Especialista
explica a importância do diagnóstico e do acompanhamento para a qualidade de
vida do neuroatípico
É considerado como neurodivergente qualquer pessoas
que, por algum motivo, possua um desenvolvimento neurológico específico, ou
seja, diferente do que é considerado “típico” dentro das individualidades de
cada um. Neste grupo, podem se encaixar indivíduos que possuem transtorno do
déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), transtorno do espectro autista
(TEA), dislexia, dispraxia, síndrome de tourette, entre outros.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU),
cerca de 1% da população mundial, equivalente a 80 milhões de pessoas, podem
ser autistas. Em pesquisa da Universidade de Stanford, de 2022, cerca de 15% a
20% da população mundial é neurodiversa.
Dentro disso, o conceito de neurodiversidade é
utilizado para abarcar todas as pessoas com neurodivergência e dialogar
socialmente pela inclusão. “O fator mais importante para o diagnóstico dessas
condições é compreender que elas se manifestam de formas diferentes em cada pessoa.
Embora seja preciso identificar os sintomas, é preciso fugir do estigma para
poder reconhecer a diversidade que está presente nessas condições”, comenta
Edson Issamu, neurologista na Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
Issamu também reforça que o diagnóstico não vem
acompanhado de uma busca por uma cura e sim, do reconhecimento do indivíduo,
acompanhado por adaptações e aceitação de si mesmo, além do acompanhamento
multiprofissional para garantir a qualidade de vida do neuroatípico.
Outro desafio na neurodiversidade é o diagnóstico
tardio, especialmente em mulheres. “Com o diálogo maior sobre o tema, muitas
pessoas descobrem na vida adulta que possuem alguma neurodivergência, tanto
porque não se conversava amplamente sobre o assunto quanto pelo comportamento
dos indivíduos de mascarar os traços neuroatípicos para obter mais aceitação
socialmente”, complementa o neurologista.
Neurodiversidade na infância
O diálogo sobre a diversidade é essencial para a
descoberta de neurodivergências na infância, tanto que a incidência do
Transtorno do Espectro Autista (TEA) é cada vez mais frequente no Brasil.
Uma pesquisa realizada a cada dois anos, nos
Estados Unidos, pelo Centro de Controle de Prevenção e Doenças (CDC) em 2020,
apontou que uma em cada 36 crianças, de até oito anos, são autistas no país.
“O que pode estar por trás da maior incidência da
condição vai desde a melhora na forma de diagnóstico do autismo, na presença de
mais médicos especializados no assunto e até a vida movimentada e estressante
que vivemos hoje, com hábitos alimentares e sono inadequados”, explica Issamu.
Além disso, segundo a Associação Brasileira do
Déficit de Atenção (ABDA), o transtorno de déficit de atenção com
hiperatividade (TDAH) atinge de 3% a 5% da população mais jovem no mundo. No
entanto, só a partir de 1992 o TDAH passou a ser considerado um transtorno pelo
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), o que significa
que a população jovem da época está na vida adulta agora.
Logo, ainda é preciso compreender mais como o TDAH
e outras condições se manifestam em adultos. “A conversa sobre a
neurodiversidade pode fazer com que mais diagnósticos sejam feitos, porém, isso
não necessariamente irá significar que os casos estão aumentando, mas que já
existiam e estão sendo detectados de forma mais eficaz”, finaliza Issamu.
Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo
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