Diante da complexidade de algumas doenças, existem casos em que um ou até mais órgãos chegam a um ponto de disfunção, perdendo a sua capacidade vital. Esses casos são extremamente comuns, evidência disso é que de acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 66 mil pessoas estão na fila de transplante de órgãos no Brasil, o que representa um dos maiores índices nos últimos 25 anos.
Para o Dr. Lucas Nacif, especialista em cirurgia geral do aparelho digestivo e membro da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) quando chega este momento é comum surgirem muitas dúvidas desde as mais simples envolvendo quem pode ser doador e como doar, até questões mais graves, como um acesso mais fácil para o começo da fila. Por isso, é de suma importância a orientação e informação sobre o tema. “A lista da fila do transplante é uma lista única, séria e sobretudo criteriosa. E sim, existe um lista única relacionando todas as pessoas que precisam ser transplantadas, sejam elas oriundas de hospitais públicos, privados, com ou sem convênio médico e a ordem de prioridade acontece por meio de uma série de fatores que vão desde histórico, gravidade da doença e claro, o órgão no qual a pessoa necessita, por isso algumas pessoas parecem ‘ter mais sorte’, mas no caso, costumam ser a que estão com um quadro mais grave” – pontua.
No caso específico de doação em vida, ela pode acontecer desde que ocorra em um órgão duplo como o rim, ou apenas parte de um órgão, como fígado ou pulmão, que são órgãos mais comumente transplantados. Outra possibilidade, ainda, é a doação de medula óssea – um dos mais realizados. É bom ressaltar que, o doador em vida, precisa estar em ótimo estado de saúde para não se comprometer a si. Nacif destaca também que os números de doadores no Brasil, embora tenha aumento nos últimos anos, ainda está muito aquém do ideal. “Dependemos 100% de doações e para que o número de transplantes efetivos cresça a educação contínua é essencial para fomentarmos uma cultura de doação e melhorarmos os índices. Um único doador falecido, por exemplo, pode ajudar até dez pessoas que estão na fila do transplante. Em resumo, a doação de órgãos representa um avanço na medicina contemporânea, permitindo não apenas a preservação de vidas, mas também a promoção de uma cultura solidária” – garante o cirurgião.
No caso de doação pós morte, é imprescindível, que haja uma
conversa com os familiares, já que são eles que repassam a decisão do falecido
para a equipe médica. Por fim, o médico ressalta também que o procedimento não
é tão simples e para encontrar um órgão compatível, todos os doadores são
pré-avaliados por equipes médicas, focadas em órgãos específicos, para conferir
a disponibilidade do doador. “Existem níveis, e geralmente, consideramos que o
paciente internado até 7 dias é ótimo para a prática, porém, casos que vão além
deste prazo, não são necessariamente descartados. Ao contrário de alguns outros
critérios piores, como pessoas com histórico de uso drogas, ingestão de bebidas
alcóolicas, fumantes e com idades mais avançadas” – finaliza Lucas Nacif.
Nenhum comentário:
Postar um comentário