E-Cigarette Summit reuniu centenas de
pessoas no Royal College of Physicians
O professor de Psicologia Clínica e Diretor da Unidade de Pesquisa em Saúde e Estilo de Vida da Universidade Queen Mary of London, Peter Hajek, autor e coautor de mais de 400 publicações, comenta os resultados da recente revisão Cochrane que comprova a efetividade dos vaporizadores: “concluímos com alto nível de certeza que cigarros eletrônicos são mais efetivos na cessação do tabagismo do que terapias de reposição de nicotina”. Sobre o uso de vaporizadores, as evidências apontam que “nenhum risco severo foi detectado no uso ao longo de dois anos. O uso de longo prazo pode causar alguns danos, mas apenas uma fração em relação aos riscos de fumar”.
O governo da Inglaterra lançou neste ano o projeto Swap to Stop (Trocar para parar), com a proposta de distribuir gratuitamente 1 milhão de kits de vape como parte da política de saúde pública para redução de danos do tabaco. O programa tem dois objetivos: maximizar as oportunidades para que os fumantes migrem dos cigarros convencionais para os vapes e prevenir a iniciação de não fumantes e de jovens. Martin Dockrell, responsável pelo Programa de Controle do Tabaco do Ministério da Saúde da Inglaterra, comemora a distribuição de 230 mil kits de vapes desde o lançamento em abril.
Já para Louise Ross, consultora do Centro Nacional de Cessação do Tabagismo do Reino Unido e ex-gerente do Programa de Saúde para Cessação do Tabagismo em Leicester (Inglaterra), o primeiro a adotar o cigarro eletrônico, “liderança, coragem, assumir riscos, mente aberta e evidências” foram os motivos que levaram o governo do Reino Unido a criar um programa tão inovador quanto o Swap to Stop. “Informações incorretas sobre vapes estimulam as pessoas a continuarem fumando”, afirma.
Outro país que aposta em iniciativas de adoção dos cigarros eletrônicos é a Nova Zelândia, onde a regulamentação faz parte de uma abordagem mais ampla de redução de danos do tabaco. O país propõe um conjunto de inciativas para alcançar o objetivo de uma geração livre do tabagismo até 2027, incluindo a redução do número de pontos de vendas de cigarro e limites restritos de nicotina. Segundo Ben Youdan, diretor da ASH (Action on Smoking & Health) na Nova Zelândia e consultor da Fundação do Coração da Nova Zelândia, houve queda no número de fumantes adultos para 9,2% em 2022 em comparação com 15,1% em 2018. Ele destaca que a queda foi acentuada a partir de 2021 com a regulamentação dos cigarros eletrônicos.
Para John Newton, diretor de análise de políticas de saúde pública do Ministério da Saúde do Reino Unido, o governo da Inglaterra sempre teve uma forte política de controle de tabaco e vê uma redução nas taxas de tabagismo e outros países podem aprender com as evidências. “Países como o Brasil podem se beneficiar ao observar o que aconteceu no Reino Unido e em países como a Nova Zelândia e o Canadá. Hoje, há muito mais pesquisas que mostram que o cigarro eletrônico é uma boa alternativa para parar de fumar”.
No Brasil, o produto é proibido pela Anvisa desde 2009, mas isso não impede a comercialização e o consumo. Atualmente, 2,2 milhões de adultos utilizam os cigarros eletrônicos regularmente e cerca de 6 milhões já experimentaram o produto (Ipec), em um mercado 100% ilegal. A decisão sobre regulamentação continua na Anvisa, que declara retomar o debate ainda este ano. Em outubro, um projeto de lei foi protocolado no Senado Federal com a proposta de regulamentação dos cigarros eletrônicos com regras restritas para comercialização e produção.
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