No Mês de Conscientização da Amputação, a Campanha
Abril Laranja é fundamental para alertar a população sobre a importância da
prevenção e o controle das úlceras e o pé diabético. A prevalência de pessoas
com esta condição vem crescendo progressivamente ao longo dos anos devido ao
aumento mundial de casos de diabetes melittus (DM). O termo pé diabético
abrange uma série de alterações e complicações que afetam a saúde dos pacientes
diabéticos. Compreender adequadamente esta condição é fundamental para diminuir
os casos da doença e, consequentemente, evitar a amputação do membro.
O angiologista, cirurgião vascular e diretor da
Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo
(SBACV-SP), Akash Kuzhiparambil Prakasan, explica que as mudanças metabólicas
podem resultar em danos nos nervos e nos vasos sanguíneos, levando à perda de
sensibilidade nos pés. Isso, por sua vez, pode causar atrofia nos músculos
intrínsecos, resultando em deformidades que aumentam o risco de desenvolver
calosidades e feridas. Em casos mais graves, dependendo do comprometimento
tecidual e de outros fatores associados ao paciente, tais complicações podem
levar à necessidade de intervenções cirúrgicas, amputações e, em situações
extremas, até mesmo à morte do paciente. “É uma doença extremamente prevalente
em nosso meio e que causa cerca de uma mutilação a cada 30 segundos no mundo.
São números gritantes que chamam para uma ação imediata deste problema de saúde
pública”, declara o especialista.
Ainda segundo o cirurgião vascular, os problemas
nos pés são responsáveis por mais internações hospitalares do que quaisquer
outras complicações em pacientes com diabetes. Estima-se que ao longo da vida,
aproximadamente 30% dos pacientes desenvolvam úlceras. Dessas úlceras, em torno
de 20%* levarão a amputações, que podem ser maiores (acima do tornozelo) ou
menores (abaixo do tornozelo). “Alarmantemente, 10%* desses pacientes não
sobrevivem ao primeiro ano após o diagnóstico da ferida no pé. Isso destaca a
urgente necessidade de uma atenção especial a esses pacientes, com o objetivo
de reduzir ao máximo essas complicações.
A compreensão das causas desses problemas permite o
reconhecimento precoce de pacientes com alto risco. Foi demonstrado que até 50%
das amputações e úlceras nos pés do diabético devem ser evitadas por meio de
identificação, agilidade no diagnóstico e educação eficaz”, afirma Dr. Akash
- *link.
As diretrizes médicas, tanto nacionais quanto
internacionais, estão apoiadas em vasta literatura da medicina e atuam nas
diversas etapas, desde a prevenção até a abordagem cirúrgica, seja com a
limpeza das feridas, com a necessidade de amputações menores e maiores, até a
correção da deformidade que leva à ulceração do pé. O Dr. Akash reforça que o
acompanhamento multidisciplinar, com participação e envolvimento de algumas
áreas e profissionais da saúde, é de extrema importância.
Estudos envolvendo pacientes com úlcera no pé
cicatrizado mostram que sinais precoces de lesões na pele, como calos
abundantes, bolhas ou hemorragia, estão entre os prognósticos mais fortes de
recorrência. Se estas lesões pré-ulcerativas forem identificadas em tempo
hábil, é provável que a cura delas previna muitas recidivas. Fatores
biomecânicos, como as pressões a que o pé descalço é submetido, no calçado e o
nível de adesão ao uso de calçados prescritos também são importantes na
recorrência de úlceras na superfície plantar do pé́. Como esses motivos
biomecânicos são alteráveis, o cuidado adequado tem papel importante na
prevenção.
Existem várias medidas que podem ajudar a proteger
o paciente. O primeiro passo é controlar o diabetes de forma adequada. Além
disso, é essencial tomar precauções para prevenir lesões nos pés. Isso inclui
manter as unhas adequadamente cortadas, tratar qualquer infecção fúngica entre
os dedos (como a micose interdigital, que pode aumentar o risco de infecções),
manter a pele dos pés hidratada, escolher calçados apropriados e optar por
meias feitas de algodão ou materiais que permitam uma boa ventilação, reduzindo
assim a umidade nos pés. A recomendação é evitar o uso de meias apertadas ou
com costuras internas que possam causar atrito e lesões na pele. As consultas
regulares aos profissionais de saúde, para que possam identificar alterações
precoces, são fundamentais.
“A maioria das pessoas tem algum familiar ou amigo
que possui diabetes. Se não prestarmos atenção e não fornecermos orientações
adequadas, essas pessoas correm o risco de ter sua qualidade de vida
significativamente comprometida devido às complicações decorrentes do diabetes.
É fundamental oferecer suporte e gerenciar para garantir uma melhor saúde e
bem-estar para aqueles que convivem com a doença”, enfatiza o médico.
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Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo – SBACV-SP
www.sbacvsp.com.br
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