Saiba as diferenças sobre esses
sentimentos que atingem as mães nos primeiros dias de nascimento do bebê
Para a cultura ocidental, a maternidade é o ápice
na vida de uma mulher, mas, para muitas delas, o sentimento maternal é colocado
à prova com a chegada de um filho. Para o professor do curso de Psiquiatria do
Centro Universitário São Camilo, Alfredo Simonetti, é comum confundir o blues
puerperal com a depressão pós-parto e ele explica a diferença entre esses dois
sentimentos.
O blues puerperal acontece logo após os 15
primeiros dias de maternidade. Trata-se de um período de adaptação e
praticamente toda mulher que tem um filho o conhece. Ele causa sintomas que em
um primeiro momento podem ser confundidos com depressão, porém é um sentimento
passageiro e geralmente vem com a privação de sono e o desgaste físico e também
é alternado entre o sentimento de encanto pelo filho e o desespero de ter que
ser uma mãe perfeita.
“A depressão pós-parto é aquela que aparece cerca
de três meses após o nascimento do bebê. São sintomas fortes, como a tristeza
extrema, desesperança e preocupação de não ter condições de cuidar do filho”,
afirmou. Segundo ele, as mulheres com depressão pós-parto se sentem muito mal
por não estarem felizes nesse momento, o que pode causar problemas psicológicos
e físicos.
O professor de Psiquiatria explica que nos dias
seguintes após o parto, o corpo da mulher sofre uma redução hormonal de 200
vezes no nível da progesterona, substância responsável pelas funções do
aparelho reprodutivo. “O corpo não consegue passar por essa mudança em nenhum
outro momento da vida, além disso, do ponto de vista psicológico e social há
muitas diferenças. Até no momento da gravidez a gestante era o centro das
atenções e, no dia seguinte ao parto, o isso passa para o bebê e ela é cobrada
pela sociedade por um alto desempenho no cuidado com esse novo ser, podendo se
sentir incapaz de cumprir essa missão, sem poder inclusive falar sobre isso”,
explicou.
Essa tempestade de sentimentos e de hormônios
causada pela depressão pós-parto pode interferir também no relacionamento entre
a mãe com o filho, podendo afetar o desenvolvimento emocional e cognitivo da
criança, e também com familiares e parceiro. Além disso, tem a possibilidade de
desenvolver depressão crônica a longo prazo, afetando a sua capacidade de
cuidar do bebê e de si mesma e negligenciando a sua saúde e a do recém-nascido.
“O período de pós-parto de uma mulher é onde ela tem mais risco de desenvolver
doença mental ou aparecer a primeira crise de alguma paciente que já desenvolve
transtorno bipolar ou esquizofrenia”, disse Simonetti.
O tratamento é feito com um antidepressivo que
diminui os sintomas entre três e quatro semanas e com terapia, entretanto, um
novo medicamento chamado Zuranalona, que está em fase avançada de estudos nos
Estados Unidos, promete diminuir os sintomas da depressão em 14 dias
após o início do tratamento. A medicação ainda não tem previsão para chegar no
Brasil, país onde a depressão pós/parto afeta 25% das mães de recém-nascidos,
segundo dados da Fiocruz.
Apesar da expectativa com o tratamento, o professor
Simonetti alerta que é preciso esperar um prazo para confirmar a eficácia do
medicamento. “Este remédio seria muito bem vindo por apresentar uma resposta
mais rápida, mas é preciso ver a longo prazo se isso se confirma. Esses estudos
precisam ser replicados”, afirmou.
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