprometer permanentemente a
visão se não receber o tratamento
adequado.
· Jovens estudantes e trabalhadores que no dia a dia
permanecem aglomerados em ambientes fechados também correm mais risco.
Transmissão
O
oftalmologista afirma que a conjuntivite viral e a bacteriana são altamente
contagiosas. Por isso são uma importante causa de afastamento do trabalho e da
escola. A transmissão se dá pelo contato com a secreção dos olhos ou das
superfícies tocadas pela pessoa contaminada. Evitar escolas, locais de trabalho
e outros ambientes fechados é decisivo para se recuperar da condição
Diagnóstico
O diagnóstico
preciso, pontua Queiroz Neto, requer a distinção da conjuntivite de outras
condições como a uveíte, ceratite ou glaucoma agudo que podem apresentar
sintomas semelhantes. Para isso, explica, a consulta inclui a completa anamnese do paciente,
incluindo o início, duração e sensações que não podem ser percebidas no exame,
como por exemplo dor, coceira e sensação de agulhada no olho. Para estabelecer
a melhor terapia o oftalmologista também se informa com o paciente sobre
sensibilidade alérgica, contato com pessoas contaminadas, uso de medicamentos e
outras condições de saúde que possam interferir no aspecto dos olhos. “Geralmente fazemos o exame oftalmológico com
lâmpada de fenda e instilamos no olho do paciente um colírio de fluoresceína
para visualizar melhor a superfície do olho e identificar possíveis danos ou
abrasões na córnea.
Tratamento
A conjuntivite
viral é tratada com o gerenciamento da condição e geralmente dura duas
semanas. Queiroz Meto afirma que quando
não há infiltrados a indicação é instilar colírio lubrificante para diminuir o
desconforto. Em caso de ceratoconjuntivite o tratamento é feito com colírio de
corticoide. “Neste caso, ressalta, requer o acompanhamento do oftalmologista
para ser retirado aos poucos e não causar efeito rebote”, salienta. Um erro
frequente no tratamento de conjuntivite viral é usar colírio antibiótico. Isso
porque, explica, o antibiótico piora a condição e usado indiscriminadamente
provoca resistência ao medicamento.
Prevenção
As nove
recomendações de Queiroz Neto para prevenir a conjuntivite viral são:
· Evite aglomerações em locais fechados.
· Mantenha os olhos lubrificados.
· Lave as mãos com frequência.
· Evite levar as mãos aos olhos.
· Ao primeiro desconforto consulte um oftalmologista
imediatamente.
· Pare de usar lente de contato até o olho estar completamente
recuperado
· Durma bem.
· Aplique compressa fria feita com gaze e água filtrada
· Nunca compartilhe colírio, fronhas, toalhas e maquiagem.
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