Para especialista, acompanhamento médico preventivo e personalização de medicamentos fortalecem saúde do homem; câncer e impotência sexual são problemas mais temidos
De acordo com o levantamento divulgado pela
Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), 46% dos homens acima dos 40 anos só vão
ao médico, quando de fato sentem alguma coisa ou apresentam algum sintoma. O
percentual sobe para 58% quando selecionados apenas os entrevistados que
utilizam o Sistema Único de Saúde (SUS).
Os números mostram uma realidade que vem mudando,
mas, que ainda está longe de ser a ideal quando pensamos nos cuidados com a
saúde do homem, seja ela pela medicina preventiva ou curativa.
Para o urologista Ricardo Padua, especialista em
saúde preventiva do homem, apesar de ainda haver muita resistência por parte do
público masculino com relação aos cuidados com a própria saúde, é possível
enxergar nas novas gerações uma preocupação maior com a melhora na qualidade de
vida e com os tratamentos preventivos.
“Dentro do consultório, seja ele particular ou do
SUS, conseguimos enxergar e classificar os pacientes mais ou menos de acordo
com as suas gerações. Tenho três gerações de pacientes e posso afirmar que
tanto o comportamento quanto as preocupações são muito diferentes”, afirma o
especialista.
A pesquisa da SBU também apontou que apenas 32% dos
homens acima de 40 anos, se consideram muito preocupados com a própria saúde.
Enquanto isso, nos pacientes acima de 60 anos, esse número sobe, e, 78% dos
entrevistados declararam fazer exames a cada seis meses ou um ano.
O especialista também afirma que muito do cenário
que temos hoje com relação à saúde do homem está ligado a tradições e culturais
do brasileiro, que muda de região para região. “Quando pensamos em um paciente
mais velho, de 70 a 85 anos, encontramos um perfil mais duro, que foi criado
como um verdadeiro super-herói e por isso, não pode chorar, nem sentir dor e,
claro, não pode ir ao médico. Nessa faixa etária, 90% dos problemas estão
relacionados com a próstata e muito só procuram ajuda em um patamar já avançado
da doença”, diz.
“Em pacientes entre 45 a 65 anos, as preocupações
também estão relacionadas à próstata. Eles procuram mais o médico, mas, ainda
não estão habituados a ter um acompanhamento constante. Acho interessante ver a
geração mais nova, de 20 a 44 anos, esses já possuem uma visão mais aberta,
estão muito mais atentos à saúde e à qualidade de vida e buscam a medicina
preventiva.”
“No caso dos mais jovens as principais preocupações
estão atreladas ao desempenho sexual e hoje, também, a estética íntima. No
entanto, ainda temos muito que evoluir”, afirma.
Manipulados e prevenção
Mas para evitar problemas, a medicina preventiva
ainda é a maior aliada, mas muita gente ainda afirma não ter tempo para se
dedicar a um acompanhamento médico constante, segundo o urologista.
O apontamento de Padua é reforçado por um estudo do
Instituto Lado a Lado pela Vida, intitulado "A Saúde do Brasileiro",
realizado em parceria com o QualiBest, que mostrou que 51% dos entrevistados atribuem
a rotina estressante como o principal empecilho para cuidar melhor da saúde,
enquanto 32% disseram que o acesso à saúde é o maior problema para seguir com
os cuidados médicos.
Nesse contexto, o médico afirma que passou a
utilizar com seus pacientes ferramentas que façam com que a relação entre
médico e paciente seja cada vez mais próxima. E a tática tem dado certo.
Uma alternativa encontrada pelo médico para ajudar
o paciente a manter o tratamento é a indicação de medicamentos manipulados.
Segundo o especialista, a personalização que os manipulados permitem é uma
aliada na hora de fazer uma prescrição.
“Um paciente que não tem o costume de vir ao médico
e reclama da falta de tempo para o cuidado com a própria saúde, dificilmente
vai seguir um tratamento se eu encher ele de comprimidos. E com isso os
manipulados me ajudam muito. Além de serem eficazes, permitem personalizar o
tratamento com dosagens específicas, fazendo com que o tratamento seja muito
mais eficaz”.
Outra vantagem dos manipulados é a variedade de
formas em que os medicamentos podem ser entregues, segundo Mario Abatemarco,
farmacêutico e professor de cosmetologia, especialista do Grupo Farmácia
Artesanal, um dos maiores do setor, com mais de 100 lojas em nove estados
brasileiros e no Distrito Federal. "Para quem tem dificuldades de engolir,
algo bastante comum entre pacientes idosos, podemos oferecer os medicamentos em
formato de gomas, chocolates, trufas e xaropes. Isso colabora com a aderência
do paciente ao tratamento."
Aliado a isso, está o acolhimento no consultório.
“Entendi que para muitos homens o ato de ir ao médico é uma tortura
psicológica, porque, mesmo que não tenha nada, o ambiente do consultório já
está atrelado a uma doença. Nesse sentido, procuro fazer das minhas consultas um
bate-papo. Estou aqui para entender o que está preocupando esse paciente, o que
está tirando o sono dele, mas, de uma maneira leve, como uma conversa de
amigos”, afirma o médico.
Ricardo Pádua - médico formado pela Faculdade de Medicina de Barbacena. Fez residência em cirurgia geral no Hospital Universitário Ciências Médicas em Belo Horizonte e em urologia na Santa Casa de Belo Horizonte, o maior complexo hospitalar de Minas Gerais. É preceptor de Urologia do Hospital Santa Casa de Misericórdia, em Belo Horizonte, e do Hospital Vila da Serra, em Nova Lima. É um grande incentivador da medicina preventiva.
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