Suprimento de
energia elétrica, logística, transportes públicos precisam de melhorias para
que o desenvolvimento sustentável seja efetivo no Brasil Políticas públicas
precisam ser diversificadas para atender a diversidade de raças, etnias,
localizações geográficas e históricos de vida
Mais de 20 milhões de pessoas trabalham na
informalidade no Brasil por questões como falta de apoio para empreender,
capacitação e qualificação, informações adequadas e apoio durante o processo de
formalização. Em áreas mais remotas da geografia nacional, como por exemplo na
Amazônia, bioma de maior biodiversidade do planeta, os pequenos negócios
sustentáveis não avançam por falta de infraestruturas como energia elétrica,
estradas e transportes.
As conclusões foram levantadas nos dias 11 e 12 de
junho, durante a sexta edição do Fórum Brasileiro de Microempreendedorismo, em
Brasília. O evento, organizado pela Aliança Empreendedora, tem por objetivo
reunir os principais atores do ecossistema de apoio ao microempreendedor
brasileiro para discutir os desafios e gerar soluções que tragam impacto para
os microempreendedores, principalmente aqueles na base da pirâmide.
“Desde 2005 já apoiamos 300 mil pessoas para que
pudessem ser micro ou pequenas empreendedoras e a conclusão que chegamos é que
as ações e políticas públicas precisam ser diversas, considerando a diversidade
geográfica, de raça e etnia, a história pessoal de cada indivíduo. Todos os
atores envolvidos (governos, empresas, sociedade civil) precisam pensar juntos
em soluções customizadas, e não em modelos únicos. Em um país como o Brasil,
esse olhar é necessário e primordial”, disse Cristina Filizzola, presidente da
Aliança Empreendedora.
Adriana Barbosa, CEO da Plataforma PretaHub e
presidente do Instituto Feira Preta, organização que promove a cultura, a
economia e o empreendedorismo negro, ressaltou também a necessidade de ações
que atentem para a diversidade: “não há como avançar nos negócios e no
empreendedorismo no Brasil se não considerarmos a questão racial”.
Durante sessão solene realizada na Câmara dos
Deputados, em parceria com a Procuradoria da Mulher, encabeçada pela deputada
federal Soraya Santos (PL-RJ), a Aliança Empreendedora apresentou uma
lista de recomendações - com foco em temas principais como: refugiados,
imigrantes, juventude, pessoas com deficiências e periferia - para
contribuir com os poderes Legislativo e Executivo, tanto na redução das
desigualdades, quanto na criação e implementação de ações e políticas públicas
com foco no microempreendedorismo. As orientações foram compiladas a partir de
estudos e pesquisas do Programa Empreender 360, que busca influenciar e atuar
junto a organizações, empresas, institutos de pesquisa e gestores públicos
interessados em tornar o ato de empreender mais fácil, justo e inclusivo.
Criador do Microcrédito
O criador do Microcrédito, considerado “pai” dos
Negócios Sociais, e Nobel da Paz, Professor Muhammad Yunus, enviou uma mensagem
exclusiva para o Fórum com um recado importante: “O emprego não é o auge do ser
humano, mas a criatividade sim. Somos repletos de criatividade e o
microempreendedorismo permite que cada um possa conhecer a si mesmo, colocar a
criatividade em prática e ajudar as pessoas”, pontuou.
Potencial sustentável x falta
de infraestrutura para os negócios verdes
Lucas Ramalho, diretor de novas economias da
secretaria de economia verde, descarbonização e bioindústria do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, ressaltou a capacidade do
Brasil na descarbonização da economia por meio da indústria. “Nosso país possui
um potencial pouco lembrado e pouco mencionado: o de produzir bens e serviços
com a menor pegada de carbono do planeta. Nós conseguimos produzir um painel
fotovoltaico com 80% menos pegada de carbono do que na China, por exemplo”,
disse.
Por outro lado, a Superintendente de
Desenvolvimento Sustentável da Fundação Amazônia Sustentável, Valcléia
Solidade, disse que ainda há grandes desafios para que os negócios sustentáveis
possam deslanchar na Amazônia. “Ainda é muito desafiador empreender na Amazônia
profunda. Lá, as estradas são rios, o deslocamento é caro e 1 milhão de pessoas
ainda vivem sem fornecimento de energia elétrica. Como empreender nessas
condições? Algumas comunidades poderiam estar investindo no beneficiamento do
açaí para vender o sobrante e comprar o que não conseguem produzir, mas como
fazer isso sem energia elétrica?”, exemplificou.
