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terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Cirurgia bariátrica reduz pela metade necessidade de medicamentos para hipertensão arterial

  Estudo randômico inédito no mundo acompanhou pacientes submetidos ao procedimento; resultados mostram melhora cardiovascular contínua ao longo de cinco anos


A obesidade já se tornou um problema de saúde pública global. Pesquisas mostram que, até 2025, 16% dos homens e 21% das mulheres estarão com excesso de peso. A situação é alarmante porque a obesidade é a principal causa de diversas outras doenças, como a hipertensão arterial. Diante deste cenário, pesquisadores brasileiros realizaram o estudo GATEWAY, publicado pelo Journal of American College of Cardiology, que analisou o impacto do tratamento da obesidade na redução da pressão alta. 

Os resultados mostram que a cirurgia bariátrica é mais eficaz no controle das taxas de hipertensão em pessoas com obesidade e pressão alta não controlada, em comparação com medicamentos para pressão arterial isoladamente. “Pessoas que foram submetidas à cirurgia bariátrica apresentaram índice de massa corporal (IMC) mais baixo e tomaram menos medicamentos após cinco anos, mantendo níveis normais de pressão arterial do que aquelas que usaram apenas medicamentos anti-hipertensivos”, explica Dr. Carlos Aurelio Schiavon, cirurgião especializado em cirurgia bariátrica e principal autor do estudo pelo Instituto de Pesquisa do Hcor. 

Após cinco anos, o IMC era de 28,01Kg/m2 para aqueles que fizeram cirurgia bariátrica e de 36,40Kg/m2 para aqueles que fizeram apenas terapia médica. Pessoas que fizeram cirurgia bariátrica tiveram uma redução de 80,7% no número de medicamentos que tomavam, em comparação com uma redução de 13,7% naquelas que usavam apenas terapia médica. A remissão da hipertensão, definida como pressão arterial controlada sem medicamentos, foi de 46,9% naqueles que foram submetidos à cirurgia bariátrica, em comparação com 2,4% naqueles que receberam apenas terapia médica. 

Participaram da iniciativa 100 pessoas (76% das quais eram mulheres) com índice de massa corporal (IMC) de cerca de 36,9Kg/m2, todos com hipertensão e fazendo uso de, pelo menos, dois medicamentos. Foram excluídas pessoas com eventos cardiovasculares prévios e diabetes tipo 2 mal controlada. Os indivíduos foram designados para Bypass Gástrico em Y-de-Roux com terapia médica ou tratamento clínico com orientações nutricionais e psicológicas e o resultado primário foi a redução de, pelo menos, 30% dos medicamentos anti-hipertensivos, mantendo os níveis de pressão arterial inferiores a 140/90 mmHg, em cinco anos. 

De acordo com o VIGITEL 2023, as taxas de obesidade e hipertensão em adultos no Brasil são de 24,3% e 27,9%, respectivamente. “A obesidade é um fator de risco conhecido para doenças cardiovasculares e um dos principais contribuintes para a hipertensão, o que pode tornar uma pessoa mais suscetível a infartos do miocárdio, acidentes vasculares cerebrais e insuficiência cardíaca, entre outros riscos”, ressalta Dr. Schiavon.

 

Hcor

 

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