No ano passado,
foram gastos R$93,5 bilhões no varejo físico; experiência de compra é um dos
fatores que garante o sucesso
Na hora de fazer compras para a casa, há quem
não abra mão de ir à loja, pegar o produto nas mãos e experimentá-lo. Seja para
decorar um ambiente, trocar as roupas de cama ou adquirir utensílios
domésticos, provar e experienciar é essencial. Prova disso é que, segundo a
pesquisa “Estudo Mercado: Produção e Consumo de Artigos para Casa no
Brasil”, da ABCasa em parceria com
a Inteligência e Mercado, no ano passado foram gastos R$109,3 bilhões no
consumo de artigos para casa, sendo mais de 80% desse valor nas lojas
físicas.
A pesquisa mostrou ainda que, ao todo, considerando
ambientes físicos e digitais, o consumo per capita por ano com produtos desse
tipo é R$509, considerando que o Brasil possui 214 milhões de habitantes. Já o
consumo médio por domicílio chega a R$1482. Para suprir essa demanda, existem
mais de 135 mil lojas especializadas espalhadas pelo país, além de outras 103,7
mil lojas não especializadas. No varejo físico, são mais de 230 mil pontos de
venda disponíveis.
Para a consultora de negócios e especialista
em Casa e Decoração Luciana Locchi, o grande diferencial do varejo
físico é o atendimento especializado. “Funcionários prestativos e bem treinados
podem fornecer informações e assistência quando necessário. O ambiente digital
pode gerar dúvidas diversas [quanto ao tamanho do produto, tonalidade das
cores, por exemplo] e no ambiente físico, a partir de um atendimento feito por
uma pessoa conhecedora dos produtos que a marca oferta, essas questões podem
ser solucionadas. O atendimento é a melhor conversão de vendas da
loja.”
Ela explica que uma boa experiência de compra pode
levar, inclusive, à fidelização do cliente. Por sua vez, ele pode recomendar a
loja para outras pessoas, o que acarretará no aumento das vendas e da reputação
do estabelecimento. Luciana comenta também algumas estratégias que os lojistas
podem usar para que os funcionários estejam sempre prontos para cativar a
clientela. “Treine a equipe para destacar os benefícios dos produtos. Saiba
argumentar sobre como o produto gera valor para o cliente e ajude-o a ter a
visão de como ele fica no ambiente da casa. Dá para realizar demonstrações
ao vivo ou workshops, por exemplo. Isso gera conexão, conhecimento e interação
com a loja”, indica a especialista.
Uma loja atrativa é imersiva e
capaz de contar uma história
Apesar de o atendimento ser uma parte importante do
processo de venda de um produto, ele sozinho não consegue conquistar a
clientela. Luciana Locchi destaca a importância de manter um ambiente agradável
para se estar. “É preciso criar uma loja onde a pessoa tenha vontade de
circular e que em cada espaço ela possa se encantar e desejar ver mais. Uma
loja limpa, organizada e bem iluminada cria um ambiente convidativo. A loja
pode estimular os sentidos dos clientes com música agradável, fragrâncias sutis
e elementos visuais atraentes, além de oferecer ampla gama de produtos para
atender às diversas necessidades da clientela. É interessante apostar nos elementos
visuais, vitrines atrativas e iluminação adequada utilizando técnicas de visual
merchandising, pouco explorado no setor.”
“A experiência positiva de compra pode diferenciar
uma loja física da concorrência online, atraindo clientes que valorizam a experiência
presencial. Eu vejo a experiência digital como uma forma de comunicação da
marca com o cliente em que a loja está gerando a conveniência de compra.
Acredito muito que o digital vem para ser mais uma forma de estar com o
cliente, mesmo não sendo fisicamente”, opina a especialista Luciana.
Cresce o consumo dentro do
setor de Casa e Decoração
Ainda segundo a pesquisa da ABCasa, o consumo
de artigos para casa no varejo cresceu 5,3% em 2022 em relação ao ano
anterior. Para Luciana Locchi, esse crescimento aconteceu ainda por conta da pandemia do coronavírus. “Todos se viram
dentro de suas casas, um lugar seguro, de abrigo, aconchego e segurança. Então,
deixá-la mais confortável, bonita e agradável foi o que impulsionou o
crescimento”, explica.
Porém, segundo ela, isso não é tudo e é preciso
analisar outros setores relacionados à casa e decoração, como o de
imóveis, construção e comportamento, principalmente pensando nas novas
gerações. “A indústria de Casa e Decoração tem a capacidade de se
adaptar às mudanças de acordo com as preferências e necessidades dos
consumidores, o que a torna resiliente e em constante evolução. À medida que as
tendências de estilo de vida, tecnologia e design se transformam, novas
oportunidades surgem para as empresas inovarem em produtos e serviços
relacionados à casa. Pode mudar o produto ou a forma de consumir, mas
a casa sempre estará em destaque para nós”, explica.
“O lar desempenha um papel fundamental na vida das
pessoas e seu significado vai além de ser apenas um local para morar. É um
espaço onde as pessoas criam memórias, expressam sua identidade, buscam
conforto e segurança, então, muitas vezes, decoram os ambientes para refletir
gostos pessoais e estilo de vida. Portanto, a indústria de Casa e
Decoração continuará desempenhando um papel importante ao atender às
necessidades e desejos dos consumidores. Isso faz com que esse setor seja
sempre relevante e dinâmico”, finaliza a especialista.
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