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terça-feira, 2 de abril de 2024

Do 'crush' ao crime: como funciona o chamado golpe do amor?

Freepik
Dos 51 casos de sequestro na maior cidade do Brasil (SP), 49 ocorreram por meio de aplicativos de namoro, em 2023. Todas as vítimas eram mulheres

 

Imagine começar a se relacionar com alguém, compartilhar assuntos particulares, desenvolver sentimentos de carinho e confiança e, depois, descobrir que a pessoa é uma golpista interessada apenas em te extorquir financeiramente? Parece algo muito distante, mas com jeito envolvente e técnicas de engenharia social, os golpistas se passam por potenciais parceiros românticos para enganar suas vítimas e isso tem acontecido com frequência assustadora. 

Conhecido como golpe do falso romance, estelionato sentimental virtual ou romance scam (em inglês), a situação explora os sentimentos das pessoas e resulta, na maioria das vezes, em perdas financeiras significativas e danos emocionais duradouros. O caso mais famoso é o de Shimon Liev, o famoso “Golpista do Tinder”, que virou documentário na Netflix em 2022. Ele foi acusado de roubar milhões de dólares, de várias mulheres, usando uma identidade falsa no aplicativo de namoro. 

No Brasil, quatro em cada dez mulheres afirmam já ter sofrido algum golpe de namoro virtual ou conhecem alguém que foi vítima. O foco financeiro (pedir dinheiro emprestado por transferência bancária) lidera o ranking de golpes com 53%, de acordo com levantamento da organização “Era Golpe, Não Amor”, em parceria com a empresa Hibou, a Associação Brasileira de EMDR e o Ministério Público de São Paulo. 

A fraude de pagamentos é outro tipo de golpe de sequestro cada vez mais comum e que precisa ser investigado. Em 2023, dos 51 casos de sequestro na maior cidade do país, 49 ocorreram por meio de aplicativos de namoro. Todos ocorridos com mulheres - segundo dados da Divisão Antissequestro de São Paulo e confirmados pela Secretaria de Segurança Pública. Nenhuma outra capital brasileira registra tantos crimes relacionados a aplicativos de namoro quanto São Paulo, o que torna o "golpe do amor" um crime típico da cidade. 

A introdução do PIX, a facilidade de acesso às contas bancárias por meio de aplicativos e a popularização dos apps de relacionamento têm alterado o modo de operação dessas quadrilhas. Por isso, para pensar melhor em como virar o jogo, Arnaldo Thomaz Neto, country manager da BioCatch, examina as principais maneiras pelas quais os clientes estão sendo manipulados – tornando-os cúmplices e vítimas involuntárias. 

“Esse tipo de fraude ocorre com frequência quando grupos de golpistas se passam por estrangeiros, geralmente militares dos Estados Unidos ou pessoas em altos cargos de empresas. De maneira articulada, eles convencem as vítimas a transferirem altas quantias de dinheiro, até mesmo passar dados pessoais, se tornando, assim, laranjas dos golpes aplicados em outras vítimas”, explica o especialista. “Uma vez que o dinheiro é enviado, o golpista desaparece, deixando a vítima com prejuízos financeiros significativos, sem falar nos danos emocionais”. 

As vítimas, que não são culpadas pelos esquemas, precisam estar cientes de que os golpes existem e ter informações de como se proteger e a quem recorrer quando necessário. Cabe aos bancos iniciar essas ações, tanto informando aos clientes sobre o problema, como oferecendo sempre mais camadas de segurança para proteger as transações. “Se as fraudes e os golpes usam tecnologias de ponta, os bancos também precisam, e devem estar sempre um passo à frente nisso”, finaliza o executivo da BioCatch. 


Aprenda a identificar e não cair em tentativas de golpes

Pesquise o histórico da pessoa: faça uma pesquisa rápida na internet sobre a pessoa com quem você está interagindo. Verifique se há informações conflitantes ou se as fotos utilizadas podem ser falsas.

Verifique todas as mídias sociais: veja se a pessoa possui perfis em redes sociais e se esses parecem autênticos. Perfis com poucas fotos ou amigos, ou que foram criados recentemente, podem ser indicativos de fraude. Assim como perfis com números nos nomes de usuários.

Desconfie de sentimentos muito rápidos: impulsividade é o primeiro sinal de desconfiança. Se a pessoa expressar sentimentos intensos de forma rápida, isso pode ser um sinal de que estão tentando manipulá-lo emocionalmente.

Mantenha sua privacidade: não compartilhe informações pessoais ou financeiras com pessoas que você conheceu recentemente. Isso inclui números de cartão de crédito, detalhes bancários, endereço pessoal e comercial e outras informações de identificação.


BioCatch
www.biocatch.com


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