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sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Quando as pancadas na cabeça merecem atenção, neuro alerta

O médico Dr. Fernando Gomes, neurocirurgião e neurocientista e professor livre docente da Faculdade de Medicina da USP, explica.

 

Os tipos mais comuns:
 

Formou um “galo”

O surgimento de um “galo” indica que houve um sangramento debaixo da pele, mas não é possível descartar um sangramento intracraniano sem uma avaliação médica. O tamanho do hematoma sobre o osso do crânio não tem relação com a gravidade do trauma.

O “galo” pode ser um bom sinal, pois indica que o sangue não vazou para o interior do cérebro. Mas caroços muito grandes e que demoram para baixar devem ser examinados, pois há risco de o crânio rachar com pancadas violentas.
 

Efeito ‘chicote’ ou ‘chacoalhada’

Situações em que o cérebro “chacoalha” dentro do crânio, como ao sacudir a cabeça do bebê ou pisar no freio do carro com força, podem causar dois tipos de lesões muito graves: as lesões axonais difusas e o hematoma subdural agudo.

As lesões axonais difusas são lesões microscópicas em uma parte dos neurônios que danifica as células nervosas ao longo do cérebro. A tomografia pode não identificar a lesão, e os neurônios podem morrer, causando inchaço no cérebro e aumentando a pressão intracraniana.

O hematoma subdural agudo, entre a camada média e a camada externa do tecido que reveste o cérebro, está relacionado com a desaceleração ou com o impacto do próprio cérebro dentro da caixa craniana pela desaceleração.
 

Cortes

A cabeça é uma região bastante vascularizada. Por isso que os cortes nesta região podem ocasionar muito sangramento, o que não representa necessariamente um risco grave, a menos que seja muito abundante.

Para estancar a hemorragia resultante do corte, é importante lavar as mãos com água e sabão e, posteriormente, com um pano limpo e umedecido em água filtrada, limpar o sangue escorrido em busca de identificar o local do corte.

Após isso, o corte deve ser comprimido com um pano seco ou gaze por um período de cinco a dez minutos, com o objetivo de estancar a hemorragia. A depender da profundidade do corte pode ser necessária a aplicação de pontos.
 

Cuidados necessários ao bater a cabeça

É preciso abrir os olhos e responder a perguntas básicas para garantir que a cognição e a memória não foram afetadas como questões como o nome da pessoa e a data atual, que não são difíceis de responder, podem ser feitas para garantir mais tranquilidade ou sinalizar uma urgência;

Não é recomendado deixar que uma pessoa durma após bater a cabeça, mesmo que tenha sonolência. Pelo menos, não até que receba atendimento médico e tenha certeza de que está realmente bem;

Evitar movimentos bruscos e rápidos logo após a batida já que isso pode favorecer o aparecimento de lesões graves, que prejudicam os neurônios e geram hematomas internos;
Não se automedicar principalmente com sedativos e medicações para alívio da dor.

Principais sinais de alerta

Dor de cabeça intensa
Fraqueza ou tontura
Sangramento principalmente pelo nariz, boca, ouvido ou olhos
Confusão mental
Desmaio
Convulsões
 

Um alerta a mais com bebês e idosos

Em casos de bebês, devem-se observar sintomas como irritabilidade além do normal ou falta de apetite. Para idosos e pessoas que têm doenças neurológicas, como Parkinson e a Hidrocefalia de Pressão Normal, o risco pode ser maior, pois seu reflexo de proteger a cabeça em uma queda, por exemplo, não é tão rápido.

Quando a pancada se estende para a região do pescoço e a pessoa apresentar dor, é importante que ela seja mantida imóvel até a chegada do atendimento. No hospital, o ideal é realizar exames de tomografia e radiografia para identificar possíveis problemas. 



Dr. Fernando Gomes - Professor Livre Docente de Neurocirurgia do Hospital das Clínicas de SP com mais de 2 milhões de seguidores. É também autor de 9 livros de neurocirurgia e comportamento humano. Professor Livre Docente de Neurocirurgia, com residência médica em Neurologia e Neurocirurgia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, é neurocirurgião em hospitais renomados e também coordena um ambulatório relacionado a doenças do envelhecimento no Hospital das Clínicas.
drfernandoneuro

 

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