Habilidade ganha
relevância ao criar ambiente aberto e seguro para trocar ideias, promovendo o
crescimento na vida pessoal e profissional
Como a empatia pode transformar as desafiadoras
relações interpessoais do mundo contemporâneo? Por que essa capacidade está no
topo da lista das capacidades de pessoas emocionalmente inteligentes? Qual a
correlação do desenvolvimento desta competência com as ferramentas corporativas
utilizadas por líderes e colaboradores de sucesso? Como as opiniões empáticas
podem se tornar aliadas do negócio e promover a construção de uma convivência
mais harmônica?
De acordo com o psicólogo norte-americano Daniel
Goleman, a empatia é um dos pilares da inteligência emocional, fundamentada na
capacidade de compreender e considerar os sentimentos dos outros, para além das
palavras. O autor do best seller “Inteligência Emocional”
acredita que essa percepção é a essência da comunicação em todas as estâncias
dos relacionamentos, seja no ambiente organizacional ou pessoal, criando um
espaço aberto e seguro para trocar ideias, experiências e sentimentos, com
isenção dos julgamentos.
O CEO, board advisor e headhunter da Prime Talent,
David Braga, ressalta que a empatia desempenha um papel fundamental na
expressão de opiniões, de forma construtiva e respeitosa. “Antes de expressar
uma opinião, ouça com atenção as perspectivas dos outros. Demonstrar interesse
genuíno pelo que os outros têm a dizer ajudará a estabelecer uma base empática
para que as pessoas possam compartilhar ideias”, orienta.
A pesquisadora e professora na Universidade de
Houston, Brené Brown, defende quatro qualidades para a empatia: assumir a
perspectiva do outro, reconhecer a emoção nos outros, comunicar essa emoção e
se afastar dos julgamentos. Reconhecida por falar e escrever sobre empatia, ela
define essa habilidade como o “sentir com as pessoas”, criando uma conexão a
partir da identificação com a dor do outro.
“Se colocar no lugar da outra pessoa e tentar
compreender suas motivações, experiências e crenças é essencial”, assinala
David Braga. “Ao expressar sua opinião com empatia, você tem mais chances de
promover um ambiente de diálogo respeitoso e construtivo, onde todos se sintam
valorizados e ouvidos”, reforça. Essas atitudes, de acordo com o headhunter,
além de motivar a compreensão mútua, criam oportunidades de encontrar soluções
e pontos de vista comuns.
Crise de empatia gera
conflitos
Nos últimos oito anos, os dados do State of
Workplace Empathy Report/Businessolver atestaram que a empatia é fundamental
para o engajamento, a cultura e o sucesso organizacional dos colaboradores e
gestores. No entanto, a pesquisa de 2023 apontou o crescimento de uma lacuna na
aplicação dessa habilidade nos ambientes corporativos, alertando para uma crise
de empatia profissional.
Os resultados demonstraram que, para 68% dos
profissionais de RH, o CEO é empático – uma queda de 16 pontos em relação a
2022. Por outro lado, 92% dos CEOs consideram os profissionais de RH
empáticos – um salto de 27 pontos no comparativo com 2022. Em relação aos
colaboradores, os líderes têm uma percepção de 78% de empatia – outra queda de
16 pontos.
“Algumas pessoas podem não estar abertas a
diferentes pontos de vista, reagindo negativamente quando confrontadas com
ideias contrárias às suas”, assinala o CEO da Prime Talent, chamando a atenção
para conflitos, críticas e até mesmo o isolamento social, dependendo do
contexto pessoal ou profissional. “Se você está em um ambiente onde as pessoas
têm visões polarizadas, os confrontos tendem a ser intensos. Por isso, é muito
importante analisar o momento certo de dar a sua opinião”, alerta.
Embora os riscos sejam inerentes, a liberdade de
expressão é um direito fundamental. Nessa perspectiva, David Braga destaca a
importância do equilíbrio consciente entre a empatia e as opiniões nas diversas
relações. “Busque sempre se expressar por meio de um diálogo aberto e
respeitoso, considerando que, assim como você tem suas próprias opiniões, as
outras pessoas também terão”, conclui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário