Pesquisar no Blog

terça-feira, 10 de outubro de 2023

Quais os desafios da neurodiversidade?

Especialista explica a importância do diagnóstico e do acompanhamento para a qualidade de vida do neuroatípico

 

É considerado como neurodivergente qualquer pessoas que, por algum motivo, possua um desenvolvimento neurológico específico, ou seja, diferente do que é considerado “típico” dentro das individualidades de cada um. Neste grupo, podem se encaixar indivíduos que possuem transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), transtorno do espectro autista (TEA), dislexia, dispraxia, síndrome de tourette, entre outros. 

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 1% da população mundial, equivalente a 80 milhões de pessoas, podem ser autistas. Em pesquisa da Universidade de Stanford, de 2022, cerca de 15% a 20% da população mundial é neurodiversa.

Dentro disso, o conceito de neurodiversidade é utilizado para abarcar todas as pessoas com neurodivergência e dialogar socialmente pela inclusão. “O fator mais importante para o diagnóstico dessas condições é compreender que elas se manifestam de formas diferentes em cada pessoa. Embora seja preciso identificar os sintomas, é preciso fugir do estigma para poder reconhecer a diversidade que está presente nessas condições”, comenta Edson Issamu, neurologista na Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.

Issamu também reforça que o diagnóstico não vem acompanhado de uma busca por uma cura e sim, do reconhecimento do indivíduo, acompanhado por adaptações e aceitação de si mesmo, além do acompanhamento multiprofissional para garantir a qualidade de vida do neuroatípico.  

Outro desafio na neurodiversidade é o diagnóstico tardio, especialmente em mulheres. “Com o diálogo maior sobre o tema, muitas pessoas descobrem na vida adulta que possuem alguma neurodivergência, tanto porque não se conversava amplamente sobre o assunto quanto pelo comportamento dos indivíduos de mascarar os traços neuroatípicos para obter mais aceitação socialmente”, complementa o neurologista.


Neurodiversidade na infância

O diálogo sobre a diversidade é essencial para a descoberta de neurodivergências na infância, tanto que a incidência do Transtorno do Espectro Autista (TEA) é cada vez mais frequente no Brasil. 

Uma pesquisa realizada a cada dois anos, nos Estados Unidos, pelo Centro de Controle de Prevenção e Doenças (CDC) em 2020, apontou que uma em cada 36 crianças, de até oito anos, são autistas no país.

“O que pode estar por trás da maior incidência da condição vai desde a melhora na forma de diagnóstico do autismo, na presença de mais médicos especializados no assunto e até a vida movimentada e estressante que vivemos hoje, com hábitos alimentares e sono inadequados”, explica Issamu.

Além disso, segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) atinge de 3% a 5% da população mais jovem no mundo. No entanto, só a partir de 1992 o TDAH passou a ser considerado um transtorno pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), o que significa que a população jovem da época está na vida adulta agora.

Logo, ainda é preciso compreender mais como o TDAH e outras condições se manifestam em adultos. “A conversa sobre a neurodiversidade pode fazer com que mais diagnósticos sejam feitos, porém, isso não necessariamente irá significar que os casos estão aumentando, mas que já existiam e estão sendo detectados de forma mais eficaz”, finaliza Issamu. 

 

Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Posts mais acessados