Empresas flexíveis atraem mais talentos qualificados, obtêm uma maior retenção destes e, consequentemente, se destacam em seu segmento. Esse se tornou um dos quesitos mais desejados e valorizados pelos profissionais nos últimos anos, o que desencadeou um movimento de adaptação necessário pelo mercado em prol do crescimento e prosperidade dos negócios. Porém, ao mesmo tempo, não são todos os empreendimentos que conseguem se beneficiar dele, o que ressalta a necessidade de aplicação de um diagnóstico profundo internamente a fim de identificar se a flexibilidade é – ou não – uma estratégia vantajosa de ser adotada em suas operações.
A pandemia foi um dos grandes responsáveis por
fazer com que a flexibilidade ganhasse corpo no mercado de trabalho, uma vez
que, diante do isolamento social, todas as empresas foram obrigadas a
readequarem seus modelos à distância, sem prejuízo na entrega de resultados e
produtividade. Contudo, antes mesmo dela, esse movimento já era visto por
muitas big techs do mercado, que se tornaram percussoras desta nova
visão acerca das vantagens em permitir que seus times operassem à distância.
Com o tempo, esta questão se tornou muito mais
ampla do que a questão do modelo de trabalho, passando a incluir muitos outros
aspectos como horário de trabalho (sendo flexível em seu início ou término da
jornada), ou, até mesmo, na oferta de benefícios pautados neste aspecto como os
famosos cartões flash – nos quais as contratantes depositam a quantia
financeira estipulada e permite que cada profissional escolha a forma com a
qual pretendem utilizá-la (academia, alimentação etc.). E, por mais que este
novo cenário pautado na flexibilidade tenha gerado questionamentos
compreensíveis sobre sua eficácia, os resultados surpreenderam positivamente
diversos empreendedores e gestores.
Segundo dados do relatório de transformação digital
da América Latina, os empreendimentos que adotaram totalmente o home office
apresentaram uma produtividade 41% maior do que os que permitem menos de ¼ das
atividades em casa. Isso fez com que, hoje, informações divulgadas pelo
relatório Tendências e Perspectivas do Trabalho 2023 identificassem que a
flexibilidade fosse o benefício inegociável mais citado por 46% dos
profissionais da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e México.
Esses dados evidenciam que, hoje, empresas que
incorporam uma verdadeira política de flexibilidade conseguem alavancar
significativamente sua competitividade no segmento, uma vez que atrairão um
leque maior de talentos qualificados aderentes a essa mentalidade e, ainda,
retê-los para construção de um time engajado e feliz para a conquista dos
resultados corporativos estipulados. O que pode ser ainda mais potencializado
considerando a possibilidade de contratação de profissionais geograficamente
distantes ampliando gama de talentos e executivos globais.
Contudo, é importante ter claro em mente que, para
muitos setores, a flexibilidade pode não ser uma opção tão vantajosa, como
ocorre no caso do varejo ou da indústria. Estes são exemplos nítidos de setores
que, por terem horários de trabalho e cronogramas mais rígidos, tenderão a
enfrentarem maiores dificuldades em um modelo mais flexível e em sua capacidade
de adesão.
Por isso, a melhor forma de identificar se este é
um aspecto vantajoso para a sua empresa é realizando um diagnóstico interno
minucioso, analisando questões como: se há algum tipo de perda devido à falta
da flexibilidade, as possíveis vantagens a serem adquiridas ao aderir a este
modelo e, acima tudo, as opiniões dos próprios times e líderes sobre este tema.
Esse último é um dos pontos mais importantes antes
de tomar a decisão, uma vez que com ele será possível compreender os motivos
pelos quais sua empresa pode estar perdendo talentos, tendo dificuldades em
atrair e o que eles buscam em uma oportunidade para que se sintam felizes e
motivados em suas tarefas. Afinal, não faltam pesquisas que mostrem que não ser
uma empresa flexível possa fazer com que sua marca perca profissionais e
lideranças importantes para seu crescimento.
Cada negócio terá seu próprio fluxo de organização para que a flexibilidade seja adotada. Não existe receita de bolo sobre esta resposta, apenas tentativas e erros que devem ser feitos para que encontrem onde podem ser flexíveis e onde isso não faz sentido. Um processo de diagnóstico e tentativas, para que tenham segurança em qual caminho seguir e persegui-lo com assertividade.
Jordano Rischter - sócio da Wide, consultoria boutique de recrutamento e seleção.
Wide
https://wide.works/
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