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quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Sociedade médica destaca demandas próprias de crianças e adolescentes em tratamento contra o câncer

 

Para especialista, o câncer na faixa etária de 0 a 19 anos exige a atenção com as restrições impostas pelo tratamento, como afastamento escolar, e desafios, como a descoberta da sexualidade pelos jovens


Esta quinta-feira (23/11) é lembrada como Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantojuvenil. Instituída em 2008, a data chama a atenção para essa que é a principal causa de morte por doença e a segunda causa de óbito em geral em crianças e adolescentes no Brasil. 

Além de o câncer na faixa etária dos 0 aos 19 anos apresentar distinções na evolução natural, no diagnóstico e no tratamento em relação aos tumores em adultos, crianças e adolescentes têm demandas próprias que precisam ser reconhecidas e trabalhadas pelos profissionais de saúde, como afastamento escolar e, no caso dos jovens, a descoberta da sexualidade. 

Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), estima-se que entre 2023 e 2025 devem ser diagnosticados a cada ano 7.930 novos casos de câncer entre crianças e adolescentes. Em 2020, foram registrados 2.280 óbitos pela doença nessa faixa etária, de acordo com o órgão, sendo que os três tipos mais comuns são a leucemia aguda, linfoma e os tumores do sistema nervoso central. 

O oncologista pediátrico Dr. Neviçolino Carvalho, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica, explica que o câncer infantojuvenil é diferente de tumores em adultos, dentre outros aspectos, porque cresce mais rapidamente. No entanto, em geral, ele responde melhor ao tratamento e têm até 80% de chances de cura, embora no Brasil e em outros países da América Latina e do Caribe a média de cura seja de 55%, devido a vários fatores, incluindo diferenças sociais e econômicas regionais, conforme informações da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS).

“Trabalhamos para que o diagnóstico seja o mais rápido possível. Para isso, contamos com o apoio de profissionais de saúde da atenção básica e até mesmo dos familiares para identificar sinais e sintomas mais comuns, como febre prolongada por mais de sete dias, dor óssea, anemia, manchas roxas no corpo, dor de cabeça noturna seguida de vômito e alterações neurológicas que diagnosticamos com precisão em exames médicos”, complementa Carvalho.

 

Demandas próprias - Além de diferenças na evolução natural da doença, no diagnóstico e no tratamento, crianças e adolescentes em tratamento do câncer apresentam necessidades inerentes a essa fase da vida, como um vínculo maior com a família e com a escola, que prescindem do olhar do médico oncopediatra e de outros profissionais de saúde para que tenham qualidade de vida, e até mesmo a descoberta da sexualidade pelos jovens. 

“Precisamos considerar que o tratamento de um câncer infantojuvenil leva de seis meses a dois anos e, sendo assim, há um comprometimento na realização de atividades cotidianas como ir à escola e praticar atividades físicas. Entre os adolescentes, soma-se a questão da descoberta da sexualidade, por exemplo, que demanda o acompanhamento com psicólogo especializado em câncer infantojuvenil”, reforça o presidente da SOBOPE. 

Para Carvalho, o diagnóstico do câncer infantojuvenil não deve ser impeditivo para que as crianças e jovens tenham qualidade de vida, com as precauções necessárias. “Não vale mais a máxima de que se tem câncer é uma sentença de morte. Isso já ficou bem para trás e especialmente quando consideramos o câncer na faixa etária dos 0 aos 19 anos. Por isso, o acompanhamento familiar e de profissionais de saúde especializados é fundamental”, conclui ele.


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