Carl Gustav Jung,
psiquiatra suíço, fundador da psicologia analítica, nos lembra que tudo a que
resistimos, persiste. Refletindo sobre esta sua famosa frase, consigo entender
o quanto é importante encarar de frente as nossas dificuldades, os nossos anseios,
pois só assim conseguimos despertar a consciência para um caminho de
amadurecimento emocional.
Temos o hábito de
nos cobrar sermos o tempo todo felizes, capazes, eficientes e muitas outras características
que nos fazem acreditar que temos que ser perfeitos, que não podemos ou não
devemos sentirmo-nos frustrados, ansiosos, tristes, decepcionados e quando algo
acontece e percebemos estes sentimentos em nós que são considerados negativos,
tendemos a resistir em entrar em contato com eles, pois os consideramos sinais
de fraqueza e vulnerabilidade.
Sendo assim,
ignoramos o que está se passando conosco internamente criando a ilusão de que
com este comportamento estamos protegidos e assim nos sentiremos melhor. Certo?
Não, errado...
Quanto mais
fugimos dos nossos pensamentos, sentimentos e emoções, mais presos a eles
ficamos, pois quando nos esforçamos para escondê-los de nós mesmos e dos
outros, continuamos próximos deles, tentando empurrar para baixo o que está
incomodando, construindo desta forma uma barreira que impede de nos enxergarmos
por completo com todas as qualidades que nos pertencem, nos limitando a aceitar
o nosso modo de ser e sentir.
Agindo assim,
ficamos remando contra a maré, e a dor e o sofrimento velados, podem inclusive
aparecer através de sintomas físicos como uma doença ou uma alteração orgânica
até que possamos dar-lhes a devida atenção. É como quando temos uma ferida
infeccionada e insistimos em cobri-la, o pus que está por baixo dela quer sair
a todo custo, e enquanto não tiramos o curativo e deixamos o pus sair, a ferida
fica ali latejando.
Segundo Jung,
quanto mais resistimos aos nossos medos, ao que nos assusta, aos nossos
sentimentos considerados por nós ruins, mais poder e domínio eles terão sobre
nós; agiremos de maneira inconsciente repetindo padrões de comportamento sem
nem sequer saber para que estamos agindo daquela maneira.
Portanto negar,
resistir, fugir àquilo que nos incomoda, só agrava os estados de ansiedade,
inquietação e nervosismo.
A tristeza, a ansiedade,
os medos, as frustrações, as decepções, os conflitos, nos tornam humanos e
aceitar que estes aspectos fazem parte de nós, pode colaborar para vivermos de
maneira mais harmoniosa e gentil, contribuindo com o nosso equilíbrio e
liberdade emocionais.
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