Dieta equilibrada, atividade física regular e
controle de fatores de risco, como a hipertensão, são componentes importantes
da receita de prevenção dessa emergência médica
Após
a queda dos casos de Covid-19, o Acidente Vascular Cerebral (AVC),
popularmente conhecido como derrame, voltou a ser a principal
causa de óbitos no Brasil. O estilo de vida sedentário, excesso de peso, e
estresse da população tem contribuído um aumento do número de casos nos últimos
anos, com estados mais graves e em perfis mais jovens. “O AVC pode ser
associado a outras doenças, como hipertensão, obesidade, diabetes, e também os
fatores genéticos”, afirma o Feres Chaddad, líder da
Neurocirurgia da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo,
um dos principais hubs de saúde do país, eleito o número 1 do país em
Neurocirurgia pelo ranking da renomada Newsweek.
Os sintomas de um AVC podem ser sutis e surgir repentinamente, mas o
neurocirurgião da BP indica alguns sinais que podem ajudar a reconhecer a
situação, como a diminuição ou perda da força ou da sensibilidade em um lado do
corpo, dor de cabeça persistente, redução do nível de consciência e sonolência
ou torporoso, quando o indivíduo quer dormir muito ou só desperta com estímulo
doloroso. “Esses pacientes devem procurar imediatamente a unidade de saúde mais
próxima de sua residência”, alerta o especialista.
A emergência médica acontece quando a circulação de sangue no cérebro é
interrompida, provocando uma paralisia. O AVC é dividido em dois tipos, que
ocorrem por motivos diferentes. O isquêmico é o mais comum, correspondendo a
cerca de 80% dos casos, caracterizado pelo entupimento de uma artéria. Já o
hemorrágico é causado por sangramento devido ao rompimento de um vaso
sanguíneo. As sequelas envolvem fraqueza muscular, paralisia facial, perda do
controle de movimentos, aumento ou diminuição da sensibilidade, dificuldade
para falar corretamente e confusão mental.
O médico da BP explica que os fatores de risco são praticamente os mesmos que
provocam o infarto no coração e estão relacionados a alterações na viscosidade
do sangue que interferem na pressão sanguínea. Ele cita a hipertensão como a
principal causa, além de características manifestadas na síndrome metabólica,
um conjunto de condições que combina hipertensão arterial, quantidades elevadas
de colesterol e de açúcar no sangue, bem como acúmulo de gordura ao redor da
cintura. Pessoas com mais de 55 anos são mais propensas a desenvolver o AVC. Já
as mulheres têm menos chances de sofrer um AVC devido ao fator protetivo da
progesterona sobre os vasos sanguíneos, mas após a menopausa elas perdem essa
proteção hormonal e passam a ter o mesmo risco que os homens.
Marcadores como a idade, sexo e histórico familiar não podem ser modificados,
mas é possível se prevenir de um AVC evitando ou mantendo sob controle os
outros fatores de risco. “O melhor caminho para isso é adotar hábitos
saudáveis”, ressalta Chaddad. Os checkups médicos também são recomendados a
todas as pessoas para identificar precocemente eventuais disfunções no
organismo, facilitando o tratamento e evitando complicações. A consulta com
cardiologista é especialmente importante, pois esse profissional pode tratar
doenças como a fibrilação atrial, tipo de arritmia caracterizada por batimento
do coração acelerado e descompassado, que pode produzir coágulos e, ao
atingirem a região do cérebro, podem entupir vasos sanguíneos e levar ao AVC
isquêmico.
CONFIRA DICAS PARA PREVENIR UM AVC:
• Manter uma dieta equilibrada, optando por verduras,
legumes, grãos e frutas e, principalmente, regulando o teor de sal da comida,
tempero que leva em sua composição o cloreto de sódio, substância associada ao
aumento da pressão arterial. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estabelece
como segura a ingestão diária de até 5 gramas de sal, o que equivale a 2 gramas
de sódio, mas no Brasil consome-se, em média, de 14 a 16 gramas de sal por dia.
• Evitar alimentos ultraprocessados, como bolachas,
enlatados, congelados e refrigerantes, pois têm elevado teor de sal, alto
índice glicêmico e gordura saturada, o que contribui para hipertensão,
obesidade e diabetes tipo 2. Quando possível, é importante contar com
orientação de um nutricionista.
• Praticar atividade física, especialmente aeróbica, como
caminhada, corrida, natação e ciclismo, que acelera a frequência cardíaca,
contribui para a regulação da pressão arterial, além de ajudar a diminuir os
níveis de colesterol, triglicérides e glicose no sangue. Os exercícios aumentam
a velocidade do fluxo sanguíneo e baixam os níveis de viscosidade do sangue.
• Acabar com o tabagismo, inclusive na forma passiva, ou
seja, evitando aspirar a fumaça produzida por quem fuma. O fumo está associado
ao endurecimento da parede dos vasos sanguíneos, predispondo ao AVC.
• Práticas de atividades para o corpo e mente, como yoga e
mindfullness, são comprovadas alternativas para aliviar o
estresse, outro importante fator de risco para o AVC e pressão alta
• Noites bem dormidas também marcam pontos positivos, uma
vez que o sono aumenta o fluxo sanguíneo no cérebro e ajuda a diminuir o nível
de estresse do organismo. Assim, é fundamental tratar problemas como a apneia
do sono. Pesquisas comprovam a associação desse distúrbio com maior risco de
problemas cerebrovasculares.
• Não consumir álcool em excesso e drogas ilícitas, que
desequilibram o mecanismo natural de regulação sanguínea do nosso corpo,
favorecendo a ocorrência de AVC.
• Anabolizantes também são perigosos, pois podem levar a
uma hipertrofia do coração e ao endurecimento das artérias, duas condições que,
isoladas ou combinadas, expõem as pessoas às doenças cerebrovasculares.
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