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Pedagoga compartilha caminho que deve ser construído dentro da escola para combater desafio contemporâneo.
Pelo menos um quarto dos adolescentes brasileiros
afirmam sofrer bullying na escola. A constatação é da última edição da Pesquisa
Nacional de Saúde Escolas (PeNSE
2019), que entrevistou alunos do
7º ano do ensino fundamental ao 3º ano do médio. O estudo, realizado pelo IBGE,
apurou que 23% dos jovens se sentiram humilhados pelos colegas nos últimos 30
dias antes da entrevista. E ainda que 13,2% deles se sentiram ameaçados,
ofendidos ou humilhados nas redes sociais, ou aplicativos.
Dia 20 de outubro é considerado o Dia Mundial de
Combate ao Bullying. E para colaborar com a reflexão que a data oportuniza,
Miriam Sales, Coordenadora Pedagógico da Mind Lab, referência no
desenvolvimento de habilidades socioemocionais na educação pública, reflete
sobre os caminhos que a escola precisa seguir para construir bases sólidas
contra a ocorrência de bullying entre seus alunos:
1. Entender o que é bullying e
cyberbullying
Ao entrar para o vocabulário cotidiano, é comum
que uma palavra se desgaste e as pessoas esqueçam seu verdadeiro sentido. Por
isso, o primeiro degrau rumo ao nosso objetivo de erradicar o bullying é
entender exatamente o que ele é. Essa definição será importante, também, no
trabalho com os alunos. Por isso, vamos definir o bullying e sua variação
virtual:
Bullying: forma de agressão praticada por um ou
mais estudantes contra outro(s), de maneira intencional e repetidamente, sem
motivação evidente, causando dor e angústia. Geralmente envolve uma relação
desigual de poder.
Ciberbullying: prática do bullying no ambiente
virtual, com violência contra a dignidade do outro, com alcance ampliado pela
capacidade de propagação nas redes virtuais.
2. Conscientizar a equipe escolar sobre o
tema bullying
Um professor pode fazer um excelente trabalho com
sua turma. O bullying, porém, costuma ser um problema estrutural. E a melhor
forma de atacá-lo, portanto, é num amplo projeto pedagógico de toda a escola,
que inclua a formação de valores, dinâmicas de ensino e de aprendizagem mais
colaborativas, estímulo à solidariedade e criação de canais mais efetivos de
comunicação entre professores e alunos. Leve a questão para uma reunião da
equipe pedagógica e proponha uma abordagem ampla em toda a escola.
3. Trabalhar valores
Um passo fundamental para combater o bullying é
desenvolver a empatia por meio do ensino de valores essenciais para a
convivência, como respeito, amizade e solidariedade. A sua escola pode escolher
os valores que identifica como mais importantes e estruturar o trabalho de cada
valor por bimestre. Uma ideia para iniciar o trabalho do respeito, por exemplo,
pode ser a distribuição de folhas para todos os participantes da comunidade
escolar – funcionários, professores, alunos, gestores e familiares – com a
seguinte frase: “Eu me sinto desrespeitado quando…”. Peça que cada um complete
essa frase. O resultado pode ser colado pelas paredes da escola, como num
grande mural de atitudes a serem combatidas. Essa atividade é um excelente
ponto de partida para identificar o sentimento da comunidade e dar o passo para
o quarto degrau.
4. Criar projetos interdisciplinares
Os valores, em geral, são temas transversais que
podem resultar em excelentes projetos interdisciplinares que envolvam
professores das diferentes disciplinas. Abuse da criatividade e da capacidade
de trabalhar em grupo para criar projetos que ajudem no trabalho dos valores,
ao mesmo tempo que integram os conteúdos da grade e desenvolvem habilidades e
competências previstas pela Base Nacional Comum Curricular, a BNCC.
5. Dar espaço para os alunos falarem
Muitas vezes, a violência é uma forma de
manifestação que nasce do sentimento de impotência. Os alunos querem ter espaço
para se colocar e para serem ouvidos. Pense em formas de dar vazão a essa
necessidade. Pode ser por meio da organização de grêmios estudantis, ou de um
grande conselho de representantes de classe que se reúna uma vez por mês, por
exemplo, no qual eles possam trazer as dificuldades e angústias de suas turmas.
Além de abrir o canal de comunicação, é uma ótima maneira de difundir a ideia
de participação democrática.
6. Interferir individualmente em casos
concretos
Todo o trabalho institucional é importante para acabar com o bullying de maneira estrutural, mas isso não significa que problemas pontuais devam ser colocados de lado ou ignorados. Se você identificar um caso de bullying em curso, chame os envolvidos para conversar. Pontue como as atitudes estão atingindo de forma violenta as vítimas e converse com os agressores. Ouça o que eles têm a dizer e mostre como e por que estão agindo de forma errada.
Miriam Sales - atua na formação de equipes de atendimento às redes pública e privada da Mind Lab. É formada em pedagogia, com ênfase em treinamento e desenvolvimento, pós-graduada em docência e performance na educação a distância e estudante e pesquisadora sobre a importância das neurociências para o fazer docente.
Mind Lab
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