Uma tendência preocupante tem sido destaque no
TikTok, onde jovens e adolescentes estão compartilhando vídeos em que relatam o
uso da dipirona - medicamento utilizado para aliviar a febre e dores em geral -
como uma forma de curar a dor emocional causada pelo término de um
relacionamento.Crédito: Envato
A dipirona é um dos remédios mais consumidos no
Brasil - em 2022, mais de 200 milhões de doses do medicamento foram vendidas no
país, segundo levantamento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa). Por não necessitar de receita para adquirir o produto, o uso
irracional torna-se preocupante, pois o fácil acesso e a falta de orientação
levam a utilização do medicamento de forma inadequada e exagerada. “A dipirona
tem um potencial efeito negativo sobre a medula óssea, que pode resultar em
condições como a agranulocitose, o que fez com que a comercialização do remédio
seja proibida em diversos países”, explica a Doutora em Ciências da Saúde e
professora do curso
de Farmácia da Universidade Positivo - Londrina, Andressa Keiko Matsumoto.
A dipirona é eficaz no tratamento de dores e febre.
A especialista lembra que ele reduz a formação de prostaglandinas, que são
mediadores importantes no processo inflamatório e na resposta do sistema
imunológico, melhorando os sintomas associados à inflamação. No entanto, há
riscos à saúde quando o medicamento é consumido em excesso, como a perda de
efeito quando ele for realmente necessário.
Fisiologicamente falando, a dipirona não tem ação
na dor emocional. Andressa aponta que, ao tomar o medicamento, a sensação de
alívio dessa dor pode advir do efeito placebo, ressaltando que “isso acontece
devido às expectativas positivas do paciente em relação ao tratamento, bem como
a crenças na eficácia do mesmo.” A dor de um coração partido é muito mais
complexa do que uma dor física, e a solução deve vir da compreensão das
implicações de uma relação afetiva e conjugal. “Não basta tomar um comprimido,
mas sim buscar autoconhecimento e saber colocar pontos finais, deixar a fila
andar”, afirma a professora do curso
de Psicologia da Universidade Positivo, Janete Knapik.
Aliado ao processo de autoconhecimento como
estratégia para clarear as expectativas de uma relação a dois, a psicóloga
recomenda outros métodos para ajudar a superar o fim de um relacionamento, como
não se isolar da família e amigos, evitar vasculhar as redes sociais da pessoa
e manter uma vida social ativa, saindo de casa e fazendo coisas diferentes e
estimulantes.
up.edu.br/
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