Urologista
de Santos tira todas as dúvidas sobre o assunto: desde quem pode doar, até os
cuidados pós-operatórios
Os últimos meses
trouxeram à tona a importância da doação de órgãos. Seja pelo apresentador Fausto
Silva, com seu transplante de coração, ou recentemente pelo ex-BBB Marcos
Hartes, que aguarda a liberação de uma cirurgia de transplante renal. Ambos os
casos mostram como é importante a participação dos doadores.
E por falar em
transplante renal, de acordo com dados do Ministério da Saúde no Brasil, o
transplante de rim é um dos mais requisitados por aqui, representando cerca de
70% do total de transplantes de órgãos. Em números absolutos, o País ocupa a
terceira posição mundial entre os maiores transplantadores de rim.
O médico
urologista Heleno Diegues Paes explica que as maiores causas de falência renal
no Brasil e no mundo são a Hipertensão Arterial e o Diabetes Mellitus. Assim,
quando os rins não funcionam, é necessária uma terapia de substituição renal
para manter a pessoa viva. As mais conhecidas são a diálise e o transplante
renal.
“Eu diria que o
transplante renal é um tratamento complexo, multidisciplinar, realizado em
pacientes graves, ou seja, tem tudo pra dar errado, não é? Mas ainda assim é
melhor do que a hemodiálise. Os pacientes transplantados têm maior sobrevida,
têm melhor qualidade de vida e geram um menor custo de tratamento. A sobrevida
de um rim de doador falecido é em média uns 10 anos, enquanto o de um doador
vivo pode chegar até 20 anos ", diz o urologista.
Mas quem pode
doar? “Toda pessoa que entra em um programa de diálise, pode ser candidata a
transplante renal. A condição essencial é ter uma condição de saúde mínima para
sobreviver à cirurgia. A pessoa não pode ter infecções ativas e precisa de
vasos sanguíneos e bexiga em boas condições para receber o novo órgão”, afirma
Paes.
O processo de
seleção de um doador compatível passa por várias etapas. O doador vivo precisa
ter boa saúde, ter dois rins bons, não apresentar doenças que poderiam
futuramente danificar os rins e ter imuno-compatibilidade com o receptor. Para
isto, o receptor apresenta os candidatos à doação ao seu médico que fará a
avaliação e os exames necessários nestas pessoas.
“Já o doador
falecido, precisa estar comprovadamente em morte encefálica. A família
autorizando a doação, o paciente é levado ao centro cirúrgico para a extração
dos órgãos e seu condicionamento em solução de preservação. São realizados
testes de compatibilidade com os candidatos da fila de espera para verificar
quem é o próximo da fila que seja compatível com aquele doador”, esclarece o
médico.
Confirmado que o
transplante será feito, é realizada a avaliação médica inicial e exames
pré-operatórios quando houver um doador no radar. No caso de doadores vivos o
processo é calmo pois será uma cirurgia eletiva com horário agendado. Já no
caso do doador falecido, será uma cirurgia de urgência, não programada, onde o
receptor é pego de surpresa. Isso é sempre avaliado pela equipe e preparado em
poucas horas para a cirurgia.
Após a operação, o
paciente ficará internado por cerca de sete dias ou mais, onde é iniciada a
imunossupressão que será mantida por toda vida útil do novo órgão.”A pessoa
deverá evitar esforços por pelo menos 3 meses para evitar complicações da
ferida operatória. Manter higiene e bons hábitos de cuidados pessoais ajudarão
a minimizar o risco de infecções oportunistas”, orienta Paes.
O fato é que um
transplante de rim requer muitos cuidados. As complicações podem ser precoces,
inerentes a cirurgia que acabara de ser realizada, ou mais tardias. A rejeição
do órgão é algo que pode ocorrer em qualquer fase do tratamento. Dentre as
complicações precoces, o Dr. Heleno Paes cita as fístulas ou vazamentos
urinários, sangramentos, hérnias incisionais, problemas vasculares. Dentre as
tardias, temos aquelas mais ligadas a imunossupressão como as infecções,
surgimento de tumores e a rejeição crônica.
E mesmo com toda
monitoração da função renal que é feita após a cirurgia, com exames de sangue,
controle de efeitos indesejados dos remédios usados na imunossupressão,
tratamento de infecções e controle de doenças crônicas, é importante que o
paciente tenha cuidados redobrados com a saúde, mantendo o peso corporal, uma
rotina de exercícios, dieta equilibrada e uma boa hidratação.
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