Aproximadamente 12% dos homens com casos metastáticos e 6% dos que têm a doença localizada na próstata, de alto risco, têm uma predisposição genética identificada
O
Novembro Azul é o mês de conscientização do câncer de próstata e da saúde do
homem. Na maioria das vezes, esse tumor se desenvolve de forma esporádica,
porém, o histórico pessoal ou familiar de alguns tipos de câncer pode aumentar
o risco. Aproximadamente 12% dos homens com casos metastáticos e 6% dos que têm
a doença localizada na próstata, de alto risco, têm uma predisposição genética
identificada. Por isso, os testes genéticos são grandes aliados na prevenção,
diagnóstico e, também, no tratamento.
“A
detecção precoce melhora as medidas de prevenção individuais e coletivas. No diagnóstico,
a precisão nos permite individualizar as estratégias de tratamento. E por fim,
podemos usar terapia-alvo, diminuir os efeitos colaterais e conquistar melhores
desfechos”, explica o Dr. Stênio de Cássio Zequi, líder do Centro de Referência
em Tumores Urológicos do A.C.Camargo Cancer Center.
Conforme
o Observatório do Câncer — um registro inédito que reúne dados minuciosos dos
pacientes de câncer tratados no A.C.Camargo Cancer Center entre os anos 2000 e
2020 — o câncer de próstata é o segundo mais incidente entre os homens tratados
na instituição, ficando atrás apenas do pele não-melanoma. Ao todo, durante o
período, foram registrados 8.854 casos da doença, e no último quinquênio
tivemos aumento das taxas de sobrevida em comparação ao início dos anos 2000.
Câncer de próstata hereditário
O
câncer de próstata é definido como hereditário quando três ou mais parentes de
primeiro grau tiveram câncer, ou dois parentes também de primeiro grau foram
diagnosticados antes dos 55 anos de idade, ou quando casos forem identificados
em três gerações consecutivas (avô, pai e filho). [1] Caso
haja algum desses indicadores, o risco de desenvolver o tumor é de 50%, do que
na população sem casos de câncer de próstata na família. Nas situações em que o
paciente tem um parente de primeiro grau afetado, o risco dobra. E se o parente
tiver menos de 60 anos, as chances de desenvolvimento do tumor aumentam ainda
mais.
“Os
estudos nos mostram que pode existir uma associação com o câncer de mama em
famílias histórico de câncer de próstata hereditário. Isto é, caso haja
mulheres na família que tiveram o tumor antes dos 36 anos, o homem pode ter
risco aumentado para desenvolver câncer de próstata”, completa Zequi.
Quanto
às mutações genéticas, o especialista explica que os genes mais frequentemente
envolvidos são o BRCA 1 e BRCA 2. Porém, outras alterações genéticas, como a
Síndrome de Lynch e mutações nos genes ATM, CHEK2 e PALB2, também podem ter
associação com o câncer de próstata. Além disso, a ancestralidade pode
influenciar no risco. Os descendentes de judeus asquenazes, por exemplo,
apresentam maior frequência de mutações nos genes BRCA 1 e BRCA 2.
“Os
homens portadores de mutação BRCA 1 têm um risco três vezes maior de
desenvolver câncer de próstata do que os não portadores; para BRCA 2, este
risco é ainda mais elevado, chegando a ser até oito vezes maior quando
comparado a não portadores”, finaliza Dr. Stênio de Cássio Zequi.
Quando fazer o teste?
O
exame é indicado para aqueles pacientes homens com história pessoal de câncer
de próstata metastático (nesses pacientes pode-se fazer o teste somático, que é
no material da próstata ou das metástases, buscando por mutações presentes
apenas nas células do tumor ou das metástases).
Para
o Câncer de próstata localizado de alto risco ou doença localizada com
histologia intraductal, também é recomendado o teste germinativo (feito no
sangue ou na saliva), para identificar mutações herdadas de um dos seus pais e
presentes na carga genética de todas as células do organismo).
O
teste germinativo também é recomendado quando há como uma história familiar de
mutações germinativas de alto risco – como BRCA 1 e BRCA 2, história familiar
de Síndrome de de Lynch, ou Síndromes de Câncer mama e ovário, principalmente
em parentes mais jovens, e naqueles ascendência judaica asquenaze – e um forte
histórico familiar de câncer.
Recomendação de testes genéticos germinativos
Durante
a Conferência de Consenso sobre o Câncer de Próstata da Filadélfia, em 2019,
especialistas incluindo públicos de interesse, organizações nacionais e
líderes, se reuniram para responder aos desafios da implementação dos testes
genéticos germinativos.[2]
O
consenso foi que os painéis germinativos grandes e testes somáticos devem ser
recomendados para os casos de câncer de próstata metastático. Nos casos de
doença metastática ou história familiar de câncer de próstata hereditário, o
teste também deve ser recomendado.
Os
genes prioritários para testagem considerados foram o BRCA2, BRCA1 e genes de
reparo de incompatibilidade
Já
os testes de reflexo— os iniciais de genes prioritários seguidos de testes
expandidos – foram sugeridos para diferentes casos.
[1] Perfil do câncer de próstata no Estado de São Paulo: estudo epidemiológico: setembro de 2004 a setembro de 2005 / [textos] Aguinaldo César Nardi... [et al.]. -- São Paulo: SBU-Sociedade Brasileira de Urologia – Secção São Paulo, 2005.
[2] Implementation of Germline Testing for Prostate Cancer: Philadelphia Prostate Cancer Consensus Conference 2019 – Disponível em: Link
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