Planejamento familiar consciente, reflexão sobre direitos sexuais e reprodutivos são soluções para o uso consciente do método de emergência
Tabus e dúvidas surgem quando o assunto é o uso da pílula do dia seguinte. Estudantes de Enfermagem do Centro Universitário de Brasília (CEUB), Daniela Diniz e Isabela do Carmo realizaram pesquisa sobre o uso indiscriminado de pílulas contraceptivas de emergência entre estudantes universitárias, apontando os riscos associados à prática frequente do seu uso e a falta de informação. Os resultados enfatizam a importância de ações educacionais sobre o uso criterioso da contracepção de emergência, promovendo uma abordagem mais consciente em relação à saúde sexual e reprodutiva.
A pesquisa analisou a frequência do uso de contraceptivos orais de emergência por 120 universitárias, entre 18 e 25 anos e os motivos por trás dessa escolha. Dos dados coletados, 27% das entrevistadas admitiram ter utilizado a pílula do dia seguinte, no mínimo uma ou duas vezes no período de 12 meses. Destas, 84% fizeram uso do medicamento dentro das primeiras 24 horas após uma relação sexual desprotegida, sendo que 65% delas relataram alterações em seus ciclos menstruais após o uso e efeitos colaterais.
Como razão para prevenir a gravidez após o envolvimento em relações sexuais desprotegidas, 66,5% das estudantes afirmaram recorrer aos contraceptivos de emergência com frequência. Em relação ao acesso, os dados indicam que tanto a pesquisa online quanto a recomendação dos contraceptivos por familiares representam a maioria, compreendendo 35,2% das respostas, seguidos por 27,2% que adquiriram o contraceptivo por iniciativa própria. Apenas 1,13% das mulheres obtiveram o método mediante prescrição médica, segundo os resultados analisados.
“Percebemos uma lacuna na orientação profissional sobre o uso frequente de anticoncepcionais de emergência entre jovens universitárias. Há uma clara carência de conhecimento embasado e confiável sobre os riscos associados ao uso frequente dos métodos contraceptivos de emergência”, afirmam Daniela e Isabela, que sugerem a implementação de estratégias de educação em saúde a fim de reduzir as gestações não planejadas e os riscos decorrentes do uso corriqueiro da contracepção de emergência.
"É essencial orientar essas jovens para um planejamento familiar consciente, permitindo uma reflexão sobre seus direitos sexuais e reprodutivos", destacam as pesquisadoras. As alunas do CEUB enxergam o cenário também como uma oportunidade:"Essa pode ser uma oportunidade para promover uma abordagem mais reflexiva sobre a saúde sexual, possibilitando escolhas informadas e responsáveis".
Para a orientadora da pesquisa, Julliane Messias,
professora de Enfermagem do CEUB, a mostra ressalta a necessidade de
conscientização sobre o uso racional de tais métodos contraceptivos – com
iniciativas de rápida disseminação junto ao público-alvo, além de um espaço de
escuta ativa e acolhimento, liderado por profissionais com expertise na área.
“As redes sociais podem ser ferramentas fundamentais para chamar a atenção
dessas jovens, utilizando vídeos curtos e informativos, com linguagem acessível
e clara”, propõe.
Ministério da Saúde
O uso irrestrito das pílulas orais para
contracepção de emergência pode trazer consequências graves. De acordo com
levantamento divulgado pelo Ministério da Saúde, 40 a 50% das mulheres sofrem
efeitos colaterais como náuseas, vômitos, cefaleia, dor mamária, alterações no
ciclo menstrua e vertigem. O relatório aponta ainda que o medicamento é
contraindicado para mulheres com antecedentes de acidente vascular cerebral,
tromboembolismo, enxaqueca severa ou diabetes com complicações vasculares.
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