Olhar para os outros players do mesmo segmento e suas práticas adotadas é uma ação corriqueira de todos empresários ou executivos que exercem cargos de alta liderança, na busca por estudá-los e analisar quais estratégias incorporar para diferenciar seu negócio no mercado competitivo que temos. Dentre as estratégias que mais costumam ser investidas nesse plano, muito vem se observando da contratação de executivos dos concorrentes, seja por sua posição chave no mercado, ampla experiência, menor curva de adaptação ou acesso a informações valiosas do adversário. Mas, até que ponto vale a pena optar pelo “roubo” deste profissional, ao invés de buscar por um outro qualificado?
Via de regra, um bom recrutamento deve conter três
características fundamentais para sua eficácia: conhecimento técnico demandado
para a vaga em questão, perfil comportamental que vá ao encontro do esperado
para suas responsabilidades, e o fit cultural com a contratante. Ao contratar
um novo executivo que venha do concorrente ou com passagem anterior dentro do
mesmo segmento, o pilar técnico não costuma ser um problema, uma vez costumam
ter plena experiência na área de atuação para desempenhar a função estipulada.
Mas, se tratando de seu match com a cultura organizacional,
este pode ser um tema delicado a ser analisado, capaz de influenciar em
diversos fatores para sua adaptação e, consequentemente, no desempenho.
Ao buscar por um executivo do concorrente, todos os
prós e contras devem ser levados em consideração por aqueles que consideram
esta opção. Por um lado, sua curva de adaptação ao negócio será
significativamente menor, uma vez que já estará inserido naquele segmento e,
dessa forma, habituado a lidar com as especificidades do setor. A economia de
tempo por ser um perfil plug’n play, ou seja, “que chega jogando”, é uma vantagem
enorme, o que acaba por diminuir a necessidade de treinamentos para prepará-lo
à nova rotina – isso, desde que a companhia esteja atenta se os valores dele
combinam e são condizentes aos da contratante.
Para aquelas que desejam expandir sua carteira de
clientes, trazer um executivo de dentro da área comercial do concorrente também
é bastante estratégico para essa missão, uma vez que ele já terá um networking
fomentado ao longo de sua carreira, conhecendo os tomadores de decisão de
compradores do setor em questão. Entretanto, é preciso verificar se o
profissional não assinou algum tipo de acordo não competição (non compete) com
a empresa anterior, de forma que o impeça de aceitar uma posição em um negócio
do mesmo ramo ou que compartilhe as informações confidenciais internas.
Qualquer descumprimento deste acordo poderá acarretar “multas financeiras” e
danos para sua reputação. E, em caso de descomprimento de algum acordo de
confidencialidade de informações estratégicas, o obrigando a responder até mesmo
legalmente por seus atos.
Grande parte das admissões de alto escalão
realizadas ultimamente foram motivadas por substituições. Aquelas que se
encontram nesse momento precisam ponderar todos esses fatores para identificar
se contratar um executivo do concorrente é ou não a melhor escolha para suas
necessidades, se questionando, acima de tudo, o que esperam com a chegada deste
novo profissional.
Se a companhia está com alguma demanda urgente e
precisa de alguém que já tenha uma experiência consolidada no ramo, e que
consiga se adaptar ao novo cenário com maior rapidez e inteligência para
identificar oportunidades de melhoria, então buscar um executivo do concorrente
ou com experiência passada no mesmo segmento pode trazer grandes chances de
assertividade. Por sua vez, se querem algo inovador, diferenciado, e alguém com
uma “mente mais fresca”, talvez contratar alguém de fora possa contribuir para
um olhar mais disruptivo e que traga mudanças positivas à organização.
É preciso avaliar o grau de complexidade do
negócio, como esse profissional trará o conhecimento necessário para alavancar
a empresa em seu setor e, especialmente, se preocupar em estabelecer ações
promovam uma fácil adatapção a nova cultura organizacional e que retenham esse
talento internamente – através de cuidados que passam desde esse match
inicial com a cultura organizacional, ao estabelecimento de políticas de
incentivo a longo prazo e de retenção pela longevidade a ser construída, com
avenidas de crescimento e de aumento de responsabilidade com o tempo.
Entenda o que fez com que esse executivo tenha
aceitado a chance de integrar seu negócio e tenha ciência do que ele espera no
novo posto, garantindo que isso não se perca ou pare de fazer sentido. Todas
essas avaliações farão toda a diferença para que a chegada deste novo talento
seja a mais fluída possível, trazendo boas práticas do segmento e alavanquem a
marca e tragam resultados cada vez melhores.
Jordano Rischter - sócio da Wide, consultoria boutique de recrutamento e seleção.
Wide
https://wide.works/
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