Gestantes fazem parte do grupo de risco e os sintomas podem variar de forma assintomática a grave, podendo resultar em morte se não diagnosticados precocemente
Nos primeiros dias de 2024, o Ministério da Saúde divulgou que o Brasil enfrentou um total superior a 520 mil casos prováveis e confirmados de dengue. Os dados, anunciados em 14 de fevereiro, também indicam o registro de 84 óbitos confirmados pela doença, com outras 346 mortes em fase de investigação. Diante dessa situação preocupante, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) estabeleceu o Grupo de Trabalho (GT) sobre Dengue na Gestação, com o objetivo de abordar de forma específica a gestão da doença em mulheres grávidas e puérperas.
A presidente da FEBRASGO, Dra. Maria Celeste Osório Wender, explica que além de sobrecarregar o sistema de saúde, o aumento do número de casos de dengue no país traz riscos à vida dos pacientes: “Sabemos que as gestantes são um grupo de mais risco, pois há maior mortalidade entre gestantes com dengue. A prioridade da FEBRASGO é garantir a saúde da gestante e do bebê, por isso atuamos para orientar e capacitar os ginecologistas e obstetras do país”.
Os sintomas da dengue podem variar de forma assintomática a grave,
podendo resultar em morte se não diagnosticados precocemente e tratados
adequadamente. A presença de febre, juntamente com pelo menos dois outros
sintomas, como dor muscular, exantema, dor retro-orbital, artralgia, diarréia,
náuseas e vômitos, é o principal indicativo de suspeita da doença. Nesses
casos, é recomendado iniciar a hidratação imediatamente, aguardando os
resultados laboratoriais, incluindo o hemograma. “Para fazer o diagnóstico
correto é importante que o médico ouça a história da paciente. Assim, saberá quando
os sintomas começaram e quais exames devem ser realizados. Nos primeiros quatro
a cinco dias de sintomas, o certo é fazer o teste de antígeno (NS1 ou o PCR)
para avaliar a presença do vírus da dengue. Após esse período, deve-se pedir o
exame sérico (IgM e IgG)”, explica Dr. Geraldo Duarte, membro do Grupo de
trabalho.
Principais orientações para gestantes
Dado que não existem medicamentos específicos para combater o
vírus da dengue, nos casos de menor gravidade, quando não há sinais de alarme,
a orientação é repouso e ingestão abundante de líquidos. Em gestantes com
dengue é essencial avaliação diária com repetição do hemograma até 48 horas
após o desaparecimento da febre. Em situações menos complexas, o acompanhamento
ambulatorial é recomendado. Contudo, se o quadro clínico se tornar grave, com a
presença de sinais de alarme, a internação é indicada. Em casos de sinais de
choque, sangramento ou disfunção grave de órgãos, a paciente deve ser tratada
em uma unidade de terapia intensiva.
Embora a vacina contra a dengue não seja apropriada para gestantes
e lactentes, devido à base imunizante de vírus vivos atenuados, sua administração
é aconselhada para mulheres que planejam engravidar, assim que houver maior
disponibilidade do imunizante.
Repelentes Indicados
Para as gestantes, é fundamental usar repelentes aprovados pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa), como a picaridina, icaridina, N,N-dietil-meta-toluamida
(DEET), IR 3535 ou EBAAP. “Já os repelentes naturais, como óleos caseiros de
citronela, andiroba e capim-limão não possuem eficácia comprovada nem aprovação
da Anvisa até o momento”, ressalta o Dr. Antônio Braga, membro do GT.
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