Muitas incertezas ainda afetam as mulheres diante do assunto; especialista esclarece o que é verdade
A endometriose é uma condição médica complexa que afeta uma em cada dez mulheres no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Ela é caracterizada pela presença anormal de um tecido semelhante ao endométrio, que reveste a camada interna do útero, fora do órgão. Costuma ter um impacto significativo na qualidade de vida feminina e é reconhecida como questão de saúde pública.
“A endometriose pode gerar uma variedade de sintomas debilitantes, incluindo dor pélvica, dismenorreia, dor durante o sexo e até mesmo infertilidade. O diagnóstico muitas vezes é desafiador, e o tratamento varia conforme a gravidade dos sintomas e os objetivos reprodutivos da paciente”, comenta o Dr. Patrick Bellelis, especialista em endometriose e colaborador do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.
Por sua complexidade, circulam muitas informações equivocadas
sobre o assunto. Pensando nisso, o especialista esclarece os mitos e verdades a
respeito da condição. Confira:
Não tem cura definitiva
Verdade. Embora não haja uma cura definitiva para a endometriose, existem
opções de tratamento disponíveis para ajudar a gerenciar os sintomas e melhorar
a qualidade de vida das mulheres afetadas. As opções incluem medicamentos para
alívio da dor, terapia hormonal e cirurgia para remover o tecido endometrial
ectópico.
Apenas mulheres mais velhas são afetadas
Mito. Embora seja mais comum em mulheres em idade reprodutiva, a
endometriose pode afetar pessoas de todas as idades, incluindo adolescentes e
mulheres na pós-menopausa. O diagnóstico geralmente envolve uma combinação de
histórico médico detalhado, exame físico e de imagem, como ultrassonografia ou
ressonância magnética.
Aumenta riscos de infertilidade
Verdade. A inflamação crônica, as alterações hormonais e a disfunção
imunológica causadas pela endometriose aumentam os riscos de infertilidade na
mulher. Esses processos podem afetar a qualidade dos óvulos e do esperma, bem
como a capacidade do embrião de se implantar no útero. Mas, apesar de 40% das
pacientes com endometriose enfrentarem infertilidade, as demais (60%) conseguem
engravidar sem maiores problemas, de acordo com a Sociedade Brasileira de
Endometriose (SBE).
Endometriose é só uma dor menstrual normal
Mito. A dor associada à endometriose pode ser intensa e persistente,
afetando negativamente a qualidade de vida das pessoas que convivem com a
condição. Por muitas vezes, pode ser normalizada tanto pela paciente quanto
pelos médicos e pela sociedade, tornando-se um dos principais obstáculos para o
diagnóstico precoce. Em muitos casos, a dor não se limita apenas ao período
menstrual, mas pode ocorrer em qualquer momento do ciclo. Além disso, consegue
ser tão debilitante a ponto de interferir nas atividades diárias, como
trabalho, estudo e relacionamentos interpessoais.
O diagnóstico é difícil
Verdade. Outra verdade é que a endometriose é difícil de diagnosticar,
porque os seus sintomas podem ser confundidos com outras condições
ginecológicas, como a síndrome do intestino irritável ou cistos ovarianos.
Muitas mulheres sofrem por anos sem um diagnóstico preciso, o que pode levar a
um atraso no tratamento e no manejo adequado da condição. Além disso, a
dificuldade em obter exames específicos também contribui para esse cenário
desafiador.
É uma condição rara
Mito. Apesar de ser subdiagnosticada, a endometriose não é uma condição
rara, afetando aproximadamente 190 milhões de mulheres em todo o mundo e 7
milhões somente no Brasil, segundo a OMS.
Clínica Bellelis - Ginecologia
Patrick
Bellelis - Doutor em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo (USP);
graduado em medicina pela Faculdade de Medicina do ABC; especialista em
Ginecologia e Obstetrícia, Laparoscopia e Histeroscopia pela Federação
Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo); além de ser especialista em
Endoscopia Ginecológica e Endometriose pelo Hospital das Clínicas da USP.
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