Conscientizar a importância do diagnóstico precoce pode evitar o desenvolvimento da doença em sua forma grave
O Março
Amarelo é o Mês Mundial de Conscientização da Endometriose,
doença que atinge cerca de 10% da população feminina em idade reprodutiva,
impactando a qualidade de vida e a produtividade da mulher. O diagnóstico
precoce é um dos maiores desafios da doença, já que seus sintomas se confundem
com reações comuns do período menstrual. Sem tratamento, ela pode atingir
formas graves, como a chamada endometriose profunda, que tem sintomas mais
severos e deixam a mulher incapacitada para uma rotina normal.
“Nem sempre o diagnóstico é realizado logo de início,
podendo levar até 10 anos para ser feito. Essa é a maior dificuldade, já que as
dores da endometriose podem ser confundidas com dores rotineiras do ciclo
menstrual. Por isso a importância da data. Precisamos dar visibilidade ao
assunto, conscientizar profissionais de saúde e orientar cada vez mais mulheres
a perceberem os sinais do corpo e buscarem ajuda médica quando necessário.
Principalmente quando as dores começam a afetar a qualidade de vida, é preciso
investigar a fundo o possível desenvolvimento da doença”, explica o
ginecologista Patrick Bellelis, especialista em endometriose.
Como
identificar sinais de alerta
Entre os principais sintomas da endometriose que
afetam a vida da mulher, destacam-se as cólicas de forte intensidade e a
dificuldade em engravidar. No segundo caso, é natural que as mulheres busquem
ajuda profissional, quando desejam ter um filho. Mas no caso das cólicas, isso
nem sempre acontece. Observar essas dores é importante para identificar se é o
caso de recorrer a um médico. “Cólicas de maior intensidade, que afetam a
rotina, ou com características diferentes das habituais devem ser encaradas
como sinal de alerta”, frisa Bellelis.
Outros
sinais que não devem ser ignorados durante o ciclo menstrual são dor durante a
relação sexual, dor e sangramento ao urinar ou evacuar e dores nas costas.
Sintomas fora do período menstrual também merecem atenção. A indicação do
especialista é que, ao sentir qualquer coisa fora do normal, durante o ciclo ou
fora dele, a mulher procure um ginecologista para que o quadro seja investigado
e se dê início a um tratamento o quanto antes, se necessário.
“É comum que as pacientes procurem ajuda médica
apenas porque estão com dificuldades de engravidar, assim como há casos,
infelizmente, de mulheres que procuram diversos profissionais até conseguirem
um diagnóstico correto. As mulheres precisam observar seu corpo, estar atentas
aos sinais e investigar qualquer sintoma, porque o diagnóstico precoce é capaz
de prevenir sequelas e permitir um tratamento que pode garantir o controle da
endometriose e a qualidade de vida”.
Campanha
busca diminuir diagnósticos tardios
A endometriose acontece quando células do endométrio, a camada interna do útero que é expelida na menstruação, acabam se depositando fora da cavidade uterina, causando reações inflamatórias e lesões. Elas podem se acumular nos ovários, na cavidade abdominal, na região da bexiga, intestinos, entre outros locais, podendo até mesmo formar nódulos que afetam o funcionamento de órgãos do corpo.
O Março Amarelo busca diminuir os diagnósticos tardios para, assim, acelerar o tratamento das mulheres afetadas pela doença. O movimento teve início em 1993, com a ativista americana Mary Lou Ballweg. Ela e mais sete mulheres realizaram uma Semana de Conscientização sobre o assunto, durante um evento da The Endometriosis Association.
Patrick Bellelis - Doutor em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo (USP); graduado em medicina pela Faculdade de Medicina do ABC; especialista em Ginecologia e Obstetrícia, Laparoscopia e Histeroscopia pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo); além de ser especialista em Endoscopia Ginecológica e Endometriose pelo Hospital das Clínicas da USP.
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