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sexta-feira, 17 de novembro de 2023

A relação entre o HPV, o câncer de colo de útero e a fertilidade

 

O câncer de colo de útero é muito comum entre as mulheres no Brasil, com cerca de 17.010 novos casos esperados a cada ano entre 2023 e 2025, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Esse número está aumentando devido a mudanças no nosso estilo de vida, como falta de exercício, mais consumo de álcool, fumar, comer alimentos processados, obesidade e algumas infecções. O vírus HPV, que causa 90% dos casos desse câncer, é um dos principais motivos para esse aumento. 

O HPV é um vírus que pode ser transmitido sexualmente e tem mais de 200 tipos diferentes. A maioria das pessoas é infectada antes dos 26 anos. Ele pode não apresentar sintomas ou pode causar lesões que podem evoluir para câncer. Hoje, com melhores métodos de diagnóstico e tratamento, muitas mulheres que descobrem o câncer cedo podem até pensar em ter filhos depois do tratamento. 

O tratamento do câncer pode afetar temporariamente ou permanentemente a fertilidade da mulher, dependendo do tipo e estágio. Há diferentes tratamentos para lesões pré-cancerosas e para o câncer em estágios iniciais, especialmente para mulheres que desejam manter a fertilidade. Esses tratamentos podem causar problemas como aborto espontâneo ou parto prematuro. Tratamentos mais intensos, como radioterapia e quimioterapia, podem prejudicar o útero e os ovários, levando à infertilidade. 

O HPV também afeta homens, podendo causar cânceres como o de pênis e ânus. Homens inférteis têm mais chances de ter o vírus HPV no sêmen, o que pode afetar a qualidade do esperma e aumentar o risco de aborto espontâneo. Mulheres com HPV têm mais chances de serem inférteis, mas os estudos ainda são contraditórios. O vírus também pode afetar o desenvolvimento de embriões em tratamentos de fertilização in vitro, mas isso ainda está sendo estudado. 

Felizmente, existe uma boa chance de erradicar o câncer de colo de útero com a vacinação contra os principais tipos de HPV e exames regulares para detectar lesões pré-cancerosas. A Organização Mundial da Saúde propõe que até 2030, 90% das meninas sejam vacinadas contra o HPV até os 15 anos. A vacinação, junto com campanhas de prevenção e uso de preservativos, é a melhor forma de prevenir a infecção pelo HPV e seus efeitos, tanto em homens, quanto em mulheres.

 

Dra. Marise Samama - pioneira como Doutora e Pesquisadora da área de Reprodução Humana no Brasil. Além de ginecologista e obstetra, é fundadora e Presidente da AMCR: Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil, entidade sem fins lucrativos, suprapartidária e pesquisadora nas linhas de implantação embrionária, estimulação ovariana, infecções genitais, entre outras temáticas. A Dra. também é Professora e cofundadora da Pós-graduação em Reprodução Humana do Instituto de Ensino e Pesquisa em Medicina Reprodutiva de São Paulo e os seus estudos ampliam consideravelmente o conhecimento sobre a saúde feminina.


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