“A Amazônia oferece uma série de grandes
oportunidades para o desenvolvimento de negócios verdes, mas para isso é
preciso levar e ampliar as infraestruturas nessas comunidades. Precisamos levar
também educação empreendedora. Sem isso, não tem como os negócios acontecerem”,
concluiu.
A importância da assistência
social para o microempreendedorismo
Em um segundo painel, especialistas discutiram a
importância da assistência social para o desenvolvimento do
microempreendedorismo em um país como o Brasil. “A assistência social tem que
estar sempre no debate de formação de políticas públicas porque estamos falando
de pessoas que precisam estar fortalecidas e ter seus direitos garantidos e
esse público muitas vezes não os tem. Temos que promover o desenvolvimento
humano dessas pessoas”, disse Magali Basile, vice-presidente do Colegiado
Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (Congemas).
Durante o painel também foi lançado o curso
“Empreendedorismo na Assistência Social”, que abrange o encontro entre
assistência social e empreendedorismo no Brasil, destacando a evolução
legislativa, a importância da proteção social, a dinâmica do trabalho e a
atuação da Aliança Empreendedora. O objetivo é promover a compreensão das
temáticas, e a construção conjunta de caminhos para a cidadania e protagonismo.
O Curso é gratuito e está disponível no
link.
GTs com delegação de
especialistas
Além dos painéis e da sessão na Câmara dos
Deputados, o Fórum Brasileiro de Microempreendedorismo contou com uma
programação fechada para uma delegação de aproximadamente 100 pessoas, que
representam as vozes do ecossistema empreendedor no Brasil: pesquisadores,
representantes do governo, de setores e organizações que atuam na base,
microempreendedores, voluntários, entre outros perfis . Esse grupo foi
convidado a vir até Brasília - alguns com bolsa integral de transporte e
hospedagem - para participar de toda a programação do evento, tanto como
ouvintes quanto como painelistas.
Além disso, no dia 12 de junho se reuniram em seis
Grupos de Trabalho (GTs), que aconteceram de forma colaborativa com os
seguintes órgãos do governo. Os espaços sediaram debates e reflexões sobre os
temas abaixo:
1. Diálogos sobre economia de impacto, com o Ministério do Desenvolvimento,
Indústria, Comércio e Serviços;
2. Revisão da política ProJovem, com o Ministério do Trabalho e Emprego;
3 Inovação e tecnologia para microempreendedores de base com o Ministério da
Ciência, Tecnologia e Inovação;
4. Caminhos para construção da Rede Nacional de Inclusão Produtiva, com o
Ministério de Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, o
Sebrae Nacional e a Organização das Cooperativas do Brasil;
5. Melhorias no ProCred - estratégias de disseminação, orientação e
acompanhamento, com o Ministério de Empreendedorismo, da Microempresa e de
Empresa de Pequeno Porte;
6. Diálogos sobre o Programa Rotas Negras, com o Ministério de Igualdade
Racial.
“Os eventos estratégicos em GTs funcionaram como
oficinas de construção, foi uma oportunidade valiosa de organizações,
microempreendedores e atores do setor, trazerem reflexões, debates e
inspirações, diretamente para aqueles que estão desenhando e implementando
políticas públicas no Brasil. Isso tudo feito de uma forma com que o trabalho
real e as trocas efetivas cheguem em microempreendedores de norte a sul do
Brasil”, explica Lina Useche, cofundadora e head de Relações Institucionais da
Aliança Empreendedora. Esses encontros vão gerar relatórios de apoio para as
políticas que estão nascendo ou sendo revisadas.
O Fórum Brasileiro de
Microempreendedorismo
O Fórum Brasileiro de Microempreendedorismo é um evento gratuito, promovido pela Aliança Empreendedora por meio do Programa Empreender 360. Em 2024, aconteceu pela sexta vez consecutiva, a segunda na capital federal, e contou com o apoio Institucional do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), do Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, da Procuradoria da Mulher da Câmara dos Deputados, do G20 Social e patrocínio do Bank of America, Instituto Assaí, Caixa e Governo Federal, Fundação Arymax, Coca-Cola Brasil e Meta.
Aliança Empreendedora
www.aliancaempreendedora.org.br
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