Estudo revela que os resultados podem chegar a 94% de precisão nas lesões tratadas
O avanço da tecnologia tem proporcionado
diagnósticos mais precisos e tratamentos mais eficazes. Um exemplo disso é a
neuronavegação, uma série de técnicas que auxiliam os neurocirurgiões a
encontrar diversas patologias no cérebro, por meio de exames de imagem feitos
antes da cirurgia. “A ideia é ir direto ao ponto na doença, de forma a causar o
mínimo de dano nos tecidos saudáveis adjacentes”, explica Feres Chaddad Neto,
neurocirurgião da BP – A Beneficência de São Paulo.
A técnica auxilia na realização de
biópsias ou ressecção (retirada total ou parcial de um órgão/tecido) de lesões
do sistema nervoso central por meio de imagens pré-operatórias, como
ressonância magnética e tomografias computadorizadas. O neuronavegador funciona
como uma espécie de sistema GPS, e possui basicamente duas estruturas: um
monitor, alimentado por imagens do paciente, e um probe – material que se
assemelha a uma caneta grande, conectado em pequenas esferas.
No momento do procedimento, o material é
posicionado em postos-chave do crânio do paciente, como a ponta da mastoide
(parte da lateral e base do crânio) ou o epicanto dos olhos (pele da pálpebra
superior). Em seguida, são sincronizados com os mesmos pontos no exame de
imagem. Após esta etapa, em qualquer ponto da superfície craniana em que o
probe for posicionado, é possível obter uma projeção com profundidade em 3D no
monitor. “A taxa de erro nessa representação é menor do que 3 milímetros, ou
seja, é fundamental para realizarmos o acesso cirúrgico mais adequado,
respeitando os limites da lesão”, afirma Chaddad.
A capacidade de projetar em tempo real um ponto da superfície do crânio na profundidade do encéfalo soluciona dois desafios na neurocirurgia. Primeiro, a anatomia, que pode variar de indivíduo para indivíduo. Segundo, as lesões cerebrais, principalmente os tumores, que podem provocar grandes alterações anatômicas, desviando-se e invadindo estruturas neurovasculares importantes e sensíveis, que não devem ser afetadas para evitar complicações inesperadas e sequelas permanentes.
Um estudo recente, chamado “Evolução da Neuronavegação na Cirurgia
de Glioma” (o tipo mais comum de tumor intracraniano originado no sistema
nervoso central), publicado em uma revista científica internacional, avaliou 35
pacientes internados para realização de biópsias assistidas por neuronavegação.
Foi constatado um resultado de mais de 94% de acurácia na execução do
procedimento. Apenas 5,7% das pessoas que apresentaram pequenos sangramentos
pós-operatórios tinham problemas hepáticos, uma condição conhecida por aumentar
o risco de hemorragia.
BP –Beneficência Portuguesa de São
Paulo
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