O médico Dr. Fernando Gomes, neurocirurgião e neurocientista e professor livre docente da Faculdade de Medicina da USP, explica.
Os tipos mais comuns:
Formou
um “galo”
O surgimento de um “galo” indica que houve um sangramento debaixo
da pele, mas não é possível descartar um sangramento intracraniano sem uma
avaliação médica. O tamanho do hematoma sobre o osso do crânio não tem relação
com a gravidade do trauma.
O “galo” pode ser um bom sinal, pois indica que o sangue não vazou
para o interior do cérebro. Mas caroços muito grandes e que demoram para baixar
devem ser examinados, pois há risco de o crânio rachar com pancadas violentas.
Efeito
‘chicote’ ou ‘chacoalhada’
Situações em que o cérebro “chacoalha” dentro do crânio, como ao
sacudir a cabeça do bebê ou pisar no freio do carro com força, podem causar
dois tipos de lesões muito graves: as lesões axonais difusas e o hematoma
subdural agudo.
As lesões axonais difusas são lesões microscópicas em uma parte
dos neurônios que danifica as células nervosas ao longo do cérebro. A
tomografia pode não identificar a lesão, e os neurônios podem morrer, causando
inchaço no cérebro e aumentando a pressão intracraniana.
O hematoma subdural agudo, entre a camada média e a camada externa
do tecido que reveste o cérebro, está relacionado com a desaceleração ou com o
impacto do próprio cérebro dentro da caixa craniana pela desaceleração.
Cortes
A cabeça é uma região bastante vascularizada. Por isso que os
cortes nesta região podem ocasionar muito sangramento, o que não representa
necessariamente um risco grave, a menos que seja muito abundante.
Para estancar a hemorragia resultante do corte, é importante lavar
as mãos com água e sabão e, posteriormente, com um pano limpo e umedecido em
água filtrada, limpar o sangue escorrido em busca de identificar o local do
corte.
Após isso, o corte deve ser comprimido com um pano seco ou gaze
por um período de cinco a dez minutos, com o objetivo de estancar a hemorragia.
A depender da profundidade do corte pode ser necessária a aplicação de pontos.
Cuidados necessários ao bater a cabeça
É
preciso abrir os olhos e responder a perguntas básicas para garantir que a
cognição e a memória não foram afetadas como questões como o nome da pessoa e a
data atual, que não são difíceis de responder, podem ser feitas para garantir
mais tranquilidade ou sinalizar uma urgência;
Não é recomendado deixar que uma pessoa durma após bater a cabeça,
mesmo que tenha sonolência. Pelo menos, não até que receba atendimento médico e
tenha certeza de que está realmente bem;
Evitar
movimentos bruscos e rápidos logo após a batida já que isso pode favorecer o
aparecimento de lesões graves, que prejudicam os neurônios e geram hematomas
internos;
Não se automedicar principalmente com sedativos e
medicações para alívio da dor.
Principais sinais de alerta
Dor de cabeça intensa
Fraqueza ou tontura
Sangramento principalmente pelo nariz, boca, ouvido
ou olhos
Confusão mental
Desmaio
Convulsões
Um alerta a mais com bebês e idosos
Em casos de bebês, devem-se observar sintomas como irritabilidade
além do normal ou falta de apetite. Para idosos e pessoas que têm doenças
neurológicas, como Parkinson e a Hidrocefalia de Pressão
Normal, o risco pode ser maior, pois seu reflexo de proteger a cabeça em uma
queda, por exemplo, não é tão rápido.
Quando a pancada se estende para a região do pescoço e a pessoa apresentar dor, é importante que ela seja mantida imóvel até a chegada do atendimento. No hospital, o ideal é realizar exames de tomografia e radiografia para identificar possíveis problemas.
Dr. Fernando Gomes - Professor Livre Docente de Neurocirurgia do Hospital das Clínicas de SP com mais de 2 milhões de seguidores. É também autor de 9 livros de neurocirurgia e comportamento humano. Professor Livre Docente de Neurocirurgia, com residência médica em Neurologia e Neurocirurgia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, é neurocirurgião em hospitais renomados e também coordena um ambulatório relacionado a doenças do envelhecimento no Hospital das Clínicas.
drfernandoneuro
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