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terça-feira, 10 de outubro de 2023

70% dos transplantes de órgãos no Brasil são de rim

Urologista de Santos tira todas as dúvidas sobre o assunto: desde quem pode doar, até os cuidados pós-operatórios



Os últimos meses trouxeram à tona a importância da doação de órgãos. Seja pelo apresentador Fausto Silva, com seu transplante de coração, ou recentemente pelo ex-BBB Marcos Hartes, que aguarda a liberação de uma cirurgia de transplante renal. Ambos os casos mostram como é importante a participação dos doadores.

 

E por falar em transplante renal, de acordo com dados do Ministério da Saúde no Brasil, o transplante de rim é um dos mais requisitados por aqui, representando cerca de 70% do total de transplantes de órgãos. Em números absolutos, o País ocupa a terceira posição mundial entre os maiores transplantadores de rim.

 

O médico urologista Heleno Diegues Paes explica que as maiores causas de falência renal no Brasil e no mundo são a Hipertensão Arterial e o Diabetes Mellitus. Assim, quando os rins não funcionam, é necessária uma terapia de substituição renal para manter a pessoa viva. As mais conhecidas são a diálise e o transplante renal.

 

“Eu diria que o transplante renal é um tratamento complexo, multidisciplinar, realizado em pacientes graves, ou seja, tem tudo pra dar errado, não é? Mas ainda assim é melhor do que a hemodiálise. Os pacientes transplantados têm maior sobrevida, têm melhor qualidade de vida e geram um menor custo de tratamento. A sobrevida de um rim de doador falecido é em média uns 10 anos, enquanto o de um doador vivo pode chegar até 20 anos ", diz o urologista.

 

Mas quem pode doar? “Toda pessoa que entra em um programa de diálise, pode ser candidata a transplante renal. A condição essencial é ter uma condição de saúde mínima para sobreviver à cirurgia. A pessoa não pode ter infecções ativas e precisa de vasos sanguíneos e bexiga em boas condições para receber o novo órgão”, afirma Paes.

 

O processo de seleção de um doador compatível passa por várias etapas. O doador vivo precisa ter boa saúde, ter dois rins bons, não apresentar doenças que poderiam futuramente danificar os rins e ter imuno-compatibilidade com o receptor. Para isto, o receptor apresenta os candidatos à doação ao seu médico que fará a avaliação e os exames necessários nestas pessoas.

 

“Já o doador falecido, precisa estar comprovadamente em morte encefálica. A família autorizando a doação, o paciente é levado ao centro cirúrgico para a extração dos órgãos e seu condicionamento em solução de preservação. São realizados testes de compatibilidade com os candidatos da fila de espera para verificar quem é o próximo da fila que seja compatível com aquele doador”, esclarece o médico.

 

Confirmado que o transplante será feito, é realizada a avaliação médica inicial e exames pré-operatórios quando houver um doador no radar. No caso de doadores vivos o processo é calmo pois será uma cirurgia eletiva com horário agendado. Já no caso do doador falecido, será uma cirurgia de urgência, não programada, onde o receptor é pego de surpresa. Isso é sempre avaliado pela equipe e preparado em poucas horas para a cirurgia.

 

Após a operação, o paciente ficará internado por cerca de sete dias ou mais, onde é iniciada a imunossupressão que será mantida por toda vida útil do novo órgão.”A pessoa deverá evitar esforços por pelo menos 3 meses para evitar complicações da ferida operatória. Manter higiene e bons hábitos de cuidados pessoais ajudarão a minimizar o risco de infecções oportunistas”, orienta Paes.

 

O fato é que um transplante de rim requer muitos cuidados. As complicações podem ser precoces, inerentes a cirurgia que acabara de ser realizada, ou mais tardias. A rejeição do órgão é algo que pode ocorrer em qualquer fase do tratamento. Dentre as complicações precoces, o Dr. Heleno Paes cita as fístulas ou vazamentos urinários, sangramentos, hérnias incisionais, problemas vasculares. Dentre as tardias, temos aquelas mais ligadas a imunossupressão como as infecções, surgimento de tumores e a rejeição crônica.

 

E mesmo com toda monitoração da função renal que é feita após a cirurgia, com exames de sangue, controle de efeitos indesejados dos remédios usados na imunossupressão, tratamento de infecções e controle de doenças crônicas, é importante que o paciente tenha cuidados redobrados com a saúde, mantendo o peso corporal, uma rotina de exercícios, dieta equilibrada e uma boa hidratação.

 

 

 

Heleno Paes - Santista de nascimento e criação, começou a se interessar pela medicina no final do ensino médio, quando precisou socorrer um amigo com cólica renal. Posteriormente esteve em uma excursão promovida pela escola para ajudar os estudantes a escolher a profissão, e conheceu a faculdade de medicina da USP. Ficou maravilhado com o estudo do corpo humano, com as peças do laboratório de patologia, e decidiu que era isso que queria fazer. Assim, ingressou na Faculdade de Medicina do Centro Universitário Lusíada, em Santos, em 1997. Após seis anos, concluiu a graduação e se alistou no Exército. Foi para a Amazônia à serviço do Exército e realizou diversos trabalhos junto à população carente local. Após um ano, regressou e foi morar em São Paulo, onde se especializou em cirurgia geral no Hospital Municipal do Tatuapé, depois em Urologia no Hospital Santa Marcelina e, por fim, em Transplante Renal na mesma instituição. Nesse período, fez cursos em microcirurgia, videolaparoscopia e outros relevantes para sua formação. Atualmente, atua como médico assistente das subespecialidades Uro-oncologia e Transplante Renal do Hospital Santa Marcelina, o maior hospital da Zona Leste de São Paulo. É também preceptor do internato médico e da residência médica e dá aulas na Faculdade de Medicina Santa Marcelina. Em Santos, pratica a medicina em seu consultório, onde dedica todos os esforços e conhecimento para cuidar de seus pacientes.


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