Para especialista, o câncer na faixa
etária de 0 a 19 anos exige a atenção com as restrições impostas pelo
tratamento, como afastamento escolar, e desafios, como a descoberta da
sexualidade pelos jovens
Esta quinta-feira (23/11) é lembrada como Dia
Nacional de Combate ao Câncer Infantojuvenil. Instituída em 2008, a data chama
a atenção para essa que é a principal causa de morte por doença e a segunda
causa de óbito em geral em crianças e adolescentes no Brasil.
Além de o câncer na faixa etária dos 0 aos 19 anos apresentar
distinções na evolução natural, no diagnóstico e no tratamento em relação aos tumores
em adultos, crianças e adolescentes têm demandas próprias que precisam ser
reconhecidas e trabalhadas pelos profissionais de saúde, como afastamento
escolar e, no caso dos jovens, a descoberta da sexualidade.
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), estima-se
que entre 2023 e 2025 devem ser diagnosticados a cada ano 7.930 novos casos de
câncer entre crianças e adolescentes. Em 2020, foram registrados 2.280 óbitos
pela doença nessa faixa etária, de acordo com o órgão, sendo que os três tipos
mais comuns são a leucemia aguda, linfoma e os tumores do sistema nervoso
central.
O oncologista pediátrico Dr. Neviçolino Carvalho, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica, explica que o câncer infantojuvenil é diferente de tumores em adultos, dentre outros aspectos, porque cresce mais rapidamente. No entanto, em geral, ele responde melhor ao tratamento e têm até 80% de chances de cura, embora no Brasil e em outros países da América Latina e do Caribe a média de cura seja de 55%, devido a vários fatores, incluindo diferenças sociais e econômicas regionais, conforme informações da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS).
“Trabalhamos para que o diagnóstico seja o mais
rápido possível. Para isso, contamos com o apoio de profissionais de saúde da
atenção básica e até mesmo dos familiares para identificar sinais e sintomas
mais comuns, como febre prolongada por mais de sete dias, dor óssea, anemia,
manchas roxas no corpo, dor de cabeça noturna seguida de vômito e alterações
neurológicas que diagnosticamos com precisão em exames médicos”, complementa
Carvalho.
Demandas próprias - Além de diferenças na evolução natural da doença, no
diagnóstico e no tratamento, crianças e adolescentes em tratamento do câncer
apresentam necessidades inerentes a essa fase da vida, como um vínculo maior
com a família e com a escola, que prescindem do olhar do médico oncopediatra e
de outros profissionais de saúde para que tenham qualidade de vida, e até mesmo
a descoberta da sexualidade pelos jovens.
“Precisamos considerar que o tratamento de um câncer
infantojuvenil leva de seis meses a dois anos e, sendo assim, há um
comprometimento na realização de atividades cotidianas como ir à escola e
praticar atividades físicas. Entre os adolescentes, soma-se a questão da
descoberta da sexualidade, por exemplo, que demanda o acompanhamento com
psicólogo especializado em câncer infantojuvenil”, reforça o presidente da
SOBOPE.
Para Carvalho, o diagnóstico do câncer infantojuvenil não deve ser
impeditivo para que as crianças e jovens tenham qualidade de vida, com as
precauções necessárias. “Não vale mais a máxima de que se tem câncer é uma
sentença de morte. Isso já ficou bem para trás e especialmente quando
consideramos o câncer na faixa etária dos 0 aos 19 anos. Por isso, o
acompanhamento familiar e de profissionais de saúde especializados é
fundamental”, conclui ele.
Nenhum comentário:
Postar um comentário