Especialista reforça a importância do diagnóstico precoce desta condição, que pode se manifestar desde a primeira menstruação
A endometriose é
uma condição médica que afeta cerca de 176 milhões de mulheres no mundo, de
acordo com a Organização Mundial de Saúde. Apesar de ter relação com o ciclo
menstrual, pode trazer sintomas e incômodos para mulheres de todas as idades,
desde a menarca até depois da menopausa. Ela acontece quando as células do endométrio,
camada interna do útero expelida na menstruação, acabam se depositando fora da
cavidade uterina, causando reações inflamatórias e lesões que podem
sensibilizar, inclusive, o funcionamento de outros órgãos.
“Embora tenha
prevalência em 10% a 15% das mulheres em idade reprodutiva, a endometriose pode
surgir em qualquer idade, sendo mais comum o seu desenvolvimento em mulheres
entre 30 e 40 anos. Muitas descobrem a endometriose após cinco anos ou mais da
existência da doença, o que pode contribuir para a sua progressão”, explica o
Dr. Patrick Bellelis, especialista em endometriose e colaborador do Hospital
das Clínicas da Universidade de São Paulo.
Independentemente
da idade, é necessário ficar atento aos sintomas mais comuns, que podem ser
facilmente confundidos com outras doenças: dor pélvica intensa, principalmente
no período menstrual; infertilidade ou dificuldade em engravidar; desconforto
gastrointestinal; cansaço crônico; fadiga.
Como identificar a
endometriose em diferentes etapas da vida?
Adolescência:
sintomas não podem ser negligenciados
A endometriose
pode começar a afetar crianças e adolescentes após sua primeira menstruação. A
doença é de difícil diagnóstico pois muitos dos sintomas podem ser confundidos
ou serem considerados normais dessa fase da vida. Como a maioria ainda não
iniciou sua vida sexual, não manifestam outros sintomas, como a dor durante o contato
íntimo ou a dificuldade para engravidar.
“É importante
ficar atento aos principais erros associados a essa condição nas mulheres mais
jovens. Não se deve subestimar os sintomas como cólicas intensas, dor pélvica,
problemas gastrointestinais e desconforto ao urinar. Quanto mais cedo a
endometriose for identificada, maiores serão as chances de um tratamento eficaz
junto ao ginecologista”, orienta Dr. Patrick.
Idade
adulta: gerenciando a endometriose durante os anos férteis
Cólicas de forte
intensidade, dor durante a relação sexual e dificuldade em engravidar são os
sintomas que mais se destacam durante os anos férteis da mulher com
endometriose. Nas tentativas de conceber um bebê, é natural que se busque ajuda
profissional e a doença fique evidente; mas, no caso das cólicas, isso nem
sempre acontece. Observar essas dores é importante para identificar se é o caso
de recorrer a um médico. “Cólicas de maior intensidade, que afetam a rotina, ou
com características diferentes das habituais, devem ser encaradas como sinal de
alerta”, frisa Bellelis.
Também não devem
ser ignoradas a dor durante a relação sexual, a dor e o sangramento ao urinar
ou evacuar e as dores nas costas. Sintomas fora do período menstrual também
merecem atenção. A indicação do especialista é que, ao sentir qualquer coisa
fora do normal, durante o ciclo ou fora dele, a mulher procure um profissional
para que o quadro seja investigado e se dê início a um tratamento o quanto
antes, se necessário.
Menopausa:
uma mudança na jornada da endometriose
Para algumas
mulheres, a menopausa pode trazer alívio dos sintomas da endometriose, uma vez
que a produção hormonal diminui. No entanto, não é o caso para todas. Algumas
pacientes ainda experimentam desconforto pélvico e outros problemas mesmo após
a menopausa. O tratamento contínuo e o apoio médico são cruciais nesta fase da
vida, pois a endometriose pode persistir e afetar a qualidade de vida.
Clínica Bellelis – Ginecologia
Patrick Bellelis – ginecologista. Doutor em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo (USP); graduado em medicina pela Faculdade de Medicina do ABC; especialista em Ginecologia e Obstetrícia, Laparoscopia e Histeroscopia pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo); além de ser especialista em Endoscopia Ginecológica e Endometriose pelo Hospital das Clínicas da USP. Possui ampla experiência na área de Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva, atuando principalmente nos seguintes temas: endometriose, mioma, patologias intrauterinas e infertilidade. Fez parte da diretoria da Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE) de 2007 a 2022, além de ter integrado a Comissão Especializada de Endometriose da FEBRASGO até 2021. Em 2010, tornou-se médico assistente do setor de Endometriose do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital das Clínicas da USP; em 2011, tornou-se professor do curso de especialização em Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva — pós-graduação lato sensu, do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio Libanês; e, desde 2012, é professor do Instituto de Treinamento em Técnicas Minimamente Invasivas e Cirurgia Robótica (IRCAD), do Hospital de Câncer de Barretos.
